Fortunati é eleito presidente para 2002









Fortunati é eleito presidente para 2002
Numa sessão bastante tumultuada, com diversas tentativas de obstaculização dos partidos do bloco democrático popular (PT, PSB e PCdoB), o vereador José Fortunati (PDT) foi eleito ontem para a presidência da Câmara Municipal de Porto Alegre para o ano de 2002 por 20 votos contra 11, recebidos por Estilac Xavier(PT). Fortunati substitui Fernando Záchia (PMDB), que renunciou ao cargo no início da sessão extraordinária convocada para a eleição na nova mesa diretora do Legislativo.

Os vereadores João Dib e Pedro Américo Leal, ambos do PPB, se abstiveram de votar. Também foi eleito o novo 3º secretário, João Carlos Nedel (PPB), no lugar de Ervino Besson (PDT). Besson renunciou ao cargo para evitar que o argumento de descumprimento do Regimento Interno, que prevê a proporcionalidade das bancadas na composição da Mesa Diretora, levantado em questão de ordem pelo vereador Marcelo Daneris (PT), fosse consumado.

Carlos Garcia (PSB) e Helena Bonumá (PT), mantiveram a posição de não renunciarem aos seus cargos na mesa, 1ª vice-presidência e 1ª secretaria, respectivamente. O fato gerou a permanência de Reginaldo Pujol (PFL) na 2ª vice-presidente e Paulo Brum (PSDB) na 2ª secretária.

Em sua justificativa de voto, Dib explicou a decisão de se abster da escolha do novo dirigente da Câmara: "Abstive-me de votar por não desejar vincular-me a nenhum dos grupos que organizaram a eleição da Mesa Diretora. Minha vinculação continua sendo integralmente com Porto Alegre e seu povo, que eu desejo continuar servindo".

Na condição de presidente eleito, Fortunati garantiu que não agirá com rancor contra os seus ex-companheiros de partido que "de todas as formas possíveis tentaram inviabilizar a candidatura Fortunati. Darei um tapa de luva naqueles que me atacaram", afirmou Fortunati.

Estilac prevê prejuízos nas relações com Executivo
Estilac Xavier (PT) afirmou que a eleição de Fortunati irá prejudicar as relações do Legislativo com o Executivo, em razão da postura anti-PT adotada por Fortunati, após a sua transferência do partido para o PDT. Ele também disse que o bloco popular irá avaliar a possibilidade de ingressar em juízo contra a decisão da Procuradoria Geral da Câmara que deu condições à votação. A posição da procuradora Marion Huf Alimena foi endossada pela Comissão de Constituição e Justiça e aprovada no plenário com 20 votos favoráveis, 11 contrários e duas abstenções. Carlos Garcia (PSB) que presidiu a sessão até a eleição de José Fortunati, disse que apesar das pressões sofridas por ambos os lados, agiu com total isenção, característica, que segundo ele, é imposta a qualquer parlamentar que assume um cargo da envergadura da presidência da Câmara. Garcia acredita que a partir de agora os ânimos devem ser amainados e a governabilidade da Casa deve ser buscada pelo novo presidente em conjunto com os demais membros da mesa.


Simon e Jungmann apóiam convocação extra do PMDB
O senador Pedro Simon (RS) e o ministro do Desenvolvimento Agrário, Raul Jungmann, anunciaram ontem que vão apoiar a realização de uma convenção extraordinária do PMDB, no dia 3 de março, para garantir a realização da prévia em que será escolhido o candidato do partido à Presidência da República. Os dois tiveram um encontro de uma hora na casa de praia do senador Pedro Simon, em Rainha do Mar.
"O Jungmann confirmou que é candidato às prévias e assinou a convocação da convenção. Ele é ministro e seu apoio tem peso político", disse Simon. Jungmann e Simon decidiram organizar um debate entre os candidatos em Brasília, no final de fevereiro, e vão convidar o governador Itamar Franco para participar. A convenção extraordinária está sendo convocada por iniciativa dos aliados de Itamar para evitar que integrantes do comando do PMDB, favoráveis a uma aliança com o PSDB na sucessão presidencial, inviabilizem a prévia.

