Governo de São Paulo cria agência para desenvolver agronegócio



A Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA) fortalece os institutos de pesquisa e cria 15 pólos regionais de desenvolvimento tecnológico

A Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA) fortalece os institutos de pesquisa e cria 15 pólos regionais de desenvolvimento tecnológico Uma verdadeira revolução está em curso na área da pesquisa agrícola no Estado de São Paulo. Encontra-se na Assembléia Legislativa,projeto de lei complementar, encaminhado pelo governador Mário Covas, que transforma a Agência Paulista de Tecnologia de Agronegócios – APTA em instituição de pesquisa. A aprovação desse projeto permite fortalecer e aglutinar os seis atuais institutos de pesquisa da Secretaria de Agricultura e Abastecimento e criar 15 pólos regionais de desenvolvimento tecnológico dos agronegócios, além de pólos especializados como pecuária de corte, citricultura e laranja. Dentro desses objetivos, o governador criou, no último dia 23 de setembro, o Pólo do Pescado Marinho, com sede em Santos e bases em Ubatuba e Cananéia, envolvendo toda a cadeia produtiva do setor. “O agronegócio é responsável por 39,7% do Produto Interno Bruto do País, envolvendo mais de 17,5 milhões de trabalhadores”, observa o governador Mário Covas. Dos US$ 51 bilhões de dólares exportados pelo Brasil em 1998, cerca de U$ 20,2 bilhões vieram de atividades relacionados ao setor, acrescenta. Naquele ano, o valor da produção paulista ficou em torno de R$ 328 bilhões, sendo R$ 121 bilhões do agronegócio. Para o governador, com a auto-suficiência na produção de alimentos, o Brasil se credencia a ser o grande celeiro do mundo no próximo século. “E por isso, identificar, interpretar e analisar gargalos e oportunidades do agronegócio são pesquisas do maior interesse para o nosso crescimento”. A APTA foi desenvolvida exatamente para cumprir esses objetivos, reunindo o Instituto Agronômico, o Instituto Biológico, o Instituto de Economia Agrícola, Instituto de Pesca, Instituto de Zootecnia e Instituto de Tecnologia de Alimentos. Nesses seis institutos de pesquisa de renome internacional, o novo órgão conta com invejável capital intelectual: são 675 pesquisadores científicos, dos quais 518 pós-graduados, o que corresponde a mais de um terço do Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuária (SNPA). Esses profissionais desenvolvem seu trabalho em 64 unidades experimentais regionais, apoiados por 43 laboratórios de pesquisa, centros internacionais de referência nas suas especialidades. A APTA é a segunda maior entidade de pesquisa, geração e difusão do hemisfério Sul, só superada pela Embrapa. Agronegócio, o negócio de São Paulo Além de produzir riquezas, o agronegócio cria emprego e renda. Para tanto, depende de tecnologia capaz de enfrentar a concorrência de produtos importados, muitas vezes subsidiados na origem. “Por isso, o governo do Estado elegeu o agronegócio como o negócio de São Paulo”, afirma o secretário João Carlos Meirelles, da Agricultura e Abastecimento. A APTA articula a competência centenária dos seis institutos de pesquisa da Secretaria de Agricultura para dar resposta de forma dinâmica às cadeias produtivas do agronegócio, resume o secretário. As diretrizes da ação de Covas na cadeia produtiva do agronegócio envolvem basicamente: geração de trabalho, seja como emprego ou outra ocupação produtiva; geração de renda, com a alavancagem da competitividade do produto paulista nos mercados interno e externo pelo aumento de produtividade, eficiência e eficácia das cadeias de produção; inclusão social, com ações que enfrentem o desafio de reduzir as distâncias sociais da sociedade paulista, tendo a promoção humana como objetivo central da ação de Estado; e, finalmente, qualidade certificada, fundamental para a inserção internacional e a qualidade de vida no contexto interno. Pólos regionais e pólos especializados A APTA está regionalizando os trabalhos de pesquisa por meio de ação multidisciplinar para atender demandas das cadeias de produção de diversas zonas geoeconômicas do Estado. O coordenador da APTA, José Sidnei Gonçalves, pesquisador, agrônomo e economista, considera que uma das mudanças fundamentais introduzidas é a de que a pesquisa, “de agora em diante, será orientada para atender demandas tecnológicas regionais”. Isso permitirá identificar e eliminar eventuais pontos de estrangulamento que emperram o desenvolvimento socioeconômico local. A idéia é romper com a histórica concentração das unidades de pesquisa no eixo Campinas-Ribeirão Preto, diz Gonçalves. “Devido a essa concentração, pode-se dizer que aquele eixo possui, por quilômetro quadrado, a maior concentração de inteligência para o agronegócio no País. Ali estão os principais institutos da APTA, da Embrapa e das Universidades.” Além dos 15 pólos regionais serão criados pólos de especialização em áreas em que o Estado é considerado centro de excelência. Exemplos são o Centro de Citricultura de Cordeirópolis e a Estação Experimental de Sertãozinho, que trabalha com raças bovinas tropicais, especialmente o Nelore. Também está previsto o pólo especializado de café na Fazenda Santa Elisa, já que São Paulo tem a maior competência da cultura, especialmente na área de genética. Conheça os seis institutos que integram a APTA Instituto Agronômico de Campinas (IAC) – Criado em 1887, tem como missão gerar e transferir ciência e tecnologia para o negócio agrícola, visando otimizar os sistemas de produção vegetal e ao desenvolvimento sócio-econômico com qualidade ambiental. Instituto Biológico (IB) – Sediado na Capital, foi criado em 1927, com o objetivo de desenvolver e transferir conhecimento científico e tecnológico para o agronegócio na área de sanidade animal e vegetal e suas relações com o meio ambiente, visando a melhoria da qualidade de vida da população. Instituto de Economia Agrícola (IEA) – Nasceu a partir da Comissão de Estudos de Economia Rural, na Secretaria da Agricultura, em 1943. Sua missão é gerar, difundir e transferir conhecimentos científicos e tecnológicos na área de economia agrícola. Instituto de Pesca (IP) – Criado em 1969, com sede também na Capital, tem como incumbência gerar, adaptar, difundir e transferir conhecimentos científicos e tecnológicos na área de pescada e aquicultura para possibilitar o uso racional dos recursos aquáticos. Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital) – Sediado em Campinas, foi criado em 1969 com o objetivo de pesquisar, desenvolver e dar assistência tecnológica agroindustrial para o setor de alimentos. Instituto de Zootecnia – Nasceu em 1905, como Departamento de Produção Animal. Com sede no município de Nova Odessa, tem por atribu

10/02/2000


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