Estudos em oceano e continente ajudarão a prevenir desastres
Criação de Instituto irá gerar conhecimento aos cientistas, sendo mais um órgão a pesquisar a relação entre oceano e continente
A criação do Instituto Nacional de Pesquisas Oceanográficas (Inpo), anunciado pelo ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Marco Antônio Raupp, será importante para pesquisas e prevenção de desastres, defende Luiz Drude de Lacerda, cientista e coordenador do Simpósio Inter-Relações Oceano-Continente, que acontece a partir desta terça-feira (2), no Rio de Janeiro.
O cientista afirma que com a criação do Inpo a relação entre oceano e continente terá um importante reforço. “O país, antes, ficava restrito à pesquisa feita nas universidades e ao apoio que a Marinha dá”, comenta.
O especialista ressaltou que, com o maior entendimento do mar profundo, é possível criar cenários de previsão do que pode ocorrer nos continentes. “As mudanças climáticas estão acontecendo no mundo todo, inclusive no Brasil”, ressaltou. Ele citou o caso dos furacões que assolaram Santa Catarina, a partir de 2005, que nunca tinham acontecido na parte sul do Oceano Atlântico.
Pesquisas
Ainda com muitas vantagens em conhecer a área em questão, o cientista também destaca que ainda há dificuldade em lidar melhor com a relação entre oceano e continente, por parte da comunidade cientifica.
Segundo Lacerda, o Brasil não dispõe de nenhum navio oceanográfico civil que possa ficar no mar a maior parte do tempo. As embarcações existentes são operadas pela Marinha. Nesse sentido, o cientista ressaltou a importância da criação do Inpo. “Seria o primeiro instituto civil de pesquisa oceanográfica”.
O coordenador destacou que pesquisas nessa área são muito caras, por exigirem monitoramento e manutenção de longo prazo e equipamentos de custo elevado, como boias para coleta de dados, cujo valor estimado é cerca de US$ 2 milhões cada.
As boias terão de ficar permanentemente no oceano. “São fundamentais para a previsão do clima”, explicou. Por isso, o Brasil ainda depende da cooperação internacional. “Mas se o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação criar esse instituto, a coisa realmente vai andar bem mais rápido”, disse.
Simpósio
Para Lacerda, as pesquisas oceanográficas no país são importantes para a hegemonia brasileira no Atlântico Sul. “O Brasil tem que ser soberano nessa região. É como você ter um quintal e não ter ninguém para tomar conta”.
Ao se referir à exploração do petróleo na camada pré-sal, ele ressaltou que o Brasil “tem que conhecer a área para poder protegê-la”.
Simpósios como o que começa hoje no Rio, acrescentou, ajudam no entendimento do que pode ocorrer em consequência das mudanças globais, mas é preciso tentar traduzir isso para uma linguagem que a população consiga compreender.
O simpósio continua nesta quarta-feira (3). Um dos destaques da programação será a palestra do diplomata Milton Rondó Filho, do Ministério das Relações Exteriores, sobre a cooperação internacional para a redução de riscos de desastres.
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Fonte:
02/10/2012 16:31
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