BM&F DEVERÁ ESCLARECER CARTA AO BANCO CENTRAL, DIZEM SENADORES



Os depoimentos do presidente e do vice-presidente da Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F;), Manoel Felix Cintra Neto e Ney Castro Alves, marcados para esta quinta-feira (dia 6), serão muito importantes para que a CPI do sistema financeiro obtenha informações sobre a carta enviada pela instituição ao Banco Central, no dia 15 de janeiro, segundo afirmaram, nesta segunda-feira (dia 3), os senadores João Alberto Souza (PMDB-MA), relator da comissão, e Jader Barbalho (PMDB-PA), suplente e autor do requerimento de instalação da CPI.Nessa carta, de acordo com as informações divulgadas pela imprensa e que chegam à CPI, a BM&F; sugeriu ao Banco Central a adoção de medidas para evitar uma "crise sistêmica" no mercado financeiro. Com apenas dez linhas, a carta, assinada pelo então superintendente-geral da instituição, Dorival Rodrigues Alves, que faleceu dias depois, foi enviada quando a operação de socorro do BC aos bancos Marka e FonteCindam já havia sido realizada, o que não justificaria o socorro aos dois bancos com base no alerta feito pela BM&F.-; O pessoal da BM&F;, evidentemente, poderá dar maiores esclarecimentos, por isso seus depoimentos são muito importantes, até para que a gente conheça os mecanismos com os quais opera a BM&F; - afirmou Jader Barbalho.Para o autor da proposta que criou a CPI, os depoimentos dos integrantes da BM&F; são "muito importantes", pois a carta da instituição para o Banco Central foi um "escorregão". Jader Barbalho disse também que outros membros da diretoria do Banco Central deverão dar explicações sobre a carta aos senadores da CPI.Sobre a possibilidade de a CPI solicitar o cancelamento da operação de socorro aos bancos Marka e FonteCindam e pedir o ressarcimento das perdas sofridas pelos cofres públicos, Jader Barbalho disse que "teria que examinar, com cautela, o aspecto jurídico da questão".Ele afirmou que a CPI do sistema financeiro já é "vitoriosa", à medida que algumas providências administrativas já estão sendo tomadas pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), no sentido de dar mais transparência às operações do mercado financeiro e proteger o aplicador de eventuais prejuízos.- Mesmo antes do relatório final, ainda ao longo dos trabalhos da CPI, haverá uma série de providências que o próprio Executivo tomará para alterar essa realidade do sistema financeiro - observou.Jader Barbalho disse ainda que "ninguém está isento de vir à comissão se tiver explicações a dar", referindo-se à convocação do ex-presidente do BNDES, Luís Carlos Mendonça de Barros, e de seus filhos, proprietários da Link Corretora, que, segundo relatório da BM&F;, foi uma das que mais lucraram com a mudança do câmbio. Ele ressalvou, no entanto, que até agora "não há nenhum dado concreto" para a convocação de Mendonça de Barros e de seus filhos pela CPI.

03/05/1999

Agência Senado


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