EUA ampliam raio de ação



EUA ampliam raio de ação O general alemão Klaus Naumann, que de 1996 a 1999 integrou os quadros dirigentes da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), afirmou em entrevista ao "Jornal do Brasil" que enquanto os Estados Unidos não apresentarem provas reais que apontem os responsáveis pelos atentados em Nova York e Washington "não haverá a coalizão dos aliados". Apesar de evitar especulações sobre a guerra, o general chama a atenção para o raio de ação do poder bélico que está sendo montado na costa da Ásia Central. Suas observações sugerem que, além do Afeganistão, o Iraque, por exemplo, pode ser um alvo. Militar experiente, Naumann chefiou por três anos o comitê Militar da Otan, de onde ajudou a comandar, em 1999, a ofensiva da aliança contra a Iugoslávia de Milosevic. Agora, diante da guerra anunciada, ele concorda com outros estrategistas quanto à duração da batalha: "Será um conflito longo. Não vai se limitar ao lançamento de um par de mísseis de cruzeiro ou um bombardeio". (pág. 1 e 14) * A primeira cruzada dos cristãos partiu da Europa para castigar os muçulmanos e conquistar a Ásia Menor, em 1096. Em 1099 já haviam conquistado Jerusalém, mas só alcançaram seu objetivo estratégico depois da tomada de Trípoli, em 1109. Foi, portanto, uma vitória demorada, mas o que é pior, foi apenas o início de uma guerra secular. Depois, sucederam-se muitas derrotas e vitórias, até o fim da Sétima Cruzada, em 1270, quando foi assinada a Paz de Tunis que obrigou a lenta retirada dos europeus e o abandono da Terra Santa, entregue aos muçulmanos, em 1291. Deste ponto de vista, as cruzadas foram um completo fracasso. Mas também é verdade que, durante esse mesmo período, consolidou-se o poder imperial do Papa sobre a cristandade, e o poder econômico das cidades italianas (Amalfi, Veneza, Gênova, Florença e Milão) com relação ao comércio de longa distância com a Ásia. Foram quase dois séculos de império, guerras e derrotas, mas não se pode esquecer que nesse tempo plantaram-se as primeiras sementes do "milagre capitalista", que ocorreria mais tarde, exatamente na terra dos cruzados, e não na dos ricos comerciantes asiáticos. No fim de setembro de 2001, ocorrerá um novo ataque militar à Ásia Menor, liderado pelos EUA e com o apoio dos europeus. Foi anunciado como o início de uma "guerra prolongada", do "bem" contra o "mal", mas, neste caso, não está muito claro, nem mesmo para os "ocidentais", o que seja o "bem", apesar de que todos estejam de acordo sobre quem seja portador do "mal". (José Luís Fiori) (pág. 1 e 10) * O terrorismo que atingiu os EUA é relativamente novo no Ocidente. Diferente do terror político, usa a transnacionalidade da religião para expandir sua atuação. Não condiciona a violência a uma resposta positiva ou negativa da parte atingida. (pág. 1 e 8) * O programa de transplantes de órgãos no Rio está à beira do colapso, denunciam médicos do setor. Dos 4.240 doentes que esperam hoje na fila do transplante, poucos têm chance de chegar à mesa de cirurgia, por falta de órgãos. Apesar de ter um potencial de 398 doadores por ano,o estado aparece em novo lugar no ranking nacional dos transplantes. (...) (pág. 1 e 25) * Da queda-de-braço entre planos de saúde e médicos credenciados surgiu novo atendimento: uma central de convênios com apoio do Conselho Regional de Medicina do Rio (Cremerj). Reunindo 11 mil médicos, clínicas e laboratórios, a central atende pacientes com ou sem plano por R$ 32 a consulta, preço que é uma reação ao reembolso das operadoras, congelada á três anos. (pág. 23) * (Cairo) - Até mesmo na Segunda Guerra Mundial, os soldados eram enviados à batalhas com a confiança das igrejas protestante, católica e judaica de que Deus estaria ao lado deles e de que suas mortes os