Para realizar a convenção será preciso a assinatura de pelo menos 173 convencionais, e Simon anunciou o apoio maciço da representação do Rio Grande do Sul, e de outros Estados que estão apoiando sua pré-candidatura. O ministro Raul Jungmann negou para Simon que desiste de sua candidatura na hipótese de uma candidatura a vice-presidente na chapa de José Serra do governador de Pernambucano, Jarbas Vasconcellos. Jungman disse que a única hipótese de desistir de disputar a prévia é no caso de Jarbas Vasconcellos ser lançado a presidente da República. Neste caso como seu conterrâneo teria que apoiá-lo.


Declaração de Porto Alegre encerra Fórum dos Prefeitos
No encerramento do II Fórum de Autoridades Locais pela Inclusão Social, ontem, foi divulgada a Declaração de Porto Alegre, documento resultante de todo o processo de discussão, cria uma rede mundial de cidades com o objetivo de impulsionar uma nova organização mundial. A rede Cidades pela Inclusão Social é resultante do processo de fusão da Federação Mundial de Cidades Unidas (FMCU) e da União Internacional de Autoridades Locais (IULA).

O documento, elaborado no decorrer de três dias de debates, propõe a interferência das cidades signatárias no cenário internacional na tentativa de construir uma nova globalização, que vá além do atual domínio financeiro, aceite instâncias democráticas internacionais e assegure o desenvolvimento sustentável. Impulsionar a criação de políticas de solidariedade, tentar o cancelamento da dívida dos países mais pobres e intercambiar experiências para a construção de políticas públicas de inclusão estão entre os objetivos firmados no encontro.

O II FAL reuniu mais de 1.000 participantes, com a presença de mais de 200 prefeitos, ministros, deputados, e intelectuais, no Centro de Eventos do Plaza São Rafael.

O documento ainda enfatiza que os assassinatos de dois prefeitos brasileiros comprometidos com as propostas deste Fórum, Celso Daniel, de Santo André, e Antonio da Costa Santos, de Campinas, "exigem nosso maior empenho para promover as mudanças sociais que defendemos. Estamos solidários com as populações dessas cidades e exigimos que os responsáveis sejam rapidamente encontrados e julgados, e que esses crimes sejam prontamente esclarecidos em toda a sua dimensão".

Finalmente, a Declaração de Porto Alegre, através de seus signatários, aprova a realização do III Fórum de Autoridades Locais na Capital gaúcha em 2003.

Prefeitos organizam o envio de medicamentos à Argentina
Prefeitos de diferentes países presentes no 2º Fórum de Autoridades Locais pela Inclusão Social anunciaram a formação de uma rede de colaboração à falta de condições sanitárias dos municípios argentinos. Autoridades de municípios europeus e latino-americanos mobilizarão esforços na busca de remédios e recursos financeiros para enviar à Argentina.

Os valores necessários à manutenção da saúde pública daquele país ainda não foram calculados e também não há expectativa de quanto será possível angariar. Conforme a presidente da Federação Mundial de Cidades Unidas (FMCU) e presidente da província de Torino, na Itália, Mercedes Bresso, as prefeituras argentinas vão preparar uma lista de medicamentos, para que a entidade possa viabilizar o seu recolhimento e envio à Argentina. "Os prefeitos de Buenos Aires, Aníbal Ibarra, e de Rosário, Herme Binner, ilustraram a situação dramática da população e esta é uma iniciativa de solidariedade que conta com o apoio de inúmeros prefeitos", afirmou.

