Governo determina fechamento de fronteira por suspeita de aftosa
Governo determina fechamento de fronteira por suspeita de aftosa
O ministro da Agricultura, Marcus Vinicius Pratini de Moraes, anunciou ontem o fechamento da fronteira do Brasil com o Paraguai, devido à suspeita de ocorrência de febre aftosa na província de Canindeyu, no município de Corpus Christi, que faz divisa com o Mato Grosso do Sul. O ministro disse ainda que encaminhou pedido ao Ministério da Defesa para que o Exército faça a vigilância nas áreas fronteiriças para evitar a ocorrência de focos de aftosa no Brasil, como os ocorridos em 1998 e 1999, no Mato Grosso do Sul, e no Rio Grande do Sul em 2000 e no ano passado.
Com a decisão do governo brasileiro ficam proibidas as importações de animais vivos suscetíveis à aftosa, produtos e subprodutos. A informação sobre suspeita de aftosa no Paraguai foi comunicada ao Ministério da Agricultura na noite de segunda-feira, por meio de correspondência enviada pelo presidente do Serviço Nacional de Controle e Sanidade Animal do Paraguai (Senacsa), Geraldo Bogado. O diretor do Departamento de Defesa Animal do Ministério da Agricultura, João Mauad Cavalléro, também pediu que o Centro Panamericano de Febre Aftosa intermedie a realização de uma reunião de emergência, com a participação de representantes dos governos brasileiro e paraguaio.
A sugestão é para que a reunião ocorra no dia 27 em local a ser escolhido pelo Paraguai. Em maio do ano passado o Brasil fechou a fronteira com o país vizinho também por suspeita de febre aftosa. Em janeiro deste ano o Ministério da Agricultura permitiu o ingresso de bovinos vivos daquele País, mediante a realização de teste sorológico e quarentena, tanto na origem como no ponto de destino dos animais.
Ministro anuncia Programa de Incentivo ao Seguro Rural
Pratini de Moraes também anunciou ontem, no Palácio do Planalto, o Programa de Incentivo ao Seguro Rural. Para implementar a medida, o ministro está propondo anteprojeto de lei que autoriza o governo a pagar parte do custo de contratação do seguro pelos agricultores na safra 2003/2004.
A expectativa do governo é de que no primeiro ano a área plantada segurada aumente de 3% para 15%, passando de 1,6 milhão para 8 milhões de hectares. O projeto, que será submetido à aprovação do Congresso Nacional, prevê a criação do Conselho Interministerial do Seguro Rural, sob coordenação do Ministério da Agricultura, que se encarregará da gestão do programa. "A atividade agrícola envolve riscos elevados e o seguro é um instrumento importante para a estabilidade da renda agrícola e a indução ao uso de tecnologias adequadas", ressaltou Pratini.
Além do incentivo ao seguro rural, o presidente Fernando Henrique Cardoso e o ministro Pratini de Moraes anunciaram outros três programas: incentivo à correção de acidez do solo, incentivo à implantação de viveiros florestais e apoio à assessoria técnica agropecuária. Nestes três projetos, o governo investirá R$ 23 milhões.
Dólar bate novo recorde e fecha a R$ 3,78
O dólar chegou a superar a casa dos R$ 3,80 e encerrou os negócios cotado a R$ 3,780, na maior cotação desde a criação do Plano Real. Depois da alta de 5,73% ontem, a moeda brasileira agora custa menos que o peso argentino. No País vizinho, o dólar encerrou os negócios valendo 3,61 pesos. O risco-país (Embi+), medido pelo JP Morgan, chegou a disparar 1,5% e alcançou 2.230 pontos. Já os C-Bonds, títulos da dívida
brasileira mais negociados no exterior desvalorizaram 0,49% e fecharam o dia a 51,25% do valor de face.
"É um absurdo nossa moeda valer menos que a argentina. Aqui há o medo da sucessão presidencial, mas lá não há nem governo", diz o diretor de câmbio da Novação Corretora, Mário Battistel. A pressão esteve relacionada ao vencimento de US$ 1,52 bilhão em títulos cambiais que serão resgatados pelo Banco Central hoje, baseados na formação da Ptax (taxa média calculada pelo BC) de ontem. Quanto maior a taxa do dia anterior, mais os bancos que detém esses títulos ganham. Battistel explica que a pressão sobre o câmbio hoje deve ser menor, já que não há mais o interesse pela Ptax.
