Funcionário do Flamengo atribui denúncias a sentimento de vingança de ex-funcionária do clube



Em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pedofilia , nesta quinta-feira (18), o funcionário do Clube de Regatas do Flamengo, Flávio Alves Pereira, atribuiu a um possível sentimento de vingança de uma ex-funcionária do clube as denúncias de que ele teria abusado de um menor em um restaurante nos arredores da sede social do clube.

Em resposta ao presidente da CPI, senador Magno Malta (PR-ES), ele negou que tenha cometido abuso sexual contra um menor de 15 anos e disse que a verdade será provada, assim como ocorreu em outra denúncia também envolvendo o seu nome, em 1988, cujo caso foi arquivado pela Justiça.

Segundo disse Pereira, em 1986, ele não teria permitido que essa senhora, que atualmente é dona de uma lojinha que vende queijos na proximidade do clube, comprasse 150 ingressos para um jogo de final de campeonato. Na ocasião, afirmou Flávio, a funcionária, que foi afastada do departamento por ele dirigido, teria jurado vingança. Trata-se, como informou, de pessoa "polêmica" dentro do clube.

Para o depoente, a denúncia, que veio à tona há cerca de 40 dias, era para ser "um pequeno escândalo" no clube, que tomou proporções maiores provavelmente devido às rivalidades políticas internas no Flamengo, que levaram oponentes a pegarem "carona" no caso. Coordenador de arrecadação e fiscalização há oito anos, Flávio Pereira afirmou que a maioria da atual diretoria do clube desaprova a sua permanência no cargo. Antes dessa função, ele informou ter sido sócio, conselheiro e colaborador do clube. Atualmente, informou receber cerca de R$ 4,2 mil líquidos de salário.

Talentos

Flávio Pereira também assegurou a Magno Malta que não "garimpa" garotos talentosos para jogar no Flamengo.

- Não descubro talentos. Eu aceito indicações e o Flamengo avalia. Não era eu quem avaliava - explicou ele.

Afirmando que sua vida no Flamengo está "destruída", Flávio Pereira disse na CPI que não deverá continuar com atividades na cidade baiana de Adustina, mas que vai manter, para seus assuntos particulares, uma casa que aluga na localidade e que era cedida para reuniões de uma associação de jogadores de futebol mirins. O depoente, entretanto, chegou a fazer uma provocação, dizendo que poderá se candidatar a um cargo político na cidade.

Ele explicou que sua atuação em Adustina iniciou-se a pedido de dirigente do clube, para acompanhar o treinador que faria a avaliação do potencial de um garoto para atuar na escolinha de futebol do clube no Rio de Janeiro. Segundo informou, a indicação era feita por uma própria pessoa de Adustina, por meio de uma associação que cresceu nesses três anos, tornando-se um time de futebol. Flávio explicou que emprestava a casa para a associação por considerar a entidade séria e responsável por um trabalho social importante.

Sigilo

O presidente da CPI disse que deverá pedir a quebra de sigilo telefônico de Flávio Pereira para checar se ele estaria falando a verdade quando disse que havia feito apenas uma ligação para o menor envolvido na denúncia de abuso sexual. Magno Malta informou também que a ex-funcionária do Flamengo e a mãe do garoto deverão comparecer à CPI para prestar esclarecimentos.

Arapiraca

No início da reunião, a CPI aprovou requerimentos para realizar diligência na cidade alagoana de Arapiraca, para ouvir o depoimento dos monsenhores Luiz Marques e Raimundo Gomes e do padre Edilson Duarte, envolvidos em denúncias de abuso sexual de menores. Segundo lembrou Magno Malta, esse foi o primeiro caso de pedofilia no Brasil envolvendo religiosos que foi reconhecido pelo Vaticano. O senador José Nery (PSOL-PA) deverá acompanhar os depoimentos. A comissão aprovou também novas transferências de sigilo de perfis do Google, Orkut e Yahoo.



18/03/2010

Agência Senado


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