"É uma proposta nossa em vista do que poderíamos aportar ao país vizinho", declarou a prefeita de São Paulo e vice-presidente da FMCU, Marta Suplicy. Ela confirma o apoio de laboratórios e empresas do setor de transportes nesta medida. "O Estado de São Paulo está proposto a recolher e provide nciar o transporte dos remédios à Buenos Aires, com a colaboração das empresas de transporte", declara, mencionando que o secretário da saúde Eduardo Jorge Já entrou em contato com a Abifarma, uma das empresas dispostas a ajudar. Além disso, a federação conta com o apoio da população, que pode enviar remédios que tenham em casa, dentro da data de validade e estejam na lista de necessidades. Os procedimentos a tomar serão divulgados pelas prefeituras.


Gerdau terá o controle da Açominas
A Gerdau anunciou ontem o acordo com a Natsteel, de Cingapura, para assumir os 24,8% de participação da empresa no capital social da Açominas. Com a compra, o Grupo passa a deter 51% da Açominas, com participação superior a 70% do capital social da companhia e a maioria qualificada do bloco de controle. "Essa posição é importante, porque permite que a Gerdau tenha controle sobre a companhia, e, portanto, sobre as decisões estratégicas", destaca o diretor financeiro e de relação com investidores da empresa, Osvaldo Schirmer.

O negócio custou R$ 508,9 milhões. A decisão quanto ao financiamento da compra será tomada até outubro, mas Schirmer sinaliza como opções a utilização de recursos próprios, de caixa gerado no período e de instrumentos de mercado, como dívida bancária ou antecipação de exportações.

A Açominas tem importância estratégica para a Gerdau. "É um negócio diferenciado, já que lá se produz aço a partir de minério de ferro, com preços altamente competitivos no mundo", afirma o executivo. A previsão é produzir 2,5 milhões de toneladas em 2002, o que representa 80% da capacidade total da usina. Do total, 60% será destinado à exportação.


Bovespa fecha em alta e dólar cai para R$ 2,42
O mercado interno continua instável. Após cair até 1,61%, o Ibovespa recuperou o fôlego e fechou em alta de 0,25%, com um volume acima da média dos dias anteriores, R$ 651,07 milhões. O dólar interrompeu a seqüência de sete altas consecutivas e cedeu 0,25%, para R$ 2,42. O movimento especulativo das tesourarias de bancos voltou a marcar os negócios. Parte do comportamento do dólar é atribuído a um reajuste técnico. "O fluxo foi equilibrado sem muita pressão", diz o diretor de mesa do Lloyds TSB, Marcelo Schmitt.

O analista da Ágora Corretora, Rogério Oliveira, afirma que a hora é de comprar ações. "Todos os riscos já estão embutidos nos preços", diz. As maiores altas ontem foram dos papéis do setor elétrico. A Copel PNB, 5,3% e e a Cemig ON, 4,11%. A Embratel PN recuperou parte do tombo de terça-feira e subiu 3,05%.
O secretário da Receita Federal, Everardo Maciel, disse que uma emenda constitucional deve liberar as aplicações nas Bolsas de Valores da CPMF. A expectativa é de que o Congresso aprove a medida entre março e abril deste ano. Maciel afirmou que a arrecadação anual efetiva nas bolsas atinge uma base de R$ 300 milhões.


Duplica o número de participantes
O comitê organizador da segunda edição do Fórum Social Mundial já tem motivos para comemorar mesmo antes da abertura oficial do evento, marcada para o final da tarde de hoje. O número de participantes duplicou em relação ao ano passado. O público esperado para os seis dias de programação é de 40 mil pessoas, além dos 13 mil delegados do encontro. No total, serão cerca de 60 mil pessoas. "Há uma grande adesão às idéias propostas para uma nova política econômica", diz Maria Luisa Mendonça, da Rede Social de Justiça e Direitos Humanos e integrante do comitê.

Além do contraponto aos conceitos apresentados no Fórum Econômico Mundial, que acontece simultaneamente em Nova Iorque, o Fórum Social Mundial vai apresentar em Porto Alegre as experiências de centenas de organizações mundiais. Serão desenvolvidas mais de 700 oficinas, 100 seminários e 28 conferências, até o dia 5 de fevereiro. "Uma característica importante desse ano é a prioridade dada à participação de redes internacionais e de movimentos sociais, o que permite a articulação de diversos setores", afirma Maria Luisa.

