Etanol deverá ser consumido em todo o mundo, dizem especialistas



O mercado de combustíveis hoje no mundo é norteado pela insegurança energética e pela ansiedade ambiental, apontaram especialistas que participaram de audiência pública nesta quarta-feira (9) para discutir perspectivas de mercado e projeções de cenários futuros para os biocombustíveis, na Subcomissão Permanente dos Biocombustíveis, da Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA). Para os participantes da audiência, o interesse internacional no etanol nacional reflete a intenção política de diversificar as matrizes energéticas e acabar com a dependência do petróleo.

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- No futuro, o etanol será produzido em escala maior, o consumo será disseminado no mundo e seremos produtores importantes. O etanol deixará de ser o aditivo da gasolina, como é hoje, para ser o substituto da gasolina. As reservas de petróleo estão decaindo e a insegurança energética fará o etanol ser a alternativa à gasolina - afirmou o diretor do Departamento de Relações Internacionais e Comércio Exterior da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e presidente da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex), Roberto Gianetti da Fonseca.

Gianetti destacou que o etanol vem sendo a alternativa de maior sucesso na busca por um produto que substitua o petróleo. Registrou que a produção de álcool no Brasil deve aumentar 50% nos próximos anos, destacando que a tecnologia flexfuel, de carros que funcionam com álcool ou gasolina, está presente em 80% dos veículos vendidos no país hoje.

A grande preocupação, alertou, é a questão logística, ou seja, de que forma o produto chegará aos pontos de venda. Para o especialista, os investimentos em logística não estão acompanhando o crescimento da produção e, se esses investimentos não forem feitos, em pouco tempo haverá o que define como um "gargalo logístico" que poderá redundar em aumento de preço.

Outro convidado que participou da audiência, o gerente de Comércio de Álcool e Oxigenados da Petrobras, Sillas Oliva Filho, destacou que a Petrobras está concluindo três plantas (usinas) de biodiesel no Nordeste e que há a perspectiva de serem construídas novas plantas em parceria com o setor privado. A empresa já vem comercializando biocombustíveis para diversos países da África e América Latina. Sillas Oliva disse que a tendência em todo o mundo é que os países venham aumentando os percentuais que utilizam de combustíveis renováveis na mistura com a gasolina.

- O biocombustível é uma febre mundial, não só do meio ambiente, mas também econômica por causa do preço do petróleo e por injetar recursos no agronegócio local - destacou.

Sillas Oliva comentou que hoje o biocombustível representa pequeno volume no setor de transportes - menos de 4% da demanda mundial. A "grande vedete", disse, é a gasolina no mercado americano e o diesel no europeu. Mas o representante da Petrobras acredita que o biocombustível deve ganhar força e deve chegar em 2012 a atingir 5% ou 6% do mercado mundial.

O gerente lembrou ainda, que hoje os Estados Unidos importam da Venezuela e do Oriente Médio 60% do petróleo que usam. Já o Japão tem 90% do seu consumo dependendo do petróleo importado do Oriente Médio.

- Esses países estão preocupados com a instabilidade política e econômica dessas regiões e buscam agora a mesma diversificação que o Brasil buscou há trinta anos. Hoje o Brasil tem uma economia estável, tem terra para atender à produção de biocombustíveis, tem possibilidade de exportação por portos do Sudeste, Nordeste, Sul, e tem experiência no uso de combustíveis alternativos - disse.



09/05/2007

Agência Senado


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