tornariam mártires. Neste sentido, alguns argumentos utilizados para justificar os ataques nos Estados Unidos, classificados de ordens dos ensinamentos do islamismo, podem ser considerados os mais recentes exemplos de como a religião pode ser seqüestrada por política e rancor. Mas num Oriente Médio atolado em ressentimento, o fascínio da religião dando permissão para lutar ganhou em algumas camadas sociais ascendência incomum. Especialistas em islamismo e outros estudiosos resistem firmemente à idéia de que qualquer coisa no islamismo justifica os ataques que levaram ao chão as torres do World Trade Center e danificaram o Pentágono. Mas os analistas afirmam que em uma região cheia de desespero e com alianças nacionais e internacionais com inimigos como revolta justificativa ganhou um poderoso fascínio pelo menos entre alguns dos bilhões de muçulmanos ao redor do mundo. (...) (pág. 3) * Com o mandato de senador por um fio, Jader Barbalho tem chances de embarcar no mesmo tipo de vida que outros políticos levam longe do poder. Forçados a deixar Brasília, embrulhados em rolos e escândalos, hoje os ex-senadores Antônio Carlos Magalhães, Luiz Estevão e José Roberto Arruda passam o tempo livre empenhados em reaver seus antigos tronos. Arruda e Estevão, que ficaram também sem partido, têm até o fim da semana para escolher a legenda que os lançará como candidatos em 2002. ACM quer voltar ao Senado pelo mesmo PFL. Na quinta-feira, Arruda, ex-líder do Governo no Senado e ex-tucano, pisou pela primeira vez no gramado do Palácio da Alvorada desde a renúncia, em maio. Foi comunicar ao presidente Fernando Henrique Cardoso que vai sair candidato a deputado federal pelo PFL. Exilado numa pequena sala da Companhia de Energia de Brasília, ele quis ensaiar uma reaproximação com o poder, que ficou longe de sua nova vida. Acusado de ser o mentor da fraude do painel do Senado por ocasião da cassação de seu adversário Luiz Estevão, Arruda continua batendo na tecla que foi alvo de uma cruel injustiça. (...) (pág. 20) Editorial "Cartas na mesa" Quando declarou que não tinha nome de candidato no bolso do colete, o presidente Fernando Henrique começou a retificar um estilo de fazer política que não apresentava saldo. A sucessão se embaralhava debaixo dos seus olhos, voltados para a história, enquanto os partidos que os sustentam se engalfinhavam por interesse menores. A ressalva era para ser entendida pelo avesso mas a verdade é que, a esta altura do calendário político nacional, não há mais espaço para jogos de dubiedades. O tempo em que era possível jogar com três ou quatro nomes, sem se comprometer com qualquer deles, esgotou-se. Está chegando a hora de botar as cartas na mesa, antes que as aspirações da aliança dos três maiores partidos em torno do Executivo pulverize a precária unidade sustentada pelos interesses de estar no Governo. (...) (pág. 10) Colunistas Coisas da Política - Dora Kramer Trata-se de um equívoco acreditar que só a oposição enfrenta problemas de unidade para disputar a eleição presidencial do ano que vem. Ali, no que se refere ao primeiro turno, a toalha já está no chão. Mas quando a gente revê as cenas de desacerto total entre os partidos em tese alinhados ao Governo federal, na disputa pela presidência do Senado e na condução do caso Jader Barbalho, fica evidente que os conservadores já foram mais eficientes no quesito unidos venceremos. (...) (pág. 2) Informe JB - Ricardo Boechat O FGTS divulga, amanhã, suas contas de agosto. Mais uma vez, o Governo se surpreendeu. O Fundo fechou o mês com saldo positivo de R$ 45 milhões, graças a menos saques por demissões do que esperado. A recessão econômica ainda não chegou aos índices de emprego. (pág. 6) Topo da página

09/23/2001


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