O processo teve início no 1º Fórum, quando 20 mil pessoas estiveram no encontro em Porto Alegre. As ações tomadas nesse período serão apresentadas nesta segunda edição, que também contará com eventos específicos, como o 1º Ato pela Paz e o tribunal da dívida externa. As palestras e conferências podem ser vistas na internet pelo site www.forumsocialmundial.org.br.

No dia 4 de fevereiro, será promovida uma marcha contra a Área de Livre Comércio das Américas (Alca). "Vamos aproveitar a oportunidade para lançar a idéia de um plebiscito sobre a Alca", revela Egídio Brunetto, do Movimento dos Sem Terra (MST). A meta, diz Brunetto, é reunir 10 mil pessoas no protesto. Também são esperados dois mil camponeses de diversos países.

Para o governador Olívio Dutra, que participou da apresentação do evento, o Fórum Social Mundial se consolida como uma alternativa ao projeto neoliberal. "A Argentina foi obediente e caiu em uma profunda crise. Agora cabe ao povo argentino recuperar seu destino", argumenta. Olívio Dutra diz que o encontro não tem o objetivo de condensar um pensamento único, mas alega que as conclusões exercem poder de influência nos organismos internacionais. Por isso, o Fórum não apresentará uma carta final, mas sim diversos documentos sobre os temas abordados.

Durante este ano também serão desenvolvidos fóruns em diversos países. Já está sendo formado um grupo de trabalho responsável pelo fórum em Jerusalém, que deve acontecer no segundo semestre. "Vai ser uma tarefa difícil", diz Oded Grajew, do Instituto Ethos. Os resultados serão apresentados no 3º Fórum Social Mundial, que será novamente em Porto Alegre em 2003.

Segurança leva organizadores a barrar inscrições
A segurança foi uma das maiores preocupações dos organizadores do Fórum Social Mundial (FSM). O tema levou os organizadores a barrar a participação de um representante do Banco Mundial no evento. "Aconselhamos o representante do Banco Mundial a não vir a Porto Alegre, pois não teríamos condições de garantir sua própria segurança", afirmou Cândido Grybowsky, do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase), durante coletiva de apresentação do evento.

Além do representante do Banco Mundial, o primeiro-ministro da Bélgica, Guy Verhofstadt, também foi barrado no evento, mas por outros motivos. Segundo Grybowsky, que faz parte do comitê organizador do FSM, o primeiro-ministro belga chegou a telefonar para os organizadores, "mas não foi convidado porque defende os interesses neoliberais e é um governante de direita que vai contra os princípios do evento".

O comitê organizador da segunda edição do Fórum Mundial Social também vetou a inscrição de 11 representantes do grupo terrorista espanhol ETA.

Além da segurança das autoridades, o governo de Porto Alegre procurou também reforçar o policiamento de uma maneira geral, durante os dias do evento. "Há um clima de violência crescente, o Brasil é considerado pela ONU o terceiro em grau de violência. Por isso, estamos tendo um cuidado maior com a questão de segurança e colocando as polícias do Estado para garantir os direitos dos cidadãos", disse o governador Olívio Dutra.


Artigos

Férias e a insegurança
David Iasnogrodski

Estou entrando de férias como muitos de vocês. Só que neste ano está sendo diferente. O período é de muita intranqüilidade entre as pessoas. O noticiário de todos os jornais estampa amplo espaço à parte policial. Tenho certeza de que todos os pais, ao levarem seus filhos para o merecido descanso em muitas horas, até eles retornarem à residência, ficam angustiados e preocupados. Não importando a idade dessas crianças, adolescentes ou mesmo adultos. O pensamento geral é nos dados apresentados pelos noticiosos que nos mostram os problemas existentes, nos deixando cada vez mais intranqüilos. Por outro lado, os filhos, ao observarem os pais saírem para qualquer divertimento ou visita, também estão com o pensamento nos seqüestros e assaltos. O período é difícil. O período é de férias. O período é de nos unirmos contra o crime, contra a insegurança da população brasileira. E o que fazer? Não sei. Só sei dizer que precisamos, com a maior urgência possível, dar a volta por cima, ou seja devemos nos unir em todos os sentidos a favor da volta à tranqüilidade da família. Só se dialoga sobre um só fato: insegurança! A família só diz: cuidado meu filho!