Na Bovespa, o volume de negócios melhorou, com o surgimento de compradores. O principal índice encerrou em queda de 1,24%, aos 9.148 pontos, menor nível desde 2 de março de 1999, quando houve a desvalorização do real. Nos dois pregões desta semana, a perda acumulada já atinge 4,5%. O analista da Corretora Geral, Ivanor Torres, explica que o suporte atual é a casa dos 9 mil pontos. O suporte chegou a ser testado ontem, quando o Ibovespa chegou a 9.069 pontos. Segundo Torres, os papéis já estão em ponto de compra. Os investidores preferem as empresas exportadores devido à forte desvalorização do real.
"O dólar no nível de R$ 3,80 é quase uma comédia, se a situação não fosse tão trágica", lamenta o professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) José Cezar Castanhar. Ele observa que a alta é especulativa, já que desde o início da escalada do dólar os fundamentos marcoeconômicos brasileiros só melhoraram. "A opção do BC por resgatar os títulos só reforça a solidez econômica brasileira", ressalta.
Castanhar lembra que no passado as instituições financeiras também pressionaram o dólar nas vésperas de resgates de títulos, caso do dia seis de agosto. "Esta situação sinaliza que, se o BC não for mais severo, o céu vai ser o limite para o dólar. A pressão ocorre porque a autoridade monetária está passiva", destaca. O nervosismo aumentou com os boatos sobre a nova pesquisa eleitoral do Ibope, divulgada ontem a noite após o fechamento do mercado. Ainda prevalece a ameaça de um conflito entre o Iraque e os Estados Unidos que deve reduzir mais o fluxo de investimentos para o Brasil. "O problema é que o mercado não gosta de incerteza, mas não vejo espaço para mudanças radicais devido ao acordo com o FMI", explica o economista do Lloyds TSB, Wilson Ramião.
Para o professor da FGV, o crescimento do candidato de oposição Luiz Inácio Lula da Silva nas pesquisas eleitorais é apenas uma desculpa. "Estão sempre buscando uma forma de ganhar mais. Há um mês a situação brasileira era frágil e a possibilidade de Serra ir para o segundo turno mais remota, porém o dólar não estava tão alto", afirma.
Campanha política no Estado
Tarso Genro lidera pesquisas e peemedebista ameaça Britto
Dois institutos de pesquisa divulgaram ontem novos números para a diputa ao governo do Estado. O Ibope ouviu 1.200 pessoas entre os dias 20 e 22 de setembro e a margem de erro apontada ficou em 2,8%. Conforme a pesquisa, Tarso Genro, da Frente Popular, lidera com 32%. O candidato da coligação O Rio Grande em 1º Lugar, Antônio Britto obteve 26% das intençòes de voto. Germano Rigotto se mantém em crescimento atingindo 18%. Celso Bernardi ocupa o quarto lugar da preferência di eleitorado com 8%.
Para o segundo turno, o Ibope projetou o enfrentamento entre os quatro principais postulantes ao Piratini.
Numa eventual disputa entre Tarso Genro e Antônio Britto, o petista obteria 46% dos votos contra 42% de Britto. No caso de Tarso enfrentar Germano Rigotto, o candidato da Frente Popular perderia a eleição com 43% contra 46% do peemedebista. Rigotto também venceria, com 48%, se o seu concorrente, no segundo turno, fosse o ex-governador Antônio Britto, que somaria 37% dos votos. Já Bernardi, quando incluído na disputa, contra Britto, chegaria ao palácio Piratini com 42% contra 41% do candidato da coligação O Rio Grande em 1º Lugar. Se a disputa fosse com Tarso Genro, Bernardi obteria 37% dos votos e Tarso 49%
Já os numeros do Vox Populi, que realizou 1.971 entrevistas em 86 municípios, entre os dias 21 e 22 de setembro, na pesquisa expontânea, aponta o candidato Tarso Genro com 26% das intenções d e voto; Antônio Britto com 22%, Germano Rigotto com 13% e Celso Bernardi, com 6%. No voto estimulado, Tarso sobe para 31%; Britto para 27% e Rigotto para 16%. Bernardi aparece com 8% da preferência dos entrevistados. O Vox populi, também, mediu a rejeição candidatos. Britto é o candidato com maior índice, 33%. Em segundo vem o ex-prefeito de Porto Alegre, Tarso Genro, com 26%. Germano Rigotto e Celso Bernardi aparecem empatados em 4º lugar, atrás do candidato do PL, Capitão Aroldo Medina, com 2%.
Para o segundo turno, o Vox Populi aponta a vitória apertada de Tarso Genro, com 43% dos votos, contra 42% de Antônio Britto. De acordo com o intituto de pesquisas, o candidato que congrega a maior oposição ao PT é o ex-governador Antônio Britto, com 54%. Germano Rigotto é lembrado como oposicionista por 16% dos pesquisados e Bernardi por 5%.
