Europa sairá fortalecida da crise, prevê indicado para embaixada na Itália



A Europa deverá sair fortalecida da atual crise econômica, previu nesta quinta-feira (8) o ministro de primeira classe Ricardo Neiva Tavares, cuja indicação para o cargo de embaixador brasileiro em Roma recebeu parecer favorável da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional. Mensagem presidencial de indicação da ministra de segunda classe Wanja Campos da Nóbrega para embaixadora em Bangladesh também foi aprovada pela CRE.

Ao ser questionado sobre as dificuldades econômicas experimentadas atualmente por diversos países do Velho Continente, o embaixador indicado observou que a crise europeia pode ser considerada uma “soma de várias crises”. Entre elas, a da Grécia, fruto de descontrole de finanças públicas, e a da Espanha, consequência principalmente da especulação imobiliária. Em sua opinião, a Europa não alcançará rapidamente altas taxas de crescimento, mas terá importantes conquistas políticas em decorrência da crise.

-  A Europa sairá fortalecida da crise. Tem melhorado seus mecanismos de defesa, como o Fundo Europeu de Estabilidade Financeira, e o Banco Central Europeu tem tido um  papel importante na estabilização. Caminha para uma união bancária e uma união fiscal parcial – disse Neiva durante debate com senadores da comissão.

Em sua exposição inicial aos senadores, o embaixador indicado observou que a Itália detém 23% de todas as dívidas da zona do euro e uma taxa de desemprego de 10% da população economicamente ativa. A crise econômica tem gerado muitos protestos e fortalecido a atuação de grupos políticos alternativos, como informou. Há eleições parlamentares previstas para abril de 2013, que poderão levar à aprovação de uma coalizão de centro-esquerda. Mas teme-se, como indicou o embaixador, o retorno da instabilidade da política italiana.

As relações com o Brasil, lembrou Neiva, são “antigas e profundas”. Existem 30 milhões de brasileiros de origem italiana e 80 mil brasileiros vivendo na Itália. Uma das apostas no relacionamento bilateral, segundo adiantou o embaixador, está na área da educação. Seis mil brasileiros deverão estudar na Itália dentro do programa Ciência sem Fronteiras.

Bangladesh

Se milhares de universitários brasileiros deverão passar uma temporada em universidades italianas nos próximos anos, um grupo bem menor – composto por 10 estudantes – tomou recentemente o caminho de Bangladesh. Segundo a embaixadora indicada para aquele país, eles foram para um estágio no Grameen Bank, o primeiro banco do mundo especializado em microcrédito. O banco foi concebido pelo professor Muhammad Yunus, que ganhou o Prêmio Nobel da Paz em 2006. Segundo a embaixadora, a taxa de pagamento dos financiamentos do banco, dedicados principalmente a mulheres pobres da área rural, é de 97%.

A embaixadora recordou que Bangladesh, país que se tornou independente em 1971 após uma longa guerra com o Paquistão, tornou-se conhecido no mundo após a realização, em Nova York, de um grande concerto musical promovido pelo ex-beatle George Harrison e pelo músico Ravi Shankar.  Depois de quatro décadas, como ela informou, a situação mudou bastante.

- Hoje Bangladesh surpreende o mundo com um crescimento de 6% ao ano. Saiu de uma fome profunda para ser quase autossuficiente em arroz – disse Wanja.

Debate

Durante o debate, o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), relator da indicação do novo embaixador em Roma, disse que a Itália só chegou à atual crise “por conta da irresponsabilidade e do populismo de seus últimos governantes”. Ele criticou ainda a decisão do governo brasileiro de não conceder a extradição do italiano Cesare Battisti, condenado pela Justiça da Itália por suposta participação em atos de terrorismo nos anos 1970.

O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) ressaltou o risco de inundação de boa parte do território de Bangladesh em virtude do aquecimento global. O senador Luiz Henrique (PMDB-SC) manifestou preocupação com o crescimento demográfico de Bangladesh – que foi reduzido, como informou-lhe a embaixadora indicada.  E o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) relatou viagem que fez em 2008 a Bangladesh, quando conheceu a experiência do Grameen. Por sua vez, a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) observou que a Amazônia deveria usar suas várzeas para a agricultura, como Bangladesh.

Durante a reunião, presidida pelo senador Fernando Collor (PTB-AL), foram ainda lidos os pareceres dos relatores a duas mensagens presidenciais contendo as indicações de novos embaixadores brasileiros no Maláui e no Congo. As mensagens deverão ser submetidas a votação na próxima reunião da comissão.



08/11/2012

Agência Senado


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