Flexa Ribeiro quer que Senado investigue se há escravidão em usina paraense



O senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA) apresentou requerimento nesta terça-feira (10) para a criação de uma comissão composta por senadores do Pará com o objetivo de averiguar as condições da rescisão direta do contrato de trabalho de 1.180 empregados da empresa Pará Pastoril e Agrícola (Pagrisa), localizada no município de Ulianópolis. A rescisão é resultante da fiscalização empreendida pelo Ministério do Trabalho e pelo Ministério Público do Trabalho.

Flexa Ribeiro disse que na semana retrasada uma força tarefa liderada pelo Ministério do Trabalho realizou fiscalização na Pagrisa, em que identificou a utilização de "trabalho escravo ou degradante análogo à escravidão". A inspeção foi realizada logo após uma outra realizada pela Delegacia Regional do Trabalho, que não havia encontrado nenhuma irregularidade nas condições de trabalho da empresa.

Para o senador, existe uma "estranha coincidência" entre o resultado da fiscalização e o discurso proferido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e, Bruxelas, quando defendeu o Programa do Biodiesel Brasileiro.

- Esse discurso criou mais incertezas e dúvidas do que esclareceu sobre a produção de etanol na Amazônia brasileira. O presidente da República disse que a Amazônia é uma região que não se presta para o cultivo da cana. Cometeu o presidente Lula um equívoco. Para produzir cana-de-açúcar, a Amazônia não precisa desmatar um só palmo de floresta nativa - afirmou.

Ribeiro lembrou que um estudo encomendado pelo governo do Pará, realizado pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, da Universidade de São Paulo (USP), e terminado em dezembro de 2006, concluiu que, no Leste do Pará, há 16,4 milhões de hectares de áreas com potencial para cultivo da cana-de-açúcar. Dessa área, cerca de 9 milhões (54,7%) são classificados como de alta aptidão para o cultivo da cana, considerando-se as condições climáticas e de relevo.

- Ao cruzarmos os fatos, podemos desconfiar que pode, sim, haver uma relação entre o caso Pagrisa, a acusação de trabalho escravo, a declaração do presidente Lula em Bruxelas, a manifestação dos parlamentares espanhóis, italianos, alemães de apreensão com a expansão das áreas de cana-de-açúcar, para dar conta do Programa de Biodiesel que o presidente Lula defende. O Pará é hoje o maior produtor do Brasil de óleo de palma e tem uma área agricultável que pode transformálo no maior produtor do mundo, passando a Malásia - assinalou.

Apartearam e apoiaram-se a iniciativa de Flexa Ribeiro a senadora Kátia Abreu (DEM-TO), Valdir Raupp (PMDB-RO) e Mário Couto (PSDB-PA).

10/07/2007

Agência Senado


Artigos Relacionados


Flexa Ribeiro quer que Polícia Federal investigue assalto a seu gabinete em Belém

Flexa Ribeiro parabeniza município paraense de Paragominas

Flexa Ribeiro homenageia universitária paraense de 81 anos

Flexa Ribeiro lamenta morte de empresário paraense

Flexa Ribeiro aponta omissão do governo paraense no combate à malária

Flexa Ribeiro defende governo do Pará contra crítica de jornal paraense