Gabrielli diz que CPI é 'palco midiático' e pode prejudicar Petrobras
Depois de se reunir, na tarde desta quinta-feira (14), com o presidente do Senado, José Sarney, o presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, advertiu que uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) pode trazer instabilidade à empresa. Conforme o dirigente, no curso de uma investigação, a imagem da Petrobras no Brasil e no exterior pode sofrer prejuízos em razão do que ele chamou de "insinuações infundadas".
Gabrielli disse que expôs a Sarney a necessidade de que o Senado limite qualquer apuração "a fatos concretos". A restrição dos temas deveria valer, inclusive, para audiência pública a ser realizada com o objetivo de ouvi-lo sobre denúncias de fraudes em licitações e denúncias de desvio de royalties do petróleo perante as Comissões de Assuntos Econômicos (CAE), Infraestrutura (CI) e Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ).
Com data ainda não marcada, a audiência foi decidida, pela manhã, na reunião dos líderes do governo e da oposição com Sarney. A ideia é tentar obter de Gabrielli esclarecimentos que evitem a instalação da CPI cujo pedido de criação foi protocolado na quarta-feira (13) pelo senador Alvaro Dias (PSDB-PR) junto com os presidentes dos três partidos de oposição - PSDB, DEM e PPS. O requerimento tem 32 assinaturas de senadores de cinco partidos.
- A instalação de uma CPI é uma prerrogativa do Congresso, mas é preciso pensar que a Petrobras tem 700 mil acionistas e seus papéis são negociados também na bolsa de Nova York. É uma empresa muito observada - argumentou.
Gabrielli alertou para o risco de a Petrobras ficar imobilizada em meio a um leque muito amplo de denúncias consideradas por ele como "fatos não concretos".
- Uma CPI em torno de fatos não concretos pode se transformar num palco midiático com consequências graves - alertou.
O dirigente disse ter trazido a Sarney a garantia de que está disposto a esclarecer dúvidas dos parlamentares sobre a gestão da Petrobras em qualquer foro.
Gabrielli também falou aos jornalistas sobre as divergências entre a empresa e a Receita Federal por conta da contabilização de créditos tributários. Segundo o dirigente, a Petrobras agiu dentro da lei ao contabilizar créditos no valor de R$ 1,6 bilhão por conta de correções no balanço referentes a "variações cambiais inesperadas". Esses recursos contábeis foram utilizados para pagamento de impostos devidos pela companhia.
- A relação da Petrobras com a Receita é igual à das pessoas físicas. Encaminha a declaração e espera a decisão da Receita - disse o executivo.
Nelson Oliveira / Agência Senado
14/05/2009
Agência Senado
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