Febrace reúne o melhor do talento científico do estudante brasileiro
Nove projetos presentes no evento serão escolhidos para serem apresentados em maio, em Atlanta (EUA)
Quem disse que jovem não pode ser cientista? Não só pode como existem muitos no Brasil. Centenas deles se apresentaram na Feira Brasileira de Ciência e Engenharia (Febrace 2008), na Escola Politécnica da USP, na Cidade Universitária, realizada na semana passada. Em diversos estandes, estudantes da oitava série do fundamental, do ensino médio e de cursos técnicos exibiram 262 projetos científicos em seis áreas do conhecimento: Exatas e da Terra, Biológicas, Saúde, Agrárias, Humanas e da Engenharia.
O evento, coordenado pela professora Roseli de Deus Lopes, da Poli-USP, teve o apoio de entidades científicas públicas e privadas. Ela conta que foram recebidas centenas de projetos de 24 Estados e do Distrito Federal. Em novembro do ano passado, mais de 200 especialistas voluntários (professores, pesquisadores, profissionais de pós-graduação ou doutorandos) selecionaram os melhores para participar da edição 2008.
A coordenadora informa que a segunda avaliação é feita durante a feira. Em cada categoria, são premiados três trabalhos. Além dos organizadores da Febrace, existem outras instituições públicas e privadas que igualmente avaliam as idéias apresentadas pelos estudantes. Os premiados costumam ganhar notebooks, livros, viagens, bolsas de estudo, estágios, equipamentos científicos e outros estímulos para que continuem seus projetos.
Roseli relembra algumas invenções, de feiras passadas, que foram aplicadas na prática. No Rio Grande do Sul, há dois casos: programa para melhorar a produção de couros e sistema eletroeletrônico de controle de qualidade do leite. Um projeto bastante interessante, de alunos de Brasília, causou sensação numa das feiras. Trata-se do protótipo de um trem capaz de levitar sobre os trilhos, por ação de magnetismo.
“Eles se inspiram em idéias do cotidiano, de suas casas, da comunidade em que vivem ou simplesmente por notícia”, diz Roseli. “Nos casos domésticos, por exemplo, todo ano tem alguém que mostra equipamento ou método para a redução de consumo de energia elétrica e água”.
A maioria do público é formada por jovens de 15 a 19 anos. Muitos, trazidos por excursões de suas escolas, como Daniel Trentin e Pedro Luiz Pereira Júnior, os dois com 16 anos e estudantes da Escola Técnica Estadual Camargo Aranha, da Mooca. Daniel gostou de um método para medir percepções humanas e Pedro, de uma esteira virtual.
Em paralelo à Febrace, foi montada a 2ª Mostra Juvenil de Ciência e Tecnologia do Mercosul, com 30 projetos da Argentina, Paraguai, Uruguai, Venezuela, Colômbia, Equador, Bolívia, Chile e Peru. O evento é realizado a cada dois anos, num dos países participantes. O último foi na Argentina. E é de lá que vieram os jovens Juan Manuel Romero e Gonzalo Cabrera, ambos de 19 anos, que cursam escola técnica na cidade de Rio Gallegos. Eles projetaram um robô que detecta ar nocivo ou explosivo em minas de carvão.
Cordel e tilápia
O carioca Bruno Lessa, de 17 anos, veio à Febrace mostrar sua motocicleta movida a eletricidade. A moto funciona com duas baterias de 12 volts cada, ligadas em série. A velocidade máxima é de 30 quilômetros por hora, com autonomia de 2,5 horas. As baterias demoram de 8 a 12 horas para recarregar. “Acho que quando eu aumentar a corrente – de 12 para 60 amperes –, a moto vai andar por mais tempo”, adianta Bruno.
A tilápia é mesmo um peixe em que se aproveita tudo, até o couro. Este é o projeto de Priscila Oliveira André (16 anos), da Escola Técnica Estadual Carmelino Correa Júnior, de Franca (SP). Ela desenvolveu um tratamento específico para deixar o couro da tilápia pronto para ser usado em calçados e bolsas. Por incrível que pareça, o produto é tão resistente quanto o de bovino. A matéria-prima é fornecida por um frigorífico da cidade, que comercializa o peixe.
De Laguna (SC), veio o estudante Adriano Oliveira Pires (17 anos) para mostrar a Conchinha, uma boneca eletrônica falante. Ele percorre escolas de sua cidade para levar os ensinamentos de Conchinha sobre a preservação dos sambaquis (sítios arqueológicos à base de moluscos, criados por índios há milhares de anos), muito comuns em Laguna. “Infelizmente, a ação humana degrada esta riqueza natural de nossa região”, lamenta.
Os pernambucanos Renato Albuquerque Silva (18) e Henrique Mendes Dias (19), que concluíram o ensino médio ano passado, numa escola estadual do Recife, expuseram seu projeto de preservação da literatura de cordel. Preocupados com a juventude atual, que pouco se incomoda com a cultural local, os dois realizam palestras, eventos e cursos em escolas para resgatar a importância do cordel.
Otávio Nunes
Da Agência Imprensa Oficial
03/18/2008
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