Exposição destaca infâncias perdidas sob o terror do Holocausto
Com uma exposição no Salão Negro, inaugurada nesta segunda-feira (8), o Senado Federal associou-se às cerimônias que ocorrem ao redor do mundo para lembrar o Dia do Holocausto, em memória dos mais de 6 milhões de judeus mortos pelo regime nazista, na primeira metade do século passado. A mostra intitulada Tão Somente Crianças: Infâncias roubadas no Holocausto foi organizada especialmente como um tributo aos meninos e meninas vitimados pela perseguição nazista comandada por Adolf Hitler. Do total de judeus mortos nos guetos e campos de extermínio, cerca de 1 milhão e 500 mil eram crianças.
O 1º Secretário da Mesa do Senado, senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA), em nome da instituição, recebeu os convidados e parceiros do Senado na organização da exposição, inaugurada antes da sessão especial em Plenário que também lembrou o Dia do Holocausto. A data também marca os 70 anos da insurreição no Gueto de Varsóvia, em 1943.
Nos discursos, os oradores destacaram uma ideia comum: para todos, rememorar o holocausto é um modo de manter viva a bandeira da tolerância, para evitar que a humanidade volte a conviver com o horror do genocídio e qualquer outra forma de violência entre grupos humanos.
- Eventos como esse não podem ser esquecidos por mais doloroso que seja relembrá-los. Devem permanecer na memória da humanidade a fim de que jamais volte a se repetir, para que possamos ter um mundo de maior tolerância, respeito e paz entre os povos – disse Flexa Ribeiro.
O presidente da Federação Israelita do Paraná, Manoel Knopfholz, que representou o presidente da Confederação Israelita do Brasil, Claudio Lottenberg, observou que, em tempo algum da história da humanidade, foi praticada tamanha “bestialidade” contra a vida humana como no Holocausto. No período nazista, disse ele, "a insanidade foi testada até limites indecifráveis de primarismo selvagem”.
- Nenhum preceito ético nem sequer o resquício de sua dignidade foram capazes de conter a maior indústria do genocídio praticada pelo homem contra o homem na mais impensável matança já registrada – afirmou.
Knopfholz assinalou ainda que relembrar o Holocausto serve, acima de tudo, para revigorar a atenção e ação "contra todos aqueles que manipulam, distorcem e até negam a tenebrosa passagem” dessa tragédia na história. Em seguida, saudou o Brasil como um país fértil para a prática do pluralismo, com abertura para acolher gente de todas as etnias.
Ao fim, apelou para que sejam perpetuados os valores da paz e a renovação de esforços para que nunca mais crianças, em qualquer tempo e lugar, “tenham suas infâncias roubadas por holocausto nenhum”.
Entre os convidados do evento estavam a ministra da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Maria do Rosário Nunes, e o embaixador de Israel, Rafael Eldad. Ao fim, em entrevista, Maria do Rosário, avaliou o significado da data em que se relembra o holocausto.
- Os temas relacionados ao holocausto são sempre atuais e desafiam todos nós diante do mal absoluto do significado do nazismo, para que jamais possamos aceitar a intolerância, seu ódio, os fundamentalismos de nenhum tipo – disse a ministra.
O material reunido na exposição compõe uma mostra especial montada a partir do acervo do Museu do Holocausto, de Curitiba (PR). O presidente do museu, Miguel Krigsner Neto, também presente, observou que a mostra não iria exibir “paisagens maravilhosas ou obras de arte”. Porém, disse acreditar que cada visitante sairá mobilizado e convencido de aquelas são cenas necessárias para estimular um mundo de paz e tolerância entre os homens.
- Aqui pretendemos alertar sobre a contaminação por ideias perigosas que provocam intolerância nas suas mais diversas formas, como, por exemplo, por questões sexuais, raciais e étnicas, entre outras – assinalou.
Sobrevivente
A exposição, que poderá ser vista até o dia 28, conta com 26 painéis que contam histórias de resistência e de sobrevivência. Cada painel retrata a trajetória de uma pequena vítima, desde que ela e sua família foram retiradas de casa e transportadas para guetos ou campos de concentração. Entre os retratados, há sobreviventes, como George Legmann, que participou da inauguração. Nascido num campo de concentração, ele chegou ao Brasil em 1960, quando já contava 16 anos.
- Essa exposição tem um caráter didático, especialmente para as novas gerações, e nos mostra que a melhor coisa é a democracia, aquela que consagra garantias e direitos individuais inalienáveis e universais de todo ser humano – comentou Legmann, também ao fim do evento.
Integra ainda a exposição elementos interativos que ajudam a reflexão sobre a experiência do holocausto. Por exemplo, uma instalação em forma de caixa escura onde podem ser ouvidos nomes de todas as crianças que morreram durante o Holocausto, com idade e local de origem. Um grupo de crianças paranaenses foi mobilizado para gravar os nomes.
08/04/2013
Agência Senado
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