Falta de médicos é problema comum a municípios da fronteira, admite representante do Itamaraty



A falta de médicos é um problema comum aos municípios localizados na faixa de fronteira. O diagnóstico foi apresentado nesta terça-feira (23) pelo diretor do Departamento da América do Sul-I do Ministério das Relações Exteriores, João Luiz Pereira Pinto, durante audiência pública sobre o tema promovida pela Subcomissão Permanente da Amazônia e da Faixa de Fronteira, ligada à Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE).

Na audiência, que integra um ciclo de debates a respeito do "Desenvolvimento econômico e social na faixa de fronteira", o diplomata revelou que, para contornar o problema da falta de profissionais de saúde, alguns municípios estão recorrendo à "criatividade brasileira". Ele citou o caso do município de Jaguarão (RS), que, por não poder contratar diretamente estrangeiros, celebrou um convênio com a Santa Casa local, que, por sua vez, contratou médicos uruguaios para atender à população brasileira.

- A ausência de médicos nas fronteiras daqui a pouco vai virar uma crise - alertou Pereira Pinto, após admitir que ainda existe "muita descoordenação" dentro do Poder Executivo a respeito de ações nas áreas fronteiriças.

O governo já realizou um diagnóstico da situação de saúde em 121 municípios incluídos nas faixas de fronteira, segundo informou na reunião o coordenador geral de Urgência e Emergência da Secretaria de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde, Paulo de Tarso. E uma das principais conclusões foi a presença de profissionais de saúde de países vizinhos trabalhando no Brasil de forma ilegal. Ele também revelou existirem "problemas graves" de cooperação em ações de combate à malária e ao dengue. Mas elogiou a qualidade e a abrangência do Sistema Único de Saúde (SUS).

- Nosso sistema de saúde é universal e prevê a garantia de atendimento a todo ser vivo, independentemente de ser ou não brasileiro. Precisamos discutir juntos como podemos construir um bom atendimento para os brasileiros e os vizinhos - disse Tarso.

O senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR), presidente da subcomissão, disse que o Brasil tem mais médicos do que o recomendado pela Organização Mundial de Saúde. Esses médicos, porém, estão principalmente nas grandes cidades e longe das áreas de fronteira. Por sua vez, o senador Valdir Raupp (PMDB-RO) informou que cinco, dos seis médicos que trabalhavam em Costa Marques (RO), na fronteira com a Bolívia, foram demitidos por serem bolivianos e não contarem com o registro profissional no Brasil.

23/08/2011

Agência Senado


Artigos Relacionados


Alvaro Dias: Problema da saúde não é a falta de médicos, mas a incompetência do governo

SUASSUNA: "FALTA DE PERSPECTIVA PARECE SER A TÔNICA COMUM"

Brasil deve cobrar metas climáticas de países ricos, diz representante do Itamaraty

Conferência de Genebra sobre racismo não terá temas polêmicos, diz representante do Itamaraty

Representante do Ministério da Fazenda diz que socorrer produtores endividados não resolve o problema

Itamaraty confirma Samuel Pinheiro Guimarães no cargo de alto representante-geral do Mercosul