Já possuímos grades nas nossas casa. Já possuímos alarmes nas residências e automóveis. Já possuímos sensores contra roubos. Enfim, estamos numa verdadeira prisão domiciliar. Nossos ônibus urbanos já possuem câmeras de vídeo para prevenirem possíveis assaltos ou roubos. Alguns de nossos táxis já possuem cabinas protetoras ao motorista. O que fazer mais? Não sei. Volto a repetir, precisamos nos unir contra essa intranqüilidade. Nossas férias serão inseguras. Nosso pensamento estará longe, pensando sempre no pior. Não posso deixar de desejar, assim mesmo, umas boas férias a todos e um feliz retorno, sem corridas pelas estradas, pois também aí devemos nos cuidar.


Colunistas

ADÃO OLIVEIRA

Os candidatos à Presidência da República anteciparam a campanha política no rádio e na TV e estão desrespeitando a lei eleitoral. A avaliação é do presidente da Comissão de Direito Eleitoral da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), secção São Paulo, Luciano Santos. O resultado de pesquisas pode ser divulgado mediante alguns critérios, mas o que está se vendo ultimamente é a veiculação irregular da propaganda política eleitoral e partidária, na opinião dele.

Temas comunitários
Santos lembrou que no primeiro semestre de 2002 está permitida apenas a propaganda partidária e a difusão dos programas das agremiações, além da posição dos partidos em relação a temas políticos comunitários. "É só isso que pode ser feito. Está totalmente vetada a propaganda pessoal e a divulgação de propaganda de candidatos, mas é isso que vem acontecendo. A propaganda eleitoral dos candidatos só poderá ser feita a partir do próximo dia 6 de julho".

Reclamação
Luciano Santos explica que, nos casos de desrespeito à lei, a Justiça Eleitoral só age se provocada, ou seja, os partidos políticos é que devem fazer a reclamação. No entanto, o que acontece é um autêntico "corporativismo", onde ninguém denuncia ninguém e as próprias agremiações acabam se beneficiando das irregularidades.

Multa
"Os candidatos estão antecipando sua propaganda, ficando por isso sujeitos ao pagamento de multa de 20 as 50 mil Ufirs e à perda do horário eleitoral no primeiro semestre de 2003. Mas sobre isso o tribunal só se manifesta após as representações. Na sua estratégica política, os candidatos acabam incorporando esse custo das multas na campanha eleitoral".

Punições
Santos considera essas punições, quando aplicadas, muito brandas. Para ele, seria preciso adotar penas mais severas, como, por exemplo, a perda do registro da candidatura. O presidente da Comissão de Direito Eleitoral da OAB/SP analisa também o problema dos gastos com as campanhas e o financiamento de programas de televisão que exibem propaganda política "disfarçada".

Máquina
Ele citou principalmente aqueles candidatos que pertencem às siglas que atualmente são governo e se aproveitam disso para utilizar a máquina administrativa, em detrimento de partidos menores. Nesse caso também não há muito o que fazer agora. Isso porque esses abusos só poderão ser analisados e punidos depois da convenção partidária e do registro da candidatura do político.


