Estudo ambiental no Tapajós (PA) prossegue sem entrada em terras indígenas



Trabalho de pesquisadores alcança 20% da meta sem interferir no cotidiano das comunidades da região

 

Cerca de 20% do levantamento da fauna e da flora na bacia do Tapajós, no estado do Pará, já foi realizado após dez dias de atividades de biólogos, técnicos e auxiliares de campo que estão na região para avaliar as condições ambientais em caso de aproveitamento hídrico. 

O trabalho no período de cheia do Tapajós é a quarta e última etapa da pesquisa que irá integrar o Estudo de Impacto Ambiental para a obtenção da Licença Prévia dos Aproveitamentos dos potenciais hidrelétricos de São Luiz do Tapajós e Jatobá. A primeira usina deverá ter capacidade geradora de aproximadamente 7 mil megawats e atenderá cerca de 14 milhões de pessoas. Nas outras três fases, as análises ocorreram nos períodos de enchente, vazante e seca. 

O levantamento também cumpre decisão judicial motivada por Ação Civil Pública do Ministério Público Federal (nº3883-98.2012.4.0), que determina a realização de estudos para a avaliação ambiental integrada na bacia do Tapajós e no rio Jamanxim, utilizando critérios técnicos, econômicos e socioambientais. 

Segundo o coordenador de campo do projeto de pesquisa, Manoel Eduardo Verenguer, o trabalho é realizado em pontos determinados de cinco quilômetros de comprimento por 200 metros de largura, onde o grupo caminha coletando informações sobre o comportamento de animais (mamíferos, insetos, anfíbios, répteis, peixes e aves) e sobre dados das plantas existentes na região. “A expectativa é entender qual será o impacto em caso de acontecer um empreendimento hidrelétrico e, ainda, elaborar ações e programas de compensações ambientais”, disse.

Para garantir o apoio logístico e a segurança dos pesquisadores e auxiliares, o trabalho conta com a colaboração de equipes da Polícia Federal, da Polícia Rodoviária Federal e da Força Nacional de Segurança Pública. Isso porque os estudos serão realizados durante cerca de 30 dias, inclusive em período noturno. Portanto, a iniciativa de deslocar equipes de segurança para acompanhar o trabalho dos pesquisadores não tem o objetivo de intimidar ou interferir no cotidiano do Povo Munduruku e outras comunidades indígenas, tradicionais e extrativistas que habitam a região do Tapajós.