Filinto Muller colaborou com duas ditaduras



O ex-senador Filinto Muller, que dá nome a uma das alas de gabinetes no Senado, colaborou com as duas ditaduras que governaram o Brasil com mão de ferro no século 20. Como chefe de polícia, na ditadura Vargas; e como líder político, na sustentação do regime dos generais.

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Nascido em Cuiabá, em 1900, Muller participou do Movimento Tenentista, de oposição à oligarquia da República Velha (1891-1930).  A ascensão de Getúlio Vargas em 1930, com o apoio de grande parte dos tenentes, e a posterior implantação da ditadura do Estado Novo trouxe Muller para o centro do poder político. Ele personificou a repressão violenta aos movimentos de oposição a Getúlio, principalmente comunistas, mas também integralistas. Em 1932, exerceu papel de destaque no combate à Revolução Constitucionalista de São Paulo. Logo em seguida, assumiu a temida Polícia do Rio de Janeiro (então capital), cargo que ocupou até 1942.

A perseguição aos opositores de Vargas gerou acusações de tortura e assassinatos. A atuação de Filinto Muller é citada, por exemplo, no episódio de deportação da mulher do líder comunista Luís Carlos Prestes, a judia alemã Olga Benário, que, mesmo grávida, foi entregue à Alemanha, onde seria morta no campo de concentração nazista de Bernburg.

A propósito, são frequentemente mencionadas as relações entre Filinto Muller e o regime de Hitler. Em 1937, durante o auge da popularidade do füher, visitou a Alemanha, onde se encontrou com o chefe da polícia política nazista, Heinrich Himmler.

As primeiras derrotas dos alemães na 2ª Guerra significaram a perda de prestígio de Filinto Muller. A gota d’água foi a tentativa de impedir manifestação pró aliados no Rio de Janeiro, em 1942. O movimento ocorreu, a despeito das ações do chefe de polícia, e com grande apoio popular, o que abriu uma crise no governo e a demissão de Muller.

Fora do governo, Filinto Muller assistiu à queda de Vargas. Com o restabelecimento da normalidade institucional, foi um dos fundadores do PSD, que contava com inúmeros colaboradores do ex-presidente.

Em 1947, conquistou uma cadeira no Senado por Mato Grosso. Foi reeleito em 1955 e 1962. Teve destacada atuação no Senado, exercendo a liderança do PSD e, posteriormente, do governo Juscelino Kubitscheck.

Com o Golpe de 1964 e a cassação dos direitos de inúmeros políticos – inclusive Juscelino – e a implantação do bipartidarismo, Filinto Muller filiou-se ao partido da ditadura, a Arena. Pela legenda, reelegeu-se mais uma vez em 1970.

Filinto Muller foi um dos parlamentares mais importantes no apoio ao Regime Militar, ocupando a liderança da Arena e do governo no Senado. Em 1973, assumiu a Presidência do Senado. Morreu num acidente aéreo em Paris, em julho do mesmo ano.


(Com informações do Centro de Documentação da Fundação Getúlio Vargas)



12/06/2012

Agência Senado


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