Fundação Casa inaugura três novas unidades em Guarulhos
Cada unidade tem capacidade para atender até 56 adolescentes; duas receberão meninos e a terceira, meninas
A Fundação Centro de Atendimento Socioeducativo ao Adolescente (Casa), órgão vinculado à Secretaria Estadual da Justiça e da Defesa da Cidadania, inaugurou na quarta-feira, 20, três novas unidades no município de Guarulhos, na Grande São Paulo.
Cada unidade tem capacidade para até 56 adolescentes. Duas casas atenderão jovens do sexo masculino (uma unidade para o regime de internação provisória e outra apenas para internação) e a terceira deverá ser destinada a meninas.
As unidades serão geridas em parceria com o Instituto Diet, entidade que tem inscrição no Conselho Municipal da Criança e do Adolescente (CMDCA) de Guarulhos. Para a gestão da unidade, a Fundação Casa está adotando um programa pedagógico inovador.
Trata-se da Pedagogia Contextualizada, inspirada num modelo de atendimento socioeducativo colombiano, já aplicado pela Fundação Casa nos municípios de Sorocaba, Franca e Jundiaí (onde uma unidade foi inaugurada na semana passada).
As duas casas destinadas ao sexo masculino começam a funcionar imediatamente. A terceira unidade está em fase final de acabamento e terá o início das atividades ainda em março.
Com a inauguração das três unidades, a Fundação Casa chega à marca de 31 casas entregues dentro do processo de descentralização do atendimento desenvolvido pelo Governo do Estado de São Paulo. As novas unidades permitem que os adolescentes sejam atendidos em suas cidades e regiões de origem, próximos de suas famílias.
Parcerias
Neste modelo, as novas casas são geridas em parceria com ONGs dos municípios. As organizações são responsáveis pelos atendimentos técnico, social e psicológico dos adolescentes. A Fundação Casa cuida da segurança dos internos e da direção do estabelecimento, além de arcar com todos os custos do atendimento socioeducativo.
“O modelo é muito bom porque a ONG faz parte da cidade e ajuda a integrar a comunidade aos trabalhos pedagógicos desenvolvidos”, explica a presidente da Fundação Casa, Berenice Giannella.
O Estado responde ainda pelo ensino formal (Fundamental e Médio), ministrado aos adolescentes por meio de professores da rede pública de ensino – os internos têm aulas diárias, como se estivessem numa escola da rede pública.
Projeto
As instalações físicas previstas pelo novo modelo também são diferenciadas. Com um projeto arquitetônico semelhante ao de uma escola, a unidade da Fundação Casa é composta por três pisos, sendo o primeiro formado pelas salas de aula, refeitório e salas de cursos profissionalizantes.
O segundo piso conta com duas alas separadas, uma com 10 dormitórios (para a internação) e outra com quatro (internação provisória) – cada um com capacidade para quatro adolescentes. O terceiro pavimento tem uma quadra poliesportiva coberta e espaço para banho de sol.
Modelo educacional
O modelo pedagógico contextualizado, que será aplicado pela Fundação Casa nas três unidades de Guarulhos, está dividido em dois eixos. No âmbito externo, trabalha com a perspectiva de integrar os adolescentes internos à sociedade, por meio do uso de serviços públicos e convênios com parceiros. Em Sorocaba, onde o modelo foi implantado pela primeira vez no Brasil, os adolescentes fazem cursos de capacitação oferecidos pela universidade da cidade, a Uniso.
No âmbito interno, o modelo visa levar os adolescentes à reflexão, por meio de um programa que conta com cinco fases. Os jovens só passam de uma fase à outra se tiverem assimilado as reflexões propostas.
As primeiras fases são a Pré-acolhida e a Acolhida. Nelas, os educadores explicam aos adolescentes recém-chegados o modelo pedagógico e as metas que cada um terá que atingir no período de internação. Depois o jovem passa para a terceira etapa, a confrontação. Nesta fase, os internos refletem sobre os atos que praticaram.
Na quarta parte do programa, chamada de Projeto de Vida, o adolescente reflete, com o auxílio dos educadores, sobre o que farão na vida futura. Na última etapa, chamada de República (ou Projeção Pós-Institucional), os adolescentes começam a fazer atividades externas – sempre com autorização judicial. É a etapa em que o jovem está mais preparado para voltar a conviver em sociedade.
Da Secretaria Estadual de Justiça e Defesa da Cidadania
(I.P.)
02/21/2008
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