Fogaça, Paim e Emília estão empatados para o Senado no RS
A soma dos números na pesquisa estimulada para o Senado Federal apontados pela última consulta do instituto Vox Populi apontam os nomes de Sérgio Zambiasi (PTB), com 44%, e Emília Fernandes (Frente Popular), 27% como os próximos senadores eleitos pelo Rio Grande do Sul. José Fogaça, da coligação O Rio Grande em 1º Lugar, surge na terceira colocação com 26%, e Paulo Paim, da Frente Popular, aparece em quarto lugar com 25%.
Mais distantes aparecem Odacyr Klein e Vicente Bogo, ambos da coligação União pelo Rio Grande, respectivamente, com 9% e 6%; Hugo Mardini, do PPB, com 5%; João Bosco Vaz (PDT) e Valdir Caetano (PL), empatados com 2% e, também empatados com 1%, os candidatos Marcos Citolin (PSB), Marisa Medeiros (Prona), Guilherme Giordano (PCO), Otávio (PSTU) e Paulo Careca (PV). Paulo Barela, do PSTU, e Agis Caraíba do PSC não aparecem na pesquisa.
Para Simon, Rigotto estará no 2º turno
A confirmação dos números de uma nova pesquisa dos Institutos Vox Populli e Ibope, divulgadas ontem, em que Germano Rigotto amplia a sua faixa de crescimento frente a Antônio Britto e Tarso Genro, o senador Pedro Simon acredita que o candidato da coligação União pelo Rio Grande chegará ao segundo turno e à vitória nas próximas eleições para o Palácio Piratini. Conforme Simon, a mobilização da militância e das lideranças que integram a aliança com o PSDB e PHS, somada ao discurso preciso e coerente de Rigotto, está fazendo a diferença para reverter o quadro de polarização criado desde o início da campanha.
"Estamos vivendo um momento de euforia, mas sem salto alto", destacou o senador ao se referir ao trabalho heróico de Germano Rigotto que, segundo Simon, "enfrentou os baixos índices iniciais das pesquisas, cerca de 4%, e não esmoreceu, percorrendo todo o Rio Grande com propostas de união em torno dos problemas do Estado.
Simon reforça sua crença de vitória ao lembrar que tanto o PT, na reta final de campanha, como o PMDB contam com uma militância aguerrida e apaixonada. A do PMDB tem um extenso histórico de lutas e de conquistas de diversos mandatos para os candidatos do partido.
Sobre a queda de Antônio Britto, Simon comentou que no período de alta várias lideranças buscavam aproximação com o ex-governador. Citou como exemplo Leonel Brizola e Zambiasi. "Agora, na hora de descer, ninguém quer descer com ele", ironizou.
O senador gaúcho preconiza que, no segundo turno, Rigotto terá maior poder para catalizar os votos dos partidos de oposição para vencer o candidato do PT. "Os apoios virão ao natural pela proposta levantada por Rigotto que pretende reunir todos num grande pacto em defesa dos interesses do Rio Grande, até mesmo os que o ridicularizavam quando comentavam com desdém a sua intenção de unir o Rio Grande".
Bernardi reúne-se com prefeitos
O candidato do PPB ao governo do Estado, Celso Bernardi, reuniu-se ontem à tarde, no Clube Farrapos, com prefeitos, vice-prefeitos e vereadores do seu partido. Segundo Percival Puggina, coordenador-geral da campanha, o objetivo foi dar continuidade ao processo de mobilização - os encontros anteriores reuniram presidentes dos diretórios municipais, candidatos às eleições proporcionais e outras lideranças progressistas - para chegar ao segundo turno, utilizando como estratégia à municipalização da campanha.
Em seu pronunciamento, Bernardi disse que o PPB já demonstrou sua força ao sair das eleições municipais de 2000 como o maior partido do Estado. Naquela eleição, segundo ele, o PPB fez quase 1,2 milhão de votos, resultando no maior número de prefeitos eleitos (174), de vice-prefeitos (153) e de vereadores (quase 1.500).
"Temos que repetir esse desempenho não apenas para assegurar uma vaga no segundo turno, mas para ampliar nossa participação na Assembléia e no Congresso.
No planejamento previsto para os últimos dias de campanha o PPB, segundo Puggina, vai fazer dois grandes comícios no interior do estado. O primeiro será no dia 1º de outubro, em Caxias do Sul, que é a terra da candidata a vice-governadora, Denise Kempf. O outro será em Santo Ângelo, dia 3. Esse será revestido emoção, já que é a cidade onde Bernardi estruturou sua vida política, profissional e pessoal. "Sou grato ao PPB, um partido que deu a um filho de pequeno produtor rural, que até hoje trabalha na terra, lá em Chiapetta, a oportunidade de se tornar deputado estadual, deputado federal, secretário de Estado e se Deus quiser e o povo gaúcho permitir, governador do Rio Grande".
