Famílias gastam mais com juros do que com comida








- Famílias gastam mais com juros do que com comida
- De cada R$ 100 gastos mensalmente pelos brasileiros, R$ 29,83, em média, são usados para pagar os juros do cheque especial, do cartão de crédito ou do crediário das lojas, constatou pesquisa realizada pela Anefac, associação que reúne os executivos financeiros.

No orçamento das famílias, nada pesa mais do que as taxas de juros: os brasileiros gastam 29,8% do salário com juros, 24,6% com habitação (aluguel ou prestação da casa própria) e 22,8% com alimentação.

A pesquisa mostra que famílias com renda mais baixa gastam mais com juros e, na faixa de até cinco mínimos, as despesas financeiras chegam a consumir 35,5% dos salários.

As contas de luz, gás e telefone, que aumentaram por causa da alta do dólar, também estão pesando mais no bolso. Em 2001, as tarifas comprometiam 4,21% da renda das famílias. Este ano, consomem 4,53% do orçamento, uma alta de 7,6%.

- Ao se preparar para uma nova rodada de conversas com bancos estrangeiros, agora na Europa e no Japão, o presidente do Banco Central, Armínio Fraga, diz que não há tempo a perder para tirar o País da crise. Mas, otimista, acredita que a pior incerteza sobre a eleição já passou. (pág. 1 e 36)

- Teste realizado pelo "Globo" revela que o velho clientelismo disfarçado de assistência social ainda serve de moeda nas eleições. Durante duas semanas, repórteres acompanharam a romaria de dois desempregados por comitês de campanha.

Foram flagrados casos de clientelismo em comitês de candidatos a deputado federal e estadual do PFL ao PT. No Rio, as promessas variaram de emprego futuro a matrículas na rede pública de ensino ou atendimento garantido em hospitais.

Na maioria dos casos, o desemprego teve de preencher uma ficha com o número de seu título de eleitor. Em Recife, há candidato que distribui caixões, sopas e anuncia o corte de cabelo de graça.

O Código Eleitoral proíbe propaganda que ofereça promessa ou vantagem de qualquer natureza.

- Economistas de variadas tendências concordam que o próximo presidente terá como principal desafio fazer o País voltar a crescer e incorporar ao mercado de consumo 92 milhões de brasileiros que vivem com menos de dois mínimos. No segundo caderno especial sobre eleições, "O Globo" publica um retrato econômico da era FH.

- As companhias de aviação estão, aos poucos, cancelando os descontos dados sobre as tarifas normais. O fim das promoções, há dez dias, fez as passagens aéreas dos vôos domésticos subirem 10% em média.

Mas se forem levados em conta os aumentos este ano, os preços das passagens subiram até 75%, como na ponte aérea Rio-São Paulo.

- Cientistas lançaram na Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável, na África do Sul, um alerta para preservação da cultura de minorias étnicas, como a de povos do Tibete, do Afeganistão e de índios brasileiros.

Ontem, em Johannesburgo, milhares de pessoas participaram de uma passeata em que se protestou contra tudo: de Bush à falta d'água. (pág. 2 e 44)

- O Brasil faz as suas apostas numa geração de atletas para brilhar nos Jogos Pan-Americanos de 2007, no Rio. De Bruno Pacheco, campeão sul-americano juvenil dos 100m rasos e ex-soldado do tráfico de drogas recuperado pelo atletismo, a Keila Costa, terceira colocada do Mundial Juvenil no salto triplo, bons resultados já começam a surgir.

- As obras de transposição das águas do Rio São Francisco não sairão do papel se depender do programa de governo do candidato do PSDB, José Serra.

O projeto é defendido por políticos do Ceará, do Rio Grande do Norte e da Paraíba, mas contestado por baianos e será citado na proposta tucana para a Região Nordeste como uma obra em estudos. Sua execução ficará condicionada à transposição das águas do Rio Tocantins.

A proposta foi batizada de "Operação novo Nordeste", inspirada na Operação Nordeste do ex-
presidente Juscelino Kubitscheck, e será lançada em Recife, na próxima quarta-feira, em ato que terá a presença do governador de Pernambuco, Jarbas Vasconcelos (PMDB).

- (São Paulo) - A queda abrupta de Ciro Gomes (PPS) e a subida repentina de José Serra (PSDB) nas pesquisas pegaram de surpresa a cúpula da campanha de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no meio de uma delicada operação de aproximação do PT com os tucanos e, mais especificamente, com o presidente Fernando Henrique Cardoso com vistas ao segundo turno.

A negociação, suspensa até que as tendências apontadas pelas últimas pesquisas se cristalizem, pôde ser notada em detalhes sutis do discurso de Lula. "O Globo" reuniu nas últimas duas semanas uma série de declarações do petista favoráveis ao presidente tucano, ao qual o PT fez uma oposição sem trégua nos últimos oito anos.


Colunistas

PANORAMA POLÍTICO - Tereza Cruvinel

- Quinta-feira, em sua coluna, Luiz Fernando Veríssimo nos falava dos "sinais mortíferos" que os gregos antigos viam na palavra escrita. Aprisionavam idéias, conferindo-lhes um poder maior do que o da palavra dita. Mas hoje, com o gravador e o vídeo, também esta pode ser fatal.


Editorial

"TÍTULO MERECIDO"

- O Rio é a partir de hoje - e ao longo de toda a semana - a capital mundial do petróleo, título merecido já que quase 85% da produção brasileira são extraídos do litoral fluminense.

A cada três anos, a indústria de petróleo promove um grande congresso internacional, no qual são debatidas todas as questões importantes que envolvem o setor e têm impacto ao redor.

Brasil e Turquia se candidataram a sediar o congresso, e na disputa o Rio foi escolhido exatamente pelo interesse que o País passou a despertar junto às empresas depois da abertura do mercado brasileiro para novos investimentos.

Assim, durante uma semana três mil visitantes estrangeiros terão a oportunidade de fazer negócios e também de desfrutar do que o Rio tem de bom.


Topo da página



09/01/2002


Artigos Relacionados


Famílias pobres gastam mais do que ricos com aluguel no Brasil, diz Ipea

Famílias da classe média gastam mais que ricos em alimentação e assistência à saúde

Justiça garante comida e lonas a famílias acampadas em GO

Juros do crédito empresarial sobem mais do que para famílias

Empresas pagam menos juros em abril, mas famílias tem crédito mais caro

Juros sobre consumo das famílias devem ficar ainda mais altos, alerta BC