Fórum das Desigualdades Regionais: economista aponta desenvolvimento



Na realização das audiências do Fórum das Desigualdades Regionais nas regiões Norte Nordeste, Produção e Alto Médio Uruguai, o palestrante que está apresentando o painel Condicionantes Nacionais e Internacionais do Desenvolvimento Regional é o professor Pedro Bandeira, doutorado em Economia, professor de graduação e Coordenador do Departamento de Ciências Econômicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. No dia de hoje foram realizadas reuniões em Frederico Westphalen e Passo Fundo. Amanhã, as comunidades de Erechim e Lagoa Vermelha vão debater suas disparidades locais.
Segundo Bandeira, o desenvolvimento das regiões não depende apenas de atos de vontade, mas é condicionado por condicionantes internacionais, nacionais e regionais. Dentre os fatores internacionais, ele considera um dos mais importantes a competitividade, causada pela abertura cada vez maior das economias, que muitas vezes sacrifica a qualidade de vida da população.
Como fatores nacionais para o desenvolvimento, o professor apresenta a falta de um modelo definido de políticas regionais no Brasil como um dos principais. Segundo ele, o modelo anterior, calcado nas superintendências regionais, se esgotou e há indícios de que o novo modelo a ser adotado deverá trabalhar com regiões menores. Outra condicionante nacional é o fato de que as políticas em âmbito nacional e estadual têm um foco predominantemente setorial, que são diferentes das baseadas em focos territoriais. Para Bandeira, também existe no Brasil um padrão herdado que condiciona o desenvolvimento, que tem se concentrado no polígono que parte da região de Belo Horizonte, passa pelo interior de São Paulo, do Paraná e vai até a região de Porto Alegre e Caxias do Sul. De acordo com o professor, esse padrão atrai investimentos para essas regiões e dificulta que áreas situadas fora desse polígono se industrializem.
Também deve ser considerado que as regiões diferem quanto à sua potencialidade, quando à capacidade de seus atores políticos e econômicos identificarem essas potencialidades e quanto ao grau de potencialidade de se manterem competitivas, conforme análise de Bandeira. “Ao lado dos capitais físico e humano, há o capital cultural, que faz com que algumas pessoas de algumas regiões sejam mais capazes de cooperar na busca de objetivos comuns, superando suas divergências, do que em outras áreas”, explica. Bandeira afirma que a pesquisa que está sendo realizada pelo Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Ufrgs sobre as desigualdades regionais, busca identificar justamente esses fatores de natureza culturais, ou seja, a maneira como as pessoas percebem as suas questões regionais. Segundo ele, a pesquisa está em fase de análise e os resultados serão apresentados na reunião final do Fórum das Desigualdades Regionais, no dia 14 de dezembro.


11/30/2001


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