Folheto do Ministério Público orienta eleitor durante o pleito
O Ministério Público do Rio Grande do Sul, através do Centro de Apoio Operacional Cível e de Defesa do Patrimônio Público, com apoio da Associação do Ministério Público, lançou e está distribuindo desde ontem um folheto de bolso contendo um resumo das condutas permitidas e proibidas no dia das eleições e em dias anteriores. No folheto, enviado principalmente para as Promotorias de Justiça do interior do Estado, Polícias Civil e Militar e à Imprensa, constam 11 informações básicas para o eleitor nestas eleições de 2002.
n Propaganda fixa (outdoors, placas): não é vedada no dia das eleições. A remoção deve obedecer o prazo de 30 dias após o pleito.
Campanha pede respeito aos idosos
Uma campanha para sensibilizar os motoristas em relação à presença de pessoas acima de 60 anos no trânsito marcou a abertura da 18ª Semana Municipal do Idoso, ontem, em Porto Alegre. Grupos de idosos distribuíram folhetos nos terminais de ônibus do Centro, com informações sobre os direitos das pessoas da terceira idade no transporte coletivo.
Com a a ção "Idoso e Transporte, Circulação e Urbanismo na Cidade de Porto Alegre", a Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) pretende fazer com que haja mais respeito com os velhos nas vias públicas.
"Os motoristas da Carris e de outras empresas de ônibus são preparados para servirem cada vez melhor os idosos", afirma o diretor-presidente da EPTC, Luiz Carlos Bertotto. "A campanha servirá para reforçar ainda mais essa rotina." Na ocasião, a prefeitura lançou o projeto "Travessias da Vida", que consistirá na formação de grupos de idosos para orientar outros idosos no trânsito e demonstrar aos técnicos da EPTC como pessoas acima de 60 anos se locomovem e atravessam as ruas..
A programação da 18ª Semana Municipal do Idoso terá visitas a escolas e asilos, palestras, caminhadas, apresentações, oficinas culturais e shows musicais. O tradicional Baile do Idoso, no Clube Farrapos, marcará o encerramento das atividades, no dia 1º de outubro. "São esperadas 500 pessoas em cada atividade e duas mil no baile, inclusive moradores de toda a Região Metropolitana", destacou a presidente do Conselho Municipal do Idoso (Comui), Marilene Peixoto da Costa.
Na sexta-feira, a Fundação de Assistência Social e Cidadania (Fasc) inaugura o Centro de Convivência do Idoso Nascer do Sol, no bairro Jardim Lindóia. "O serviço é pioneiro no País e oferecerá transporte, atendimento de assistência social e lazer durante o dia a idosos em situação de risco social", explica o presidente da Fasc, Renato Guimarães. Porto Alegre possui 167 mil habitantes na faixa etária superior a 60 anos de idade, o que representa 11,8% da população.
Atividades da Semana do Idoso:
Dez municípios decretam situação de emergência
A Defesa Civil do Rio Grande do Sul informou ontem que aumentou para 10 o número de municípios que decretaram situação de emergência. As cidades de Alegrete, Alto Feliz, Arvorezinha, Cacequi, Coronel Bicaco, Farroupilha, Jacutinga, Rio Prado, Santa Maria e Quaraí fizeram o pedido de emergência devido aos estragos causados pelas chuvas que atingiram o Estado.
Ontem, a prefeitura de Alegrete, na Fronteira Oeste, enviou pedido de estado de calamidade pública devido às últimas chuvas. A Defesa Civil do Estado fará uma nova vistoria na região provavelmente no dia de hoje. Ontem, 80 famílias retornaram para suas casas com a baixa do nível do rio Ibirapuitã.
Ontem, a prefeitura de Rio Pardo enviou o pedido para a Defesa Civil em razão das chuvas registradas na semana passada que destelharam casas na região. Segundo a prefeitura, 30 famílias estão desabrigadas e os prejuízos chegam a R$ 600 mil.
Os municípios de Jacutinga e Arvorezinha, localizados na região Norte e Alto da Serra do Botucaraí também decretaram situação de emergência. As duas cidades foram atingidas por um forte vendaval. Em Arvorezinha, houve destelhamento de casas, escolas, galpões, estufas e chiqueiros as áreas urbanas e rural.
