Fluxo intenso de capital estrangeiro dificulta combate à inflação, diz presidente do BC



Para o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, a maior intensidade da entrada de capital estrangeiro no Brasil traz desafios no combate à inflação. Para Tombini, o fluxo intenso de capital para o Brasil serve de “combustível” para expansão rápida do crédito, em um momento em que é necessário o crescimento moderado. As declarações foram feitas nesta quinta-feira (5), durante participação em audiência pública na Câmara dos Deputados.

O presidente do BC disse que o aumento intenso da entrada de capital também gera impactos nos preços de ativos e no câmbio. Ele enfatizou, entretanto, que o Brasil precisa de investimentos estrangeiros e está aberto ao capital externo, prestando atenção quanto à intensidade.

Tombini lembrou que o governo adotou medidas macroprudenciais para “ponderar e reduzir” esse fluxo de entrada de capital estrangeiro. Segundo ele, a definição de uma “quarentena [prazo limite entre a entrada e a saída de recursos, para que possa haver ganhos de rentabilidade] não está no radar do Banco Central”.

Ele destacou ainda que os preços das commodities (produtos básicos com cotação internacional) agrícolas e do petróleo também têm estimulado a inflação no Brasil.


Metas

Para Tombini, o regime de metas para inflação “tem servido bem” ao Brasil. Segundo ele, esse sistema permite coordenar as expectativas e, dessa forma, ajuda no planejamento e nas decisões de consumo.

Para este ano, a meta de inflação é 4,5%, com margem de 2 pontos percentuais para mais ou para menos. A expectativa do mercado financeiro para a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para este ano está em 6,37%, acima do centro da meta. Cabe ao BC perseguir a meta e, para isso, o banco usa como instrumento a taxa básica de juros, Selic. Essa taxa é elevada quando o BC considera que a economia está aquecida e que a inflação tem trajetória de alta.

Tombini destacou ainda que, desde 2001, as taxas de juros de mercado têm baixado e os juros reais (descontada a inflação) também estão em declínio.

O presidente do BC disse que o governo tem o objetivo de ampliar ao longo do tempo a oferta e o acesso da população ao crédito e ao sistema financeiro, com regulação prudencial. “A ideia é procurar garantir a expansão de crédito, sem comprometimento da estabilidade financeira.”

Tombini destacou que, quanto mais pessoas tiverem acesso ao sistema financeiro, maior será a eficácia da política monetária (ajustes na taxa Selic). “No ciclo de aperto monetário [aumento da Selic] que estamos, cria-se um incentivo para o poupador que terá maior rendimento nas aplicações financeiras”, defendeu.


Inflação vai diminuir

Durante a audiência, o presidente do BC ainda afirmou que a inflação no País deve ser mais baixa nos próximos meses. “Veremos uma inflação mensal girando em valores mais baixos”, disse. Segundo ele, o índice deve ficar dentro da meta, com o nível mensal variando entre 0,35% e 0,40%.

“Estaremos caminhando para o controle da inflação”, disse. “O cidadão comum vai sentir a inflação mais baixa ao longo do ano”.

Tombini enfatizou que os aumentos da taxa de juros neste ano ainda terão efeitos na economia. “Precisamos ter garantias de que a inflação vai convergir para o centro. Mas controlar a inflação não é corrida de 100 metros. É um esforço prolongado”, afirmou. Segundo ele, a inflação deve convergir para o centro da meta de 4,5% em 2012.

 

Fonte:
Agência Brasil



05/05/2011 20:06


Artigos Relacionados


Alta das commodities dificulta combate à inflação

SATURNINO: "NOVO PRESIDENTE DO BNDES É AGENTE DO CAPITAL ESTRANGEIRO"

Presidente do BC admite pressão de capital externo sobre inflação

Inflação para famílias de baixa renda inicia ano em ritmo menos intenso, mostra FGV

Controle da inflação e de fluxo de capitais estrangeiros são prioridade para o BC, afirma Tombini

Fundação Seade aponta queda no fluxo de migração para capital