Estudo revela diferentes estágios de conservação dos mangues



A latitude da costa brasileira permite ao País ter ocorrências diferenciadas de manguezais, ecossistema que ocupa áreas consideradas de transição entre os ambientes terrestres e marinhos. No Brasil, os chamados mangues estão distribuídos desde o extremo Norte, na desembocadura do Oiapoque, no Amapá, até a região Sul, na latitude de Laguna, em Santa Catarina.

 

As características regionais também possibilitam vários níveis de desenvolvimento e de apresentação dos mangues. “Muitas vezes, no extremo Norte, eles estão completamente expostos na zona costeira; mas depois nas regiões Nordeste, Sudeste e Sul eles ocorrem no abrigo de enseadas, estuários ou protegidos por ilhas barreiras ou arrecifes de arenito”, descreve a pesquisadora Yara Schaeffer Novelli, do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (USP).


Novelli coordena um grupo de estudos que avalia a dinâmica, a ocupação e a resposta dos manguezais às mudanças climáticas. A pesquisadora aponta ainda situações distintas desses ecossistemas em relação ao estado de conservação. As perdas relevantes ou grandes alterações estão presentes em locais onde existem portos e houve o desenvolvimento dos primeiros núcleos populacionais ou ainda a utilização das áreas de mangue para o cultivo de camarão (carcinocultura).

 

A bióloga Marília Cunha Lignon, pesquisadora do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe/MCT), em São José dos Campos (SP),  faz parte da equipe de estudo dos manguezais, atuando no Projeto Manguezais do Estado de São Paulo: análise da evolução espaço-temporal (1979-2009).

 

As avaliações mais recentes mostram estágios diferenciados dos manguezais na própria região de São Paulo. No litoral Norte e na Baixada Santista, as análises revelaram importantes alterações de origem antrópica (ação humana) na paisagem ao longo do tempo.

 

No litoral Sul, encontram-se os manguezais mais conservados do estado. Novos bosques de mangue foram identificados e monitorados, onde foram encontrados diversos bancos de lama e de areia colonizados pela Spartina alterniflora, uma espécie de grama associada aos bosques de mangue, que são extremamente importantes para auxiliar a fixação dos propágulos (que seriam as sementes dos manguezais).

 

“Em algumas áreas, na região de Cananéia (SP), que é bem conservada, tem uma espécie com taxa de crescimento de quase um metro de altura por ano. Florestas que, em 2001, tinham um metro e estão agora com mais ou menos 10 metros. Então, isso é muito positivo e a nossa preocupação é justamente manter essas áreas de manguezal conservadas para que a pesca continue ocorrendo”, salienta Marília.

 

Fonte:
Ministério da Ciência e Tecnologia



05/08/2010 01:05


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