Segundo a Defesa Civil, as famílias que estavam desabrigadas começaram a retornar para suas casas. Desde o dia 11, cerca de 3,3 mil pessoas foram deslocadas para abrigos improvisados pela prefeitura e para casas de amigos e parentes. No último final de semana, o bom tempo colaborou para o retorno dos atingidos nas cidades de Rosário do Sul, Santa Maria e Cacequi.
Artigos
Especialização e a sonegação tributária
Zulma Rejane Rodrigues
No momento em que a situação das finanças do Estado do Rio Grande do Sul apresenta níveis próximos do esgotamento e que a cidadania se realiza através da participação nos gastos de investimentos, é natural que a atenção se volte para aqueles que usufruem, mas não contribuem, sonegando os tributos. A recessão econômica mundial decorrente da crise do petróleo, em 1973, afetou o financiamento do setor público em todo o mundo e as empresas que conseguiram sobreviver passaram a sofrer a pressão do Estado que buscava manter o mesmo volume de gastos, redistribuindo a carga entre um universo menor de contribuintes. A reação foi a proliferação do chamado "planejamento tributário". Como esse é caro e não é possível de ser realizado com a mesma eficiência nos diversos setores, surgiu a indagação a respeito dos níveis de sonegação, os quais passaram a ser quantificados nos países centrais. No Brasil esse comportamento se instaurou com a crise dos anos 1980. Em 1986, os fiscais de tributos estaduais publicam um trabalho pioneiro de quantificação da sonegação observada neste imposto. Na década de 1990, a Secretaria da Receita Federal procurou realizar um trabalho semelhante para os tributos federais. Os números indicam que existe uma margem importante para ser integrada à receita tributária, com base no combate à evasão. A atuação do fisco estadual tem tornado realidade boa parte deste potencial, fenômeno que vem se solidificando através do Programa de Modernização Fazendária, o qual propicia a modernização, em termos de equipamentos e de treinamento especializado, dos fiscais de tributos estaduais, cujo número tem decrescido nos últimos anos, mas cuja produtividade total e individual mostra um comportamento continuamente ascendente.
No final da década de 90, a disponibilidade de meios eletrônicos possibilitou adotar a estratégia da fiscalização setorial, de natureza preventiva e centrada na busca da justiça entre os agentes do mercado, pois direcionada à totalidade dos contribuintes dos principais setores da economia gaúcha. Para que esse esforço possa ser completo cabe desfazer o equívoco cometido com a criação do cargo de "agente fiscal de Tesouro", que se contrapõe à tendência internacional de especialização das atividades de administração tributária.
Órgãos como a Organização de Cooperação para o Desenvolvimento Econômico, OCDE, e o Centro Interamericano de Administração Tributária, CIAT, apresentam as experiências realizadas nessa área com êxito em diversos países. Alguns Estados brasileiros também já adotaram com sucesso tal modelo. Esse é o caminho. Toda a argumentação produzida em sentido contrário esquece a evolução ocorrida em todo o mundo, onde a administração da Receita Pública é atividade que assegura ao Fisco independência funcional, autonomia orçamentária e administrativa.
Colunistas
ADÃO OLIVEIRA
A faixa
A faixa presidencial, símbolo de poder no Brasil República, está por mudar de mãos. Em 1º de janeiro de 2003, dia da posse do novo presidente, a faixa vai brilhar no peito do escolhido pelo voto popular.
Mas, houve um dia em que o sucessor não recebeu do sucedido o símbolo do poder. Foi no dia 15 de março de 1985.
Na instalação da Nova República, o presidente anterior, general João Figueiredo, não passou a faixa ao seu sucessor, José Sarney, e irritado, também não presidiu a cerimônia de mudança de governo, deixando às pressas, o Palácio do Planalto.
Pela porta dos fundos.
Mas, para a surpresa geral, dias depois, as repartições públicas de todo o País, recebiam a foto oficial do novo presidente da República, ostentando orgulhosamente uma novíssima e brilhante faixa presidencial.
A que João Figueiredo recebera de Ernesto Geisel, ninguém sabe, ninguém viu. Perdeu-se, para a história.
Quem, então, teria colocado a nova faixa em Sarney?
Eu resgatei essa história com o doutor Leitão de Abreu, ministro-chefe do gabinete Civil de João Figueiredo, testemunha ocular da história.
Na verdade, não seria Sarney, considerado pelo último general presidente, um traidor do sistema, e sim Tancredo Neves, o sucessor de Figueiredo.
