Fapesp: Vira-lata diferencia frases com dois termos e usa teclas para se comunicar com humanos



Habilidade interessa ao Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo

Sofia não é uma cachorra superdotada. Sem raça definida, de pequeno porte, com cerca de 5 quilos, passaria despercebida numa matilha de vira-latas. Mas desenvolveu, ao longo de 4 anos de vida e centenas de sessões de treinamento, uma ou duas habilidades que a tornam especial para um grupo de pesquisadores do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (IP/USP) especializado em comportamento animal.

Sofia entende e diferencia com razoável grau de acerto frases compostas por dois termos distintos, como “busca bola” e “aponta palito”, e se comunica com seres humanos por meio de um teclado especial, no qual sinais arbitrários representam objetos ou ações almejados pelo animal. Impresso numa das oito teclas desse painel eletrônico, um conjunto de listas verticais pretas simboliza, por exemplo, o desejo de dar um passeio em companhia do dono.

Em vez de apontar o portão da rua, como faz a maioria dos cachorros, a cadela, quando quer sair, aciona no painel eletrônico a casa equivalente a passeio e começa a fitar o seu instrutor, como que a dizer “Ei, quero dar uma voltinha”. O gesto é feito apenas quando há um ser humano por perto, tendo, segundo os pesquisadores, o caráter de sinal comunicativo, não de simples resposta condicionada.

Novos estudos, como os trabalhos com Sofia, sugerem que o processo cognitivo é mais refinado nos amigos de quatro patas do que se pensava. Os cães se situariam na tradição dos chamados animais “lingüísticos”, como os chimpanzés, os bonobos, os golfinhos e os papagaios, capazes de, em contato com o homem, adquirir sistemas de comunicação por signos arbitrários.

Eles não chegariam a ser tão “inteligentes” como os macacos, mas os superariam em certas habilidades comunicativas, como a interpretação de gestos e olhares humanos. Quando uma cadela de 4 anos usa um teclado para mandar uma mensagem a seu treinador, ou quando responde apropriadamente a comandos múltiplos, esse ato denota uma capacidade de abstração e associação de idéias semelhante ao processo de aprendizagem de palavras por crianças.

“O potencial dos cães de compreender a linguagem humana é freqüentemente subestimado ou tratado de forma folclórica”, afirma Cesar Ades, especialista em comportamento animal do IP/USP, que coordena as pesquisas com avira-lata. “Os cachorros não são mais inteligentes que os lobos ( Canis lupus ), do quais descendem. Eles apenas se comunicam melhor com a gente.”

Leia a matéria completa no site da Para Anibal Diniz, decisão de Neymar combate 'complexo de vira-lata' do brasileiro

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