FMI envia recomendação ao Brasil sobre contenção de gastos públicos



O Fundo Monetário Internacional (FMI) recomendou nesta terça-feira (19) que o Brasil desacelere a expansão do gasto público e restrinja operações parafiscais (que não aparecem no orçamento) dos bancos públicos. 

As recomendações estão no relatório divulgado nesta terça-feira, em Washington. No documento Perspectivas Econômicas das Américas, o Brasil e outros países latino-americanos que apresentam crescimento vigoroso — com grandes fluxos de capital estrangeiro — devem estar atentos aos riscos de superaquecimento da economia, inflação e deterioração das contas externas.

As informações são da BBC Brasil. O Fundo recomenda que, nesses países, "a normalização da política fiscal seja a primeira linha de defesa, com ênfase em desacelerar a expansão do gasto público".

"No caso do Brasil, a restrição do gasto deverá ser acompanhada de uma diminuição das operações parafiscais dos bancos públicos [o que, por sua vez, permitirá corrigir as distorções do canal de crédito que reduzem a eficácia da política monetária]", diz o texto.

Críticos no Brasil afirmam que os aportes ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) podem desequilibrar as contas públicas e que o Tesouro está aumentando a dívida pública ao destinar recursos ao banco.

A combinação entre política fiscal e monetária a ser adotada pelo próximo governo brasileiro, que assumirá o poder em janeiro de 2011, é motivo de preocupação de analistas. 

Muitos afirmam que uma política fiscal mais rígida, com menor expansão do gasto público, reduziria a pressão sobre a política monetária (taxa de juros) e, consequentemente, diminuiriam o fluxo de capital externo na economia brasileira e a valorização do real em relação ao dólar – o que prejudica exportadores nacionais.

De acordo com o fundo, a retirada do estímulo fiscal deve preceder a retirada do estímulo monetário. "Isso permitiria que a política monetária desempenhasse um papel secundário, em que as taxas de juros regressem a níveis neutros de maneira mais gradual do que seria necessário em outros casos", diz o relatório.

A taxa básica de juros no Brasil é de 10,75% ao ano, uma das mais altas do mundo, o que serve de atrativo para investidores estrangeiros, em um momento em que economias avançadas, como a americana, mantêm suas taxas de juros próximas de zero.

A entrada excessiva de capital estrangeiro preocupa o Estado brasileiro, que já tomou medidas para restringir esse fluxo, como o recente aumento da alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para aplicações de estrangeiros no mercado de renda fixa.


Fonte:
Agência Brasil



19/10/2010 17:32


Artigos Relacionados


FMI recomenda aumento de juros e contenção de gastos públicos na América Latina

Diante da crise dos mercados, Arthur Virgílio recomenda contenção dos gastos públicos

Sarney anuncia contenção de gastos no Senado

MUDANÇAS NA RESOLUÇÃO Nº 78 E CONTENÇÃO DE GASTOS PROVOCARAM POLÊMICA NA CAE

Renan anuncia novas medidas de contenção de gastos no Senado

Mão Santa alerta o governo para a necessidade de contenção de gastos