A Arena, partido oficial do sistema, tinha dois candidatos para enfrentar o Colégio Eleitoral: o gaúcho, ministro do Interior, coronel Mário Andreazza, e o controvertido Paulo Maluf, ex-governador paulista. José Sarney, Amaral de Souza, Nelson Marchezan, Marco Maciel, Jorge Bornhausen, Carlos Chiarelli e Antônio Carlos Magalhães eram parceiros de Andreazza. Golbery do Couto e Silva, Délio Jardim de Mattos, Emídio Perondi e outros fechavam apoio em torno de Paulo Maluf.
Portanto, a Arena estava dividida e, assim, encarou uma convenção. Deu Paulo Maluf. Folgado. Irritados com isso, os partidários de Andreazza abandonaram a Arena, depois de uma tensa reunião em sua sede. Saíram, o presidente do partido, senador José Sarney, e os vices Marco Maciel e Jorge Bornhausen, e aquele pessoal citado lá em cima.
Esse grupo, reunido a poucos metros da sede da Arena, no Setor Comercial Sul, aqui em Brasília, foi formar, horas depois, a Frente Liberal, que depois se transformou no Partido da Frente Liberal.
Pois esse Partido da Frente Liberal se uniu ao PMDB e ofereceu José Sarney como o vice de Tancredo.
Tancredo enfrentaria no Colégio Eleitoral o candidato do sistema, Paulo Maluf.
Deu Tancredo Neves. Disparado.
Quis o destino, no entanto, que Tancredo Neves, depois de eleito pelo Colégio Eleitoral fosse acometido de uma grave enfermidade e morresse antes de tomar posse como presidente da República. Consternação geral!
Caia, então, no colo do senador maranhense José Sarney a presidência da República. João Figueiredo nunca engoliu isso. Ele considerava José Sarney um traidor.
E, por isso, não lhe passou a faixa e nem presidiu a cerimônia oficial de sua posse. A faixa envergada por Sarney na foto oficial foi mandada confeccionar às pressas, no Rio de Janeiro, por Gervásio Batista, escolhido por Sarney, para ser o novo fotógrafo da presidência da República. Foi Gervásio, o fotógrafo, quem colocou a faixa no peito de José Sarney. Que foi considerado presidente ilegítimo. Até por isso.
CARLOS BASTOS
Rigotto tem pára-raio com Britto e Tarso
O candidato do PMDB ao governo, Germano Rigotto, que está tentando quebrar a polarização da sucessão estadual gaúcha, tem pára-raio na campanha em relação aos seus principais concorrentes para a disputa do segundo turno: Antônio Britto, do PPS, e Tarso Genro, do PT. Além de ser beneficiado por ter ficado fora da verdadeira "guerra de bugio" travada nos programas de rádio e televisão entre partidários do ex-governador e do ex-prefeito de Porto Alegre, os dois candidatos tem como seus alvos prioritários para o segundo turno o eleitorado peemedebista, e isto impede que invistam contra Germano Rigotto, evitando criar áreas de atrito com seu eleitorado.
O candidato peemedebista, assim, só receberá algumas estocadas do candidato do PPB, Celso Bernardi, que até aqui não se cacifou para a disputa de um lugar no segundo turno. E há dois dias já abriu baterias, por sinal, contra as duas administrações do PMDB no Estado. Os programas de Britto e Tarso se mantém infensos ao
crescimento dos índices nas pesquisas de opinião de Germano Rigotto.
Antônio Britto conta abocanhar uma porção majoritária dos eleitores que se inclinaram por Rigotto no primeiro turno, na hipótese de ficar para a decisão do pleito gaúcho com o petista Tarso Genro no dia 27 de outubro. Isto o imobiliza na probabilidade de algum ataque ao agora seu concorrente por uma vaga no segundo turno. Acrescente-se a isto que Britto faz questão de manter seu discurso coerente, e desde o início da campanha ele prega que vai apoiar o candidato da oposição que obtiver a preferência do eleitorado e que fôr para o segundo turno na disputa com Tarso Genro do PT.
Da parte do candidato do PT à sucessão do governador Olívio Dutra desde os primeiros movimentos eleitorais ele acenou para os simpatizantes do PDT e do PMDB. Já conseguiu a adesão de um quinhão de pedetistas, e procura manter um bom relacionamento com os peemedebistas que permaneceram no partido, e que estão apoiando Germano Rigotto, visando obter o seu apoio na possibilidade de um segundo turno. Ele quer cooptar aqueles setores peemedebistas inconformados com a saída do ex-governador Antônio Britto e seu grupo do partido. Assim, os ataques dos programas de rádio e televisão do PT continuarão com sua artilharia assestada contra o candidato Antônio Britto, poupando o candidato peemedebista.
