General aponta "riscos inaceitáveis" para a segurança do país



As falhas dos sistemas de defesa antiaérea e de defesa naval foram definidas nesta quinta-feira (14) pelo general-de-Exército José Benedito de Barros Moreira, assessor especial militar do Ministério da Defesa, como "riscos inaceitáveis" para o Brasil. Em audiência pública da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE), ele defendeu a destinação de investimentos à modernização das Forças Armadas e o fortalecimento da indústria nacional de equipamentos bélicos.

VEJA MAIS

O maior problema do setor de defesa, na opinião do general, é que o país não tem suficiente poder de dissuasão militar. Os atuais equipamentos de defesa anti-aérea, informou, são "velhos e obsoletos" e não podem impedir que aviões de caça modernos sobrevoem o território nacional. Com investimento equivalente a US$ 40 milhões, disse ele, seria possível montar um novo sistema de defesa do espaço aéreo brasileiro.

- Não temos defesa aérea, ela é mínima. A pergunta que se faz é quem vai defender, por exemplo, a hidrelétrica de Itaipu e o Palácio do Planalto - questionou Moreira.

Durante a palestra, intitulada A Nova Geografia Mundial e Seus Reflexos para o Brasil, o general observou que o mundo caminha para uma fase de mais incerteza e violência, com conflitos de difícil solução em regiões como o Oriente Médio. Além disso, previu, haverá mais problemas com o meio ambiente e a escassez de matérias primas e de energia.

A boa notícia para o Brasil, recordou o general, é que o país se situa na região mais pacífica do mundo. Mesmo assim, advertiu, pode ocorrer aumento de tensão em regiões específicas, como a Colômbia e a Bolívia. Ele citou ainda a recente aquisição de 24 caças Sukkoi pela Venezuela, que poderá desestabilizar o equilíbrio aéreo na região.

Moreira informou que o Exército dispõe de aproximadamente R$ 1 bilhão anuais para todas as despesas. Com isso, alertou, quase não há recursos para investimentos. Por outro lado, observou, o contingenciamento de recursos de royalties destinados à Marinha dificultou o prosseguimento do programa de construção de um submarino nuclear, que poderia estar funcionando em até 15 anos.

Autor do requerimento de realização da audiência, o senador Romeu Tuma (DEM-SP) disse ter ficado preocupado ao ouvir recentemente a informação de que o Exército brasileiro não poderia evitar - mas apenas dificultar - uma invasão da Amazônia. O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) pediu que a preocupação com a situação das Forças Armadas se torne uma "ação concreta" do Senado em defesa de sua modernização.

O senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG), que presidiu a reunião, disse que o tema deve estar mais presente nos debates da comissão, que, a seu ver, cuida mais das relações exteriores do que da defesa nacional.

O senador Fernando Collor (PTB-AL) concordou com Moreira a respeito da necessidade de estímulo à indústria bélica nacional e citou o exemplo do Chile, que destina às suas Forças Armadas um percentual sobre a exportação de cobre. Por sua vez, o senador Augusto Botelho (PT-RR) lembrou que investimentos em pesquisa feitos pelas Forças Armadas rendem bons retornos ao país. Como exemplo, ele citou o desenvolvimento da Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer), depois da criação do Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA).



14/06/2007

Agência Senado


Artigos Relacionados


Dutra aponta segurança e desemprego como preocupação maior do país

Fronteiras com o Paraguai e Bolívia são prioridades para segurança, diz general brasileiro

General do Exército defende mais recursos para a segurança da informação no Brasil

SATURNINO APONTA RISCOS DA DOLARIZAÇÃO DA AMÉRICA DO SUL

HC alerta pais para riscos relacionados ao ronco infantil

Pesquisa aponta riscos do processo de cultivo do tabaco