Estado ensinará 20 mil crianças doentes em hospitais neste ano
Secretaria de Estado da Educação atende crianças que não podem sair dos hospitais devido a internação
Uma parceria entre as Secretarias de Estado da Educação e da Saúde torna possível a alunos da rede estadual de ensino continuar os estudos mesmo em uma cama de hospital. É o projeto Classes Hospitalares, que em 2008 vai ampliar de 18 mil para 20 mil atendimentos.
O projeto abrange hoje principalmente quatro grandes hospitais da Capital: Hospital Infantil Darcy Vargas, Hospital do Servidor Público Estadual, Hospital das Clínicas e Emílio Ribas. Por mês, atende em média 1,5 mil estudantes, com idades entre 6 e 17 anos.
Os responsáveis pelas aulas são 21 professores da rede estadual capacitados para lidar com crianças na luta diária contra câncer, anemia falciforme, doenças renais, hepáticas, respiratórias, psiquiátricas, infecto-contagiosas e cardíacas, além de traumatismos.
Enfrentar a dor, reconhecer os limites impostos pela doença e motivar os alunos-pacientes são tarefas difíceis para esses professores. À exceção de casos crônicos e mais graves, a média de permanência dos alunos no Programa Classes Hospitalares é de um mês, tempo que o professor oferece os conteúdos das aulas com o objetivo de garantir a manutenção do vínculo do aluno com a escola além de preparar sua reintegração nela.
O professor que dá aulas em hospitais deve estar capacitado para trabalhar com a diversidade humana e com as diferentes vivências culturais, identificando as necessidades educacionais especiais dos educandos impedidos de freqüentar a escola. Deverá ter formação pedagógica em Educação Especial ou em cursos de Pedagogia com Licenciatura Plena, e ter noções sobre as doenças e condições psicossociais vivenciadas pelos educandos e as características delas decorrentes, do ponto de vista clínico e afetivo.
Compete a esse professor adequar e adaptar o ambiente às atividades e aos materiais diários, planejar o dia-a-dia da turma, registrar e avaliar o trabalho pedagógico desenvolvido e manter o vínculo família e escola, evitando a ruptura na vida escolar do aluno-paciente.
“É um trabalho importante, de continuidade à educação e de melhoria da saúde. Os dois lados são observados”, afirma a secretária de Estado da Educação, Maria Helena Guimarães de Castro.
Personagens
Aluna do terceiro ano do Ensino Médio de uma escola estadual de São Paulo, Talita tem 18 anos de idade e está há quase dois meses internada no Hospital Emílio Ribas. Periodicamente, desde 2004, retorna ao centro para tratamento contra Aids. Toda vez que isso acontece, a avó da jovem aciona o programa Classes Hospitalares para que ela não perca o vínculo com os estudos. Talita é uma vencedora. Este ano, mesmo com todos os percalços do tratamento, irá se formar no Ensino Médio. Sua professora chama-se Vera.
Anderson Pereira da Silva tem apenas 9 anos de idade e já luta contra a leucemia em sessões diárias de quimioterapia que tem início pela manhã e vão até o fim da tarde no ambulatório do Hospital Darcy Vargas. Por conta dela, não pode ir à escola, mas recebe todo o conteúdo da 4a. série do ensino fundamental das professoras Claudia e Valéria.
Gabriele Aparecida tem 12 anos de idade. Aluna da 7a. série de uma escola estadual faz sessões diárias de quimioterapia para tentar vencer um tumor na bacia. Passa o dia todo no Hospital Darcy Vargas. Para andar, depende de uma cadeira de rodas e muletas. Para dar continuidade aos estudos, conta com a dedicação das professoras Claudia e Valéria.
Da Secretaria da Educação
C.M.
04/16/2008
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