CARLOS BASTOS

PDT dá segundo troco para PT
Com a eleição de José Fortunati para a presidência da Câmara Municipal de Porto Alegre, o PDT gaúcho dá o segundo troco para o PT, depois do rompimento da aliança que elegeu Olívio Dutra. O primeiro foi quando do ingresso em suas fileiras do próprio José Fortunati, que tinha uma carreira exitosa no PT - foi deputado estadual, deputado federal, vice-prefeito de Porto Alegre e o vereador mais votado da história da Capital - e que ingressou no partido de Brizola. O segundo troco é agora com a eleição dele para presidir a Câmara de Vereadores. Os petistas reclamam ter sido discriminados nas negociações para a eleição da Mesa da Câmara, mas os pedetistas e petebistas alegam que foram esquecidos quando da eleição de Luiz Fernando Záchia, e os petistas participaram do acordo.

Diversas
O PDT não assimilou a forma que foi defenestrado da administração estadual, quando os petistas cooptaram a quase totalidade de seus representantes no governo. Uma das raras exceções foi o vice-presidente regional do partido, Pedro Ruas, que optou por deixar a Secretaria de Obras Públicas e continuar no PDT.

Brizola, então, passou a trabalhar para dar uma resposta aos petistas, e exultou quando se criou a situação para a saída de José Fortunati do PT e seu ingresso no PDT. Informado por Vieira da Cunha e Airton Dipp da possibilidade, Brizola passou a criar as condições para Fortunati no partido, lançando-o como candidato ao governo do Estado.

Agora, os pedetistas entendem que seu candidato ao Palácio Piratini terá mais visibilidade ocupando a presidência da Câmara Municipal de Porto Alegre. Todo o esforço da bancada de vereadores do PDT foi articular com os demais partidos oposicionistas a equação política que culminou com a eleição de Fortunati, ontem.

E sábado estará em Tramandaí participando do Encontro Estadual dos Vereadores do PDT o senador Lauro Campos, que também pertencia ao PT, e foi eleito por Brasília. O candidato Fortunati também estará presente, conforme informação do deputado Ciro Simoni. Os vereadores pedetistas vão discutir a situação política no Estado e no país.

O Procurador Geral de Justiça, Claudio Barros e Silva, visitou ontem o presidente da Assembléia, deputado Sérgio Zambiasi, para comunicar as primeiras conclusões sobre os trabalhos da CPI da Segurança Pública.

Última
Um encontro bilateral de gerações aconteceu, ontem, em Porto Alegre entre as juventudes do antigo Partido Comunista Italiano, atual PDS (Partido Democrático de Esquerda) com a do ex-Partido Comunista Brasileiro, hoje PPS. O presidente da Juventude Nacional do PPS, Adão Cândido, avistou-se com o presidente da juventude do PDS Stefano Sanncilli e Federica Mogherini, responsável pelo setor de relações internacionais.


FERNANDO ALBRECHT

Alta rotatividade
A secretária de uma agência de comunicação, cujo número do telefone é muito parecido com um dos bons motéis da Capital, foi surpreendida com o grande número de ligações da Argentina, Uruguai e até da França, solicitando reserva para o período do FSM. A paleteada seria antes, durante ou após os acalorados debates?

Comércio, que comércio?
Começa hoje a campanha publicitária dirigida aos participantes do FSM com a chamada “Recordações de Porto Alegre só em dia de semana. Aqui, o comércio não abre aos domingos”, dizem os outdoors e bus doors da Escala assinadas por Sindilojas, CDL e Federasul. Recorde-se que o prefeito Tarso Genro apelou para que o comércio abrisse no próximo domingo, mas ele mesmo vetou o projeto de abertura aprovado pela colenda.

O tamanho do entulho
O Unifisco Sindical promoverá seminários e oficinas no FSM, tendo um deles o tema A Rebelião da Cidadania: Removendo o Entulho Liberal. Entre os participantes estão os presidenciáveis Ciro Gomes e Pedro Simon, este dependendo de confirmação. Vai ver, Simon quer primeiro ver o tamanho do entulho para ver se dá para encarar. Aliás, dos presidenciáveis brasileiros só virão três, enquanto da França vêm cinco. Só faltam os santinhos.

