FRANCELINO COMENTA PARTICIPAÇÃO DE PRESIDENTE EM FÓRUM ECONÔMICO



O senador Francelino Pereira (PFL-MG) registrou hoje (dia 4) a participação do presidente Fernando Henrique Cardoso no 98° Fórum Econômico Mundial, em Davos, Suíça, onde, sem o apoio de sua equipe econômica, precisou defender o real e garantir amanutenção da política cambial.

- Mesmo isolado, o presidente teve a coragem, ou melhor, a ousadia de por o dedo na ferida - afirmou Francelino, referindo-se à defesa que Fernando Henrique fez de criação de um mecanismo de regulação internacional do fluxo de capitais especulativos para prevenir ataques às finanças e às moedas dos países, em conseqüência de crises como as das bolsas asiáticas.

Na opinião do senador, a crise financeira e cambial que "varre a Ásia e ameaça contaminar os mercados de todo o mundo" não tem data para acabar; ao contrário, "seus desdobramentos são ainda mais imprevisíveis", como concluíram os líderes mundiais que participaram do Fórum.

Francelino Pereira afirmou que a regulação pretendida pelo Brasil "não pressupõe o engessamento do mercado financeiro internacional", mas apenas a definição de regras e salvaguardas capazes de impedir que uma crise localizada, "resultante de uma situação específica de determinado país, possa produzir um verdadeiro efeito dominó".

O senador referiu-se ainda ao relatório sobre direitos humanos elaborado pelo Departamento de Estado norte-americano que aborda questões como a violência policial; exploração do trabalho infantil; elevados índices de analfabetismo; reduzido salário mínimo como desrespeito aos direitos do cidadão. Ele disse que "as iradas reações de funcionários do governo e até mesmo as críticas do presidente da República não conseguem esconder a dura realidade" porque "é impossível tapar o sol com uma peneira".

- Somos, de fato, a 8ª economia do mundo, Mas somos também a 48ª nação em matéria de indicadores sociais. Estamos mais próximos dos países mais pobres da América Latina e da África. É evidente que R$ 120,00 são insuficientes para o sustento de uma família; são escassos e de má qualidade o serviço de saneamento, saúde pública e educação; bolsões de pobreza na periferia das grandes cidade e no Nordeste desafiam políticos e governantes. A sociedade já não suporta conviver com indicadores sociais tão degradantes - afirmou.

Francelino considera que "o quadro está se modificando" com a política econômica e social do governo, mas considerou necessário registrar "que a situação do país é difícil e exige dos governos mudanças efetivas no quadro social e não reações a verdades amargas."



04/02/1998

Agência Senado


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