Poupado por seus adversários em seus programas, Germano Rigotto continua em ascensão nas pesquisas, e os seus principais concorrentes estão impedidos de atacá-lo. Ficaram com as mãos amarradas para tentar evitar o seu crescimento nas pesquisas, abrindo um largo caminho para ele quebrar a polarização do pleito no Rio Grande do Sul, que se desenhava no início da atual campanha eleitoral.
Última
A Câmara Municipal de Porto Alegre, pela primeira vez em sua história realizou uma sessão solene no salão nobre da ARI, ontem, quando foi entregue o troféu de Honra ao Mérito ao jornalista João Borges de Souza, por proposta do vereador Raul Carrion, do PCdoB, que concorre à Câmara Federal. Os trabalhos foram dirigidos pelo presidente da ARI, Ercy Torma, e estava presente o vereador e jornalista Antonio Hohlfeldt, do PSDB, candidato a vice-governador na chapa de Germano Rigotto. Também presente o jornalista Ibsen Pinheiro, ex-presidente da Câmara dos Deputados, que é candidato a deputado federal.
FERNANDO ALBRECHT
A vez da Bolinha
Entidades de proteção aos animais e políticos estiveram reunidos ontem com o presidente da Assembléia, deputado Sérgio Zambiasi (PTB) numa mobilização para aprovar o projeto de lei que cria o Código Estadual de Proteção dos Animais do RS, do deputado Manoel Maria (PTB). O presidente da Câmara Municipal, vereador José Fortunati (PDT), e os vereadores Beto Moesch (PPB) e Adeli Sell (PT) foram dar força, mas a grande estrela foi a cachorrinha Bolinha, adotada pelo Grupo de Apoio ao Bem-Estar Animal. Ela simboliza todos os animais que passaram ou ainda passam por maus tratos. Bolinha jogava até futebol com a piazada de uma vila.
Ameaça motoqueira
O Sindicato dos Taxistas Autônomos de Porto Alegre é contra a implantação de moto-táxi na capital gaúcha.
A EPTC também, idem todas as pessoas de bom senso. Transformar a cidade em um oásis de mototáxis seria um retrocesso monumental. A pretexto de beneficiar alguns o sistema empobrecerá os taxistas e contribuirá para uma maior ocupação do HPS. E se um dia os mototáxis vingarem, que instaure-se aqui também o riquixá. Que pelo menos é mais seguro.
A absolvição
Terminou bem para o ex-prefeito Raul Pont um processo por injúria, que sofreu por parte do empresário Dagoberto Lima Godoy - o empresário foi chamado por Pont de "testa de ferro da Ford" quando era presidente da Fiergs. A 7ª Câmara Criminal do TJ absolveu o ex-prefeito em segunda instância. Por falar em Raul Pont: é impressionante como ele aparece disparado na ponta em todas as pesquisas para deputado estadual. Claro que existem os bolsões e de repente alguém bem situado acaba não sendo eleito no geral, mas não parece ser este o caso.
Rainha do Deserto
Nem D-20, nem Scenic, nem Cherokee e muito menos jatinho. Lires Marques, candidata à Assemb léia pelo PT usa ônibus para percorrer o Interior. Está sendo chamada de Rainha do Deserto. Sem bandeirolas em postes ou santinhos na mídia, ela visita os mutuários da Cohab que tiveram seus imóveis quitados na campanha que ela lançou. São 76 mil famílias e Lires já visitou 42 mil. É um nicho e tanto.
O pepinão
Tem razão o presidente do TRE, desembargador Marco Antônio Barbosa Leal, quando se queixa do festival de baixarias na campanha. Projetos, quando vêm, são abordados de forma genérica. Um pepinão que é o Ipergs, por exemplo, passa ao largo. O certo é que o próximo governador, seja ele quem for, terá que fazer uma cirurgia radical no instituto. Quem encara este desafio e diz o que fará com o Ipergs? Mas sem voltinhas
, certo?
Fala a prefeitura
Com relação à nota sobre os buracos feitos por empreiteiras nas ruas, ou por serviços mal-feitos quando finalizam obras, a Smov informa que todas as obras de instalação do trecho da Infovia Procempa estão sendo fiscalizadas pela EPTC. Bem, como em alguns locais o problema existe, a saída é queixar-se para a Smov no 3289-8988.
Os Sem-Pintado
Pescadores amadores e profissionais ao longo do rio Taquari, altura da Barragem de Bom Retiro, reclamam do que eles chamam de "invasão dos gringos" que estaria dizimando os pintados do rio, justo nesta época em que eles aparecem mais. Segundo este pessoal, os intrusos praticam uma pesca em alta escala e predatória que não deixa espaço para os pescadores da região, que temem que os estoques do peixe no Taquari desçam a quase zero.
Fala o Interior
A situação das rodovias na região produtora polarizada por Erechim está alarmando as autoridades e empresários locais. A situação pior é a enfrentada pelos usuários da rodovia estadual que liga Erechim a Viadutos. O pavimento asfáltico da estrada já vinha apresentando sérios problemas devido à falta de conservação, fato agravado ainda mais pelo excesso de chuvas ocorrido nas últimas semanas na região. A rodovia não recebeu qualquer manutenção nos últimos anos.
Plano Delta I
A história é a seguinte: ao procurar um documento nos papéis de familiar que trabalha em importante órgão público paulista, um empresário descobriu um documento que o preocupou. Parece mais uma ata de reunião e nela só se fala em um tal de Plano Delta. Há dezenas de anotações, algumas ilegíveis. Nas legíveis, lê-se que o Plano Delta parte do pressuposto de que vice não mandará nada. Fala em congelamento de aplicações acima de R$ 5 mil.
Plano Delta II
Entre outros assuntos detalha a proposta de zerar as dívidas públicas em todos os níveis; meio calote da dívida externa pública; majoração de combustíveis em 50% em janeiro e 50% em março; criação de uma nova moeda depois da óbvia inflação resultante, que teria o nome de República, com relação 4:1 (em dólar?). Fala da nomeação de 350 mil CCs e "nomeia" desde já alguns ministros. No conjunto, a peça impressiona. Pode ser apenas peça de ficção. Ou não.
Editorial
AMPLIAR O AGRONEGÓCIO É FUNDAMENTAL AO BRASIL
Quando tanto se fala sobre a Área de Livre Comércio das Américas, a Alca, o Brasil deve apostar na ampliação do agronegócio, que aumenta as exportações em 2002. Agora em novembro, o Brasil e os Estados Unidos assumem a presidência conjunta do processo negociador da Alca. É o momento de ouro, com a participação do futuro presidente e sua equipe, de serem aparadas as arestas. O Brasil mantenha sua atuação como negociador global, "global trader", e para isso o Itamaraty e o Ministério da Agricultura devem agir nesta direção. Afinal, somos o terceiro maior exportador de carnes do mundo, posição alcançada mais por problemas dos concorrentes do que por méritos próprios, quando a produção mundial de carnes está em torno aos 55 milhões de toneladas, das quais o País participa com sete milhões, praticamente o máximo que podemos chegar, segundo especialistas. Além disso, somos a última fronteira agrícola do planeta, ainda temos pelo menos 90 milhões de hectares para plantar, sem cortar uma única árvore da Amazônia. São 851 milhões de hectares, dos quais plantamos em apenas 39 milhões com lavouras anuais. Culturas permanentes usam somente 14 milhões de hectares e utilizamos cinco milhões em plantações florestais. Simultaneamente, o Brasil está colhendo a sua maior safra de café, 45 milhões de sacas, ou mais de 40% do consumo mundial do produto, mas há uma brutal queda do preço do café em todos os mercados, embora uma reação nas últimas semanas. O próximo presidente e os governadores não podem, não devem e cometerão um grave erro se pensarem que seus governos serão um novo Gênesis, o princípio de tudo. Não, muito está acontecendo e foi alinhavado através de uma postura clássica do Itamaraty, reconhecida através de décadas como sendo coerente e pragmática, conciliadora sem perder de vista os interesses do País e do Mercosul, mais recentemente. Existem tratados assinados, como o de Assunção, em 1991, e os EUA acenam inclusive com um acordo comercial bilateral, o que deverá ser resolvido pelo novo governo federal. Com a União Européia, o Mercosul tem tratativas adiantadas, enquanto com a Alca a ação conjunta do Brasil com os EUA deverá acelerar o processo, o Mercosul precisa apresentar ofertas concretas não além de fevereiro de 2003, com a renovação até o final do próximo ano. Também avançamos muitos nos negócios com a China, a Rússia e a Índia, países que, como nós, têm mantido uma aproximação lenta mas constante com os Estados Unidos, visando justamente ampliar negócios. A China é emblemática, país com regime político comunista mas cada vez mais com uma economia aberta, de mercado. Por outro lado, o novo nome do protecionismo chama-se sanidade animal e vegetal, ou barreira que é imposta aos produtos brasileiros na Europa e nos Estados Unidos.
O maior desafio, portanto, é eliminar barreiras e os subsídios nos países desenvolvidos, US$ 300 bilhões em ajuda anual. O Canadá é o exemplo de barreiras, inventou a doença da Vaca Louca como retaliação por causa da concorrência da Embraer com a Bombardier. Jogