Expresso Lazer traz de volta a SP o romantismo das viagens ferroviárias
Trem turístico oferecerá a experiência de utilizar o transporte sobre trilhos para programa cultural
Moradores da Grande São Paulo terão a oportunidade de reviver o romantismo das viagens de trem, que já foi o mais importante e seguro meio de transporte de passageiros. Até o final deste ano, entrará em operação o Expresso Lazer, um trem turístico que ligará pontos de interesse turístico e de lazer, por meio de roteiros traçados ao longo da malha férrea. O primeiro deles irá da Estação da Luz à Vila de Paranapiacaba, com parada em Santo André. A iniciativa é da Secretaria de Estado dos Transportes Metropolitanos (STM) e da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM).
Para atender também ao público do interior, estão previstos roteiros com duração de dois dias. Um deles, ainda em estudo, terá como ponto de partida a cidade de Jundiaí, onde os passageiros embarcarão, seguindo para São Paulo, até a Estação da Luz. Lá, terão a oportunidade de conhecer opções culturais como o Museu da Língua Portuguesa, Museu de Arte Sacra, Pinacoteca do Estado, Estação Pinacoteca, Sala São Paulo e Parque da Luz. No dia seguinte, embarcarão novamente no trem, rumo a Paranapiacaba.
Opção diferenciada – Inicialmente, o passeio Luz–Paranapiacaba será realizado aos domingos, com partida prevista às oito horas e retorno às 18 horas. “Futuramente, de acordo com a demanda, poderemos estabelecer dois horários aos domingos e, se necessário, estender o passeio também aos sábados e feriados, sempre de acordo com a procura e aceitação do público”, explica Ayrton Camargo e Silva, assistente do coordenador geral de implantação do Expresso Lazer. A idéia é atender aos turistas que desejam usufruir de um passeio sobre trilhos e ao mesmo tempo fazer um programa cultural. “A atração não é só o destino, no caso Paranapiacaba, mas também o passeio de trem em si”, explica Ayrton.
Para ele, além de oferecer uma opção diferenciada de turismo ao paulistano, o Expresso Lazer recupera uma das características da ferrovia, que é o transporte de passageiros em longos percursos, e ainda fortalece o turismo na cidade e no Estado. “São Paulo em si já é um roteiro turístico. Um trem turístico na Grande São Paulo é algo inédito!”, comemora Ayrton Camargo.
Parceria – Dois vagões de aço inoxidável, cedidos pela Associação Brasileira de Preservação Ferroviária (ABPF), estão sendo recuperados por meio de manutenção detalhada, para que possam oferecer segurança e desempenho operacional compatível com o padrão exigido para circular nas linhas da CPTM. Outros três vagões estão sendo transportados do interior paulista para compor a “frota” do Expresso Lazer. “Ao todo, são quatro vagões pertencentes à antiga Estrada de Ferro Araraquara e um da Estrada de Ferro Sorocabana, todos fabricados na década de 1960”, explica o diretor regional da ABPF-SP, Fábio Barbosa. “Estão em boas condições, já que são de aço inoxidável; precisam apenas de uma boa revisão para troca de componentes, manutenção dos banheiros, etc.”, completa.
A reutilização dos vagões para o Expresso Lazer resulta de parceria entre a ABPF e a CPTM, por intermédio da Secretaria de Transportes Metropolitanos. A associação cede os vagões, que serão revisados e colocados em operação pela CPTM. Ao final do contrato, de três anos, podem ser devolvidos à ABPF ou continuar circulando, por meio de renovação do acordo. “Somos uma entidade de preservação, então, para nós é importante que esses vagões estejam circulando, em vez de ficarem abandonados, sujeitos a saques e depredação. Essa é a nossa contrapartida”, acrescenta Fábio.
Turismo qualificado – Ao chegar a Paranapiacaba, os turistas terão a oportunidade de conhecer a Vila Ferroviária, visitar o Museu Ferroviário administrado pela ABPF e ainda passear a bordo de uma locomotiva a vapor de 140 anos.
Na vila, o turista encontrará o nível de infra-estrutura característico de uma cidade que viu o seu número de empreendimentos nos setores de hotelaria, arte e serviços turísticos crescer 1.000% em cinco anos. Com isso, o número de visitantes saltou de 41 mil pessoas para 220 mil, por ano, das quais 90 mil somente durante o Festival de Inverno, no mês de julho. “A Vila Ferroviária está preparada para receber esse turista qualificado que virá com o trem”, assegura a subprefeita de Paranapiacaba, Vanessa Figueiredo.
Comprada em janeiro de 2002 pela prefeitura de Santo André, a Vila Ferroviária de 1,4 mil habitantes não tinha nenhuma estrutura turística na época. Após seis meses, o sistema de transporte ferroviário de passageiros foi extinto por falta de demanda. “Naquela época, o turismo era exercido de maneira espontânea e predatória”, recorda Vanessa. “Realizamos um processo de preservação do patrimônio, restauração de edificações e estamos renovando todo o sistema de energia elétrica da vila. Criamos o Parque Nascente de Paranapiacaba, com guarita, entrada controlada e oferecemos cursos gratuitos à população sobre educação ambiental, educação patrimonial, educação para o turismo e estímulo ao empreendedorismo”, descreve a subprefeita.
Patrimônio da humanidade
Tombada nos três âmbitos: municipal (2003), estadual – pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico – Condephaat (1987) e nacional – pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – Iphan (2002), a Vila de Paranapiacaba é candidata a patrimônio mundial da humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
Está situada em área de Mata Atlântica totalmente preservada, no alto da Serra do Mar. É uma vila planejada segundo padrões urbanísticos europeus, considerados inovadores para a época de sua construção. “Trata-se de um patrimônio extremamente valioso pelo excepcional conjunto de riquezas naturais, culturais, históricas, tecnológicas e urbanísticas”, analisa Vanessa.
Atualmente, o Brasil oferece 17 locais considerados patrimônios da humanidade, entre eles as cidades coloniais de Ouro Preto (MG) e Olinda (PE). Se eleita, Paranapiacaba será o primeiro patrimônio da humanidade localizado no Estado de São Paulo.
Da Agência Imprensa Oficial
(M.C.)
07/05/2008
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