GERALDO MELO DEFENDE FORÇAS ARMADAS NO APOIO À SEGURANÇA PÚBLICA
Em um longo discurso pronunciado na Hora do Expediente desta sexta-feira (dia 16), o senador Geraldo Melo (PSDB-RN) defendeu a participação das Forças Armadas nas ações de segurança pública. Para ele, no entanto, essa participação não deve se dar com a substituição dos policiais por soldados no patrulhamento das ruas, mas com o uso dos setores de inteligência do Exército, Marinha e Aeronáutica no combate ao problema que ameaça a estabilidade do Estado brasileiro.Melo, primeiro vice-presidente do Senado Federal, lembrou a controvérsia provocada pela a proposta do presidente da Casa, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), ao defender a participação das Forças Armadas na manutenção da segurança pública e manifestou suas dúvidas quanto à eficácia da substituição de policiais por soldados.- Não acho que devam abandonar a caserna e trocá-la por uma patrulha de rua, mas a inteligência das nossas Forças Armadas tem de se debruçar sobre o problema - afirmou o senador, acrescentando que o Brasil caminha para "uma situação de instabilidade capaz de desafiar as autoridades do Estado".Melo manifestou-se contrário ao projeto que proíbe a venda de armas, dizendo que a matéria está sendo discutida em meio ao "pânico que tomou conta da sociedade em virtude do clima de insegurança no país".O senador lembrou incidente ocorrido há alguns anos em São Gonçalo do Amarante - cidade a menos de dez quilômetros da capital do Rio Grande do Norte, Natal -, quando 14 pessoas foram mortas por um pistoleiro. Quando chegou na cidade um carro de polícia, o pistoleiro matou também o policial e se suicidou.- Não tenho condições de chegar a São Gonçalo do Amarante e dizer que todos devem ficar sem suas armas porque o Estado garantirá a segurança do cidadão. Apelo até para o meu partido para que não feche questão sobre esta matéria, porque não tenho condições de votar favoravelmente a ela - disse.Ressaltando que o projeto proíbe a venda de armas em lojas, o senador observou que "os bandidos não compram armas em lojas" e perguntou se "alguém acha que o governo conseguirá tirar dos bandidos as armas compradas ilegalmente". Para ele, a proibição da venda de armas é uma visão pontual e isolada de um problema mais amplo. "Parece que estamos querendo resolver um problema de infarto com remédio para dor de cabeça", afirmou.O vice-presidente do Senado citou o livro The state, the war and the state of war ("O estado, a guerra e o estado de guerra"), do canadense Kalevi J. Holsti. O autor cita 164 conflitos que eclodiram no mundo desde 1945, para constatar que 126 deles foram conflitos internos, e não entre estados.MSTGeraldo Melo também manifestou preocupação com o futuro do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST). Ele lembrou a união da guerrilha na Colômbia com o narcotráfico, para ele "um processo de desafio institucional que transbordou seus objetivos e chegou a uma situação para a qual não há saída". Afirmou que movimentos como a guerrilha colombiana necessitam inicialmente apenas de ouvintes, que depois se transformam em militantes. Em seguida, necessitam de apoio interno, da opinião púbica, da mídia, e até mesmo da comunidade internacional, precisando, para isto, de dinheiro - motivo pelo qual se unem ao narcotráfico.O senador mencionou itens da cartilha do MST divulgados pela imprensa sobre assuntos que, segundo ele, nada têm a ver com a reforma agrária e que podem prostituir a bandeira do movimento. Ele disse ter medo de que o MST "passe a ser um dos movimentos bem nascidos que necessite de apoio interno, da opinião pública, da mídia, de apoio internacional e também de dinheiro". Para ele, essa situação pode fazer com que se repita, no Brasil, a associação que já ocorreu em tantos lugares do mundo.
16/06/2000
Agência Senado
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