Estudo da CNI aponta desaceleração no ritmo de investimentos e de contratações



O cenário previsto para 2011 de desaceleração na taxa de crescimento do PIB concorre com perspectiva contrária, apontando um movimento de queda nos juros, um fator de estímulo aos investimentos. Essa é análise dos economistas da Confederação Nacional da Indústria (CNI) que elaboraram o Informe Conjuntural relativo ao terceiro trimestre do ano e que faz previsões para o restante de 2011. 

Além de prever uma expansão nos investimentos mais moderada, a publicação também estima que, ao final deste ano, o Produto Interno Bruto (PIB) deve sofrer uma queda de 0,6 ponto percentual.

A CNI alterou as estimativas para a demanda externa em função da deterioração do cenário global. “As exportações em 2011 deverão crescer 6%, menos do que os 10% estimados anteriormente. As importações também foram reavaliadas, em função do menor crescimento dos investimentos. Devem crescer 10,5%. Com isso, a estimativa para a contribuição das exportações líquidas para o crescimento do PIB de 2011 deverá ser de -0,6 ponto percentual”.

O Informe Conjuntural diz ainda que as atuais dificuldades da economia global vão provocar atraso na recuperação do PIB brasileiro. Segundo o estudo, a trajetória de desaceleração do PIB deverá se reverter no início de 2012. Poderá haver aumento do consumo e dos investimentos, caso a taxa de juros continue a recuar.

“No entanto, o cenário incerto da economia global está longe de ser uma página virada e ainda perdurará por alguns anos. A intensidade desses problemas e a forma como eles serão resolvidos definirão os impactos na economia brasileira”, segundo os economistas da CNI.


Desaceleração no emprego

No mercado de trabalho, o estudo da CNI também revela perda de dinamismo do mercado de trabalho, em 2011, divergindo das expressivas taxas de crescimento no setor, em 2010. 

Segundo o estudo, a desaceleração da criação do emprego ocorre desde junho de 2010, quando houve alta de 3,5% comparativamente ao mesmo mês do ano anterior nas seis maiores regiões metropolitanas brasileiras. Em agosto de 2011, o emprego metropolitano cresceu 2,2%, ante o mesmo mês do ano anterior.

A expansão do emprego formal, no entanto, continua se firmando no mercado de trabalho. Considerando o emprego com carteira assinada do setor privado, o crescimento foi de 7,5% em agosto, na mesma base de comparação, o que representa uma variação muito acima da média de todas as demais ocupações. As garantias oferecidas pelo emprego formal dão segurança às pessoas para manter seu padrão de consumo.

Um aspecto interessante em relação à desaceleração da atividade econômica é que são as ocupações informais que estão perdendo espaço no mercado de trabalho. A categoria de emprego sem carteira assinada do setor privado caiu 8,3% entre agosto de 2010 e de 2011. As ocupações por ponta própria também mostraram queda em agosto na mesma base de comparação.

Portanto, o grau de formalidade do mercado metropolitano – medido pela soma dos empregos com carteira, militares e estatutários pelo total da ocupação – manteve-se em alta. Em agosto, esse indicador atingiu 60,7%, o que é a maior participação de trabalhadores formais no total da ocupação metropolitana desde o início da série, em março de 2002.

Considerando os dados do Cadastro Geral de Empregos (Caged) do Ministério do Trabalho e Emprego de agosto de 2011 – que cobre todo o território nacional –, a criação de empregos formais foi de 1,6 milhão no acumulado dos últimos 12 meses.

De acordo com o estudo da CNI, o fluxo de empregos tem diminuído desde março deste ano. O setor que mais criou vagas formais foi o de serviços, com 46,3% do total de empregos criados nos últimos 12 meses findos em agosto.

Esse fato se justifica pela maior atividade do setor serviços, que depende diretamente da renda das famílias e do crescimento do crédito. Por isso, esse componente do Produto Interno Bruto (PIB) deverá crescer acima da taxa de expansão do PIB em 2011, diz o Informe Conjuntural.

A indústria, “setor mais afetado pela atual conjuntura nacional e internacional”, segundo o informe, criou 29,1% do total dos empregos formais em todo o Brasil. O comércio, mesmo tendo um crescimento das vendas mais intenso do que as vendas da indústria, foi responsável foi responsável por 19,4% do total das novas vagas.


Fonte:
Agência Brasil



11/10/2011 19:33


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