E as obras?
O gramado na Perimetral, perto da rótula da Carlos Gomes, foi retirado ontem de manhã. Segundo se informou, será substituído por grama de melhor qualidade, certamente para impressionar os visitantes. Em compensação, estranha-se que as obras estejam paradas ou em marcha lenta desde o final de dezembro. Ora, seria justamente agora o período ideal para tocá-las, aproveitando as férias e o trânsito mais calmo.

Cave canem
Ontem eram vistos no Centro duplas de PMs com brilhosos cães policiais na coleira. Policiavam o Centro impondo respeito e diminuindo o sentimento de insegurança da população. Pena que isso ocorra só em tempo de Fórum.

Casa dos Artistas
O imbroglio da sucessão na Câmara Municipal de Porto Alegre motivou uma piadinha nos corredores. O processo está sendo chamado de Big Brother: o último a sair leva a presidência. Do jeito que está, a colenda também não deixa de ser a Casa dos Artistas.

Vida boa
O Barranco anda recebendo os ilustres visitantes do Fórum de Autoridades Locais. Na segunda à noite, lá esteve o prefeito de Paris, Bertrand Delanoë. Na terça, foi a vez de José Bové, capitaneando um grupo MCF - Movimento dos Com Fome. Bové adorou as carnes da Fazenda Ana Paula servidas pela casa, a mesma fazenda que o MST, seu anfitrião, anda azucrinando para forçar os donos a desistir para que o Incra compre a área para eles. E da comunidade de Não-Me-Toque veio um aviso: Bové que não se meta a Asterix novamente por lá. Um comitê de recepção está prontinho da silva.

Roubo de cabos
Não passa dia sem que a CRT Brasil Telecom não reporte roubo de cabos telefônicos. Desta vez roubaram 35 metros de cabos da rua do bairro Mathias Velho, Canoas, prejudicando os serviços de telefonia. Ora, se alguém rouba, alguém compra. Será que é tão difícil assim a polícia saber quem são os receptadores?

Provas da violência
O deputado Frederico Antunes (PPB), presidente da Comissão de Agricultura, Pecuária e Cooperativismo da Assembléia Legislativa, ingressa hoje com notícia crime contra o MST, devido à invasão e depredação da prefeitura de Tupanciretã, dia 21. Ele recebeu do prefeito Odilon Burlet (PPB) fotos e fita de vídeo registrando a violência que, segundo o deputado, contava com o respaldo do diretor da Emater, Pedro Costa. Frederico propôs que, em repúdio, todos os prefeitos rompam os convênios com a entidade.

Sem credenciamento
O prefeito Tarso Genro não entrou no mérito da negativa de credenciamento do vice-presidente do Banco Mundial, Mats Karlsson, ao FSM. O dirigente participa hoje do Fórum das Autoridades. Tarso disse que a prefeitura não tem poder decisório, porque são os movimentos sociais que definem a pauta do evento. Então, convém avisar os movimentos sociais que a maioria das obras tocadas pelo Estado e prefeitura é tocada com grana do Banco Mundial.

A bronca de Kalil
O transporte ilegal de passageiros estado afora mereceu questionamento do deputado Kalil Sehbe (PDT), que pergunta porque o Daer não entra rijo nessa ilegalidade. Kalil quer saber o sistema e a periodicidade de vistoria, qual o controle e fiscalização e como é feito o controle, se é que existe, da documentação dos passageiros. O deputado acha que será caso de responsabilizar criminalmente o Daer em caso de acidentes provocados por clandestinos.


Editorial

FÓRUM SOCIAL MUNDIAL ESTÁ DEVENDO SOLUÇÕES

Termina o II Fórum de Autoridades Locais e começa o II Fórum Social Mundial, entre outros tantos eventos, integrados, supervenientes ou paralelos que ocorrem em Porto Alegre, desde agora tendo assegurado ser aqui o III Fórum, fixando-se como o pólo referencial do evento. Em sua primeira edição, o Fórum Social Mundial encontrou mais resistências. Afinal, ele aparentava ser um encontro de e para os petistas, todos aqueles que eram contra isso e aquilo, embora a maioria das rejeições seja compartilhada pelos de bom senso, da esquerda, centro ou direita. O problema não é, exatamente, se dizer do que não se gosta e quer, falar como seria bom um mundo sem guerras, sem pobreza, sem desigualdades, como se não fossem as pessoas que fizessem e promovessem guerras, a pobreza e as desigualdades, não as instituições. Mas, apenas no segundo encontro e o Fórum ganha nova dimensão, extrapola os limites partidários e encontra ressonância acima de qualquer otimismo dos organizadores. Fotos de prefeitos europeus circulando pelas ruas da Capital correram o mundo, divulgação gratuita que, paga, custaria milhares de dólares. A campanha eleitoral da França começou, efetivamente, aqui no Porto dos Casais, quem diria. No entanto, terminada a primeira fase, com o encontro dos prefeitos, espera-se mais, a partir do II Fórum Social Mundial. Até porque será simultâneo ao contestado mas igualmente importante e realizado há décadas Fórum Econômico Mundial, em Nova Iorque, excepcionalmente, pois volta para Davos em 2003. Não somente a repetição daquilo que não se quer e com o que todos concordam, menos guerras, pobreza e discriminação, mais paz.

Não podemos nos esquecer que são os seres humanos que praticam guerras, geram pobreza e fazem discriminação, está registrado desde os tempo bíblicos. Além de propostas concretas, há que se manter o Fórum dentro dos atuais ótimos parâmetros de organização e segurança. Segurança e organização que são criticadas pelos europeus e norte-americanos, quando se referem aos eventos na América Latina. Não por acaso, jamais aqui realizou-se uma Olimpíada e o Brasil sediou sua última Copa do Mundo há 52 anos, embora detenha o maior número de títulos. Se até agora tudo funcionou a contento, embora tantas estrelas e participantes em eventos simultâneos espalhados pela cidade, o que, aliás, dificulta deslocamentos e assistir ao que se deseja, não podemos permitir que algum incidente grave manche o nome da Capital, do RS e do Brasil. Para tanto, oportuno esquema especial foi montado pela BM e a Polícia Civil.

Esmaecendo um pouco o brilho do Fórum, temos a negativa para que representante do Banco Mundial o assista, "por falta de ambiente propício", e a ausência de prefeito de alguma grande cidade dos EUA. Rudolf Giulliani poderia ter sido o convidado de honra e falar, por exemplo, sobre o programa "Tolerância Zero", além do que o ex-prefeito enfrentou com bravura as terríveis conseqüências dos atentados de 11 de setembro, malgrado seu estado de saúde precário. O prefeito de Budapeste, capital da antiga comunista Hungria, massacrada em 1956 pelos tanques soviéticos, surpreendeu. Disse que sua cidade, em 11 anos, privatizou o mais que pode, melhorou os serviços públicos e assistenciais, atraiu US$ 23 bilhões em investimentos e agora apóia as populações pobres como jamais antes o fizera. Desta maneira, vê-se que tudo pode ser aperfeiçoado, ampliado o Fórum, dando-lhe ainda maior ressonância e fazendo com que os interessados se adonem dele, tirando-lhe qualquer ranço de ser apenas do contra, mas um caldeirão de idéias que lance novidades para solucionar as graves questão das cidades, sempre maiores, mais caras e nervosas, desaguadouros do êxodo rural.


Topo da página



01/31/2002


Artigos Relacionados


Fortunati é o novo presidente da Câmara

Demóstenes é eleito presidente da CCJ, Wellington Salgado é o vice-presidente

"Não fui eleito presidente para defender o PT", diz Delcídio

Pimentel é eleito presidente da Subcomissão de Obras de Preparação para a Seca

Requião é eleito presidente da CE e convida ministro Haddad para debate

Eleito presidente da CAE, Delcídio anuncia sabatina de indicados para diretoria do BC