Governo, Anatel e empresas de telecomunicações concordam sobre importância do Plano Nacional de Banda Larga
O Plano Nacional de Banda Larga deverá estabelecer as condições para que a internet rápida chegue com qualidade, velocidade e a preços módicos em cada localidade brasileira. Essa opinião foi consenso na audiência pública realizada na manhã desta terça-feira (9) pela Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática. Por outro lado, temas como a reativação da Telebrás (Telecomunicações Brasileiras), a carga tributária cobrada no serviço de internet e a velocidade mínima a ser estabelecida como meta, receberam opiniões divergentes.
Primeiro a participar do debate, o ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Franklin Martins, opinou que a inclusão digital não deve ser tratada como luxo ou privilégio, nem também como bandeira de um ou de outro partido. O tema, avaliou, deve ser encarado como vital para o exercício da cidadania, para que as pessoas possam se integrar à sociedade. Para ele, o acesso à internet hoje em dia equivale à alfabetização no passado.
O ministro observou que quando o governo iniciou a discussão sobre o Plano Nacional de Banda Larga, ficou patente que o mercado não conseguiria, espontaneamente, resolver o problema. Ele advertiu que discutir a reativação da Telebrás, em vez de ampliar o debate sobre como levar a banda larga para todo o país é como prestar atenção a uma árvore específica em vez de olhar para toda a floresta.
Implantação de médio a longo prazo
O coordenador dos programas de inclusão digital do governo federal, Cezar Santos Alvarez, assinalou que a política nacional de banda larga desenvolvida pelo Executivo vai além de fornecer à população um acesso rápido à internet. Ele destacou que outras medidas visam baratear os preços dos equipamentos de acesso à rede mundial; a democratização do acesso ao crédito para aquisição desses equipamentos; a implantação de laboratórios de informática em 55 mil escolas; e a qualificação e o incentivo à montagem de equipamentos e produção de chips no Brasil.
Cezar Santos Alvarez lembrou que o Brasil carece de banda larga não apenas em regiões específicas, como a Região Norte, e em municípios do interior dos estados. Ele observou que as periferias das grandes cidades enfrentam o mesmo problema do "apagão" digital. O servidor do governo alertou ainda para o fato de que a Política Nacional de Banda Larga não será implantada a curto, mas a médio e a longo prazo.
Ousadia nas metas
Por sua vez, o presidente da Associação Brasileira das Prestadoras de Serviços de Telecomunicações Competitivas (Telcomp), Luiz Cuza, defendeu mais ousadia no momento de o governo estabelecer as metas do Plano de Banda Larga brasileiro. O dirigente defendeu, por exemplo, que a velocidade de transferência de dados a ser perseguida seja de 20 megabits, em vez de 2 megabits até 2014, como pretende o governo.
Luiz Cuza enumerou algumas propostas para o plano que o governo está elaborando, entre elas que a política publica seja baseada em um estudo econômico, financeiro, técnico e social para identificar as necessidades do país. Também propôs a manutenção do modelo vigente, com um órgão regulador e a iniciativa privada atuando como principal provedor do serviço. Também defendeu que a infraestrutura pública, inclusive a rede elétrica, seja incluída para utilização pela rede de banda larga.
Jarbas José Valente, membro do conselho diretor da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), disse que a massificação da oferta de banda larga no Brasil contribuirá para que o preço do serviço caia. Porém, ele alertou para a necessidade de a ampliação do serviço ser executada através de uma boa infraestrutura, para que a qualidade pretendida seja contratada. Investir na segurança da rede, na avaliação de Valente, também é essencial.
Por sua vez, José Fernandes Pauletti, presidente da Associação Brasileira de Concessionárias de Serviço Telefônico Fixo Comutado (Abrafix), comemorou o fato de haver muito mais convergências do que divergências entre as partes envolvidas na implantação do Plano Nacional de Banda Larga. Ele declarou que não há nada a discordar do diagnóstico elaborado pelo governo. Haveria uma eventual discordância no "remédio a ser aplicado ou até mesmo apenas na dosagem".
Roberto Homem / Agência Senado
09/03/2010
Agência Senado
Artigos Relacionados
Setor de Telecomunicações defende elaboração de plano nacional de banda larga
Ipea divulga pesquisa sobre implementação do plano nacional de banda larga na 2a
Conversa com a Presidenta fala sobre Plano Nacional da Banda Larga e Lei da Aprendizagem
Paulo Bernardo inicia rodada de reuniões sobre Plano Nacional de Banda Larga
Hélio Costa falará em audiência pública sobre plano nacional de banda larga
CCT discute Plano Nacional de Banda Larga