Faculdade de Medicina da USP completa 100 anos de ciência e prestação de serviços
Aniversário da instituição acontece em 19 de dezembro e, durante todo o ano, homenagens serão prestadas à unidade
Em 2012, a Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) completará 100 anos de existência. O centenário, comemorado em 19 de dezembro, será marcado por um ano de homenagens à primeira faculdade de medicina do estado de São Paulo, criada através de um acordo entre o Governo do Estado e a Fundação Rockfeller em 1912.
A unidade introduziu no Brasil o modelo de ensino médico baseado na existência de hospitais universitários, vinculados às escolas médicas e onde são realizadas as aulas práticas associadas a atividades de pesquisa e assistência. Ao longo de sua história a FMUSP foi pioneira na implantação de novas técnicas, que representaram avanços científicos na área médica e permitiram salvar milhares de vidas. Entre elas, o primeiro transplante de rim da América Latina (1965); o nascimento do primeiro bebê de proveta em hospital público do país (1991); e a realização de um transplante cardíaco no mais jovem paciente do país, um bebê de 20 dias (1995).
Contratado como professor doutor em 1988, Wilson Jacob-Filho, titular da área de Geriatria da Faculdade, se recorda de sua chegada ao corpo docente: "Quando aqui entrei, conheci um universo de grande intimidade entre os seus componentes. Professores, alunos e funcionários conheciam-se pelos nomes e hábitos, em contato constante em cada um dos espaços aqui existentes". Com mais de quarenta anos de convivência com os inúmeros departamentos da FMUSP, Jacob-Filho pôde acompanhar a transformação desta instituição em um ambiente "cada vez melhor preparado para o seu destino de liderança científica", declara.
Reconhecimento
Almejada por alunos de todo o país, e tendo Medicina como a carreira mais concorrida, com o indíce de 49,25 candidatos por vaga na Fuvest 2011, a FMUSP possui 368 docentes responsáveis por lecionar aos 1405 estudantes de graduação, nos cursos de Medicina, Fisioterapia, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional e aos 1.430 alunos na pós-graduação estrito senso (Mestrado e Doutorado). A Faculdade também dispõe do maior programa de residência médica de todo o país, hoje com 1.196 residentes. Ainda, mantém cursos de especialização, aperfeiçoamento e extensão.
Na década de 50, foi reconhecida como padrão "A" conferido pela Associação Médica Americana, o que significava que os médicos formados aqui teriam o mesmo nível daqueles formados nas melhores escolas médicas do mundo.
"Desde que entrei na Faculdade, em 2010, já tive a oportunidade de ver algumas mudanças ocorrerem. O curso de Medicina e o modo como a instituição tem evoluído, levando cada vez mais em conta a humanização de suas relações e um tratamento mais pessoal, além de um aumento da responsabilidade social e da conscientização de todos da faculdade", afirma Gustavo Bezerra, aluno e presidente da Associação Atlética Oswaldo Cruz.
Pesquisa e extensão de impacto
Apesar de ser apenas uma das 40 unidades de ensino da USP, a Faculdade é responsável por cerca de 4% de toda a produção científica nacional de todas as áreas (Humanidades, Biológicas e Exatas) e 2,2% de toda a produção da América Latina (também de todas as áreas).
Em 2011, passou a ser a primeira escola médica da América do Sul a integrar a M8 Alliance, uma rede global de instituições acadêmicas de excelência em ensino e pesquisa que auxilia decisores políticos, econômicos e da sociedade civil a desenvolver soluções baseadas na ciência para a melhoria da qualidade de vida nos cinco continentes.
A Faculdade coordena ainda um complexo hospitalar em que atuam 18 mil funcionários e que realiza, anualmente, 1,5 milhões de atendimentos ambulatoriais, 250 mil atendimentos de emergência, 40 mil cirurgias, 8,6 milhões de exames laboratoriais, 1,6 milhões de procedimentos de diagnóstico por imagem e 600 transplantes. Os pacientes atendidos vêm de todo o país e muitos de outros países da América do Sul.
Passado e futuro
Fizeram parte de seu quadro docente personalidades como Arnaldo Vieira de Carvalho (o Doutor Arnaldo, seu fundador), Alfonso Bovero, Benedicto Montenegro, Alípio Corrêa Neto, Euryclides de Jesus Zerbini, Adib Jatene, Henrique Walter Pinotti, Jose Aristodemo Pinotti, Angelita Habr-Gama, Silvano Raia e Carlos da Silva Lacaz.
Entre os diversos alunos (graduação, residência e pós) que se destacaram em outras instituições estão Miguel Nicolelis, Paulo Vanzolini, Drauzio Varela, Jairo Bouer e Alexandre Padilha.
Para Vicentina Petrucciello, funcionária responsável pelo Serviço de Concursos Docentes, falar da Faculdade é falar de afeição e de uma admiração que se renova e se intensifica a cada ano que passa. "Desde a minha chegada aqui, em maio de 1986, a FMUSP continua tendo os melhores profissionais e formando os seus alunos com o diferencial de qualidade que sempre foi a sua marca", indica.
Por outro lado, como revela, mudanças podem ser notadas nas relações entre os docentes, funcionários, alunos e pacientes. "Eu percebo que hoje estes profissionais estão mais acessíveis e que as características de humanização estão mais presentes em todos os segmentos".
Para a chefe administrativa do Serviço de Graduação, Lucia Maria Ferraz, a comemoração do centenário será seguida pela introdução de novas tecnologias de informação, de comunicação e de relacionamento informatizadas e de novas técnicas de ensino.
Além das homenagens, novos projetos como o Centro de Ensino e Simulação e o processo de internacionalização da FMUSP se tornarão pontos importantes no futuro da instituição. "Acredito que com o centenário da faculdade, grandes incrementos podem vir a ocorrer não só na forma de reformas e ampliações físicas e estruturais, mas também em evoluções no curso propriamente dito", complementa o aluno Gustavo Bezerra.
Da USP
01/11/2012
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