Estado e Prefeitura assinam cooperação para restaurar escultura "Musa Impassível", de Brecheret



Obra está sobre o túmulo da poetisa Francisca Júlia da Silva, no cemitério Araçá. Réplica em bronze será colocada no local

A "Musa Impassível", escultura de Victor Brecheret em homenagem a poetisa Francisca Júlia da Silva, será restaurada pelo Estado. A obra esculpida em mármore Carrara, com 2,80 metros de altura e cerca de três toneladas de peso, está sobre o túmulo da poetisa no cemitério municipal do Araçá, região central da cidade.

A escultura está se degradando porque o local onde foi colocada é de difícil acesso, o que dificulta sua manutenção. Para restaurá-la e preservar o trabalho de relevância histórica e cultural do artista plástico, a obra será levada à Pinacoteca do Estado.

Um termo de cooperação nesse sentido foi assinado entre o governo do Estado, a prefeitura da capital, a Empresa Municipal de Urbanização (Emurb) e a Organização Social Amigos da Pinacoteca.

A obra de Brecheret fará parte do acervo da Pinacoteca, que será responsável pelo registro, restauração, manutenção e exposição dela.

O termo de cooperação prevê que a prefeitura de São Paulo faça o traslado da escultura, sob guarda da Emurb, além de realizar o levantamento histórico sobre a vida e obras dos artistas, Brecheret e Francisca Júlia. A prefeitura vai arcar, também, com a restauração do túmulo da poetisa e a confecção de uma placa em bronze para colocação imediata no cemitério, assim que a obra original for retirada do local.

Fica a cargo da Organização Social Amigos da Pinacoteca o tratamento museológico adequado para o restauro da "Musa Impassível", manutenção e preservação nas dependências da Pinacoteca, além de confeccionar uma réplica em bronze da obra de arte que será colocada no túmulo de Francisca. A Organização Social se responsabilizará também pelo acervo histórico e áudio visual produzido em memória da poetisa e do escultor.

Poetisa

Francisca Júlia da Silva, nascida em agosto de 1871, em Xiririca, atual Eldorado, no Vale do Ribeira, em São Paulo, foi, ao lado de Júlia Lopes de Almeida, uma das precursoras da literatura feminina no Brasil. Ela consagrou-se na capital paulista, onde mudou-se com a família ainda menina. Francisca foi colaboradora dos jornais "O Estado de São Paulo", "Correio Paulistano", "Diário Popular", além dos periódicos cariocas "O Álbum" e a "Semana".

A poetisa morreu em novembro de 1920, aos 49 anos, no auge da carreira literária. Entre os seus admiradores encontrava-se José Freitas Valle, um dos fundadores da Pinacoteca do Estado. Menos de uma semana após o sepultamento de Francisca, Valle apresentou o projeto para erguer um túmulo em memória da escritora. Um mês depois, em 31 de dezembro, o presidente de Estado Washington Luís sancionou a Lei 1776, autorizando a construção do monumento, inaugurado em 1925.

Aclamada por Olavo Bilac, Coelho Neto, Vicente de Carvalho e João Ribeiro desde o lançamento de "Mármores", seu primeiro livro de sonetos (1895), a poetisa é hoje pouco conhecida e raramente citada nos cursos de literatura.

A escultura fez jus à poetisa e ao cinzel, instrumento de aço usado pelo escultor, como escreveu o também poeta e jornalista Menotti Del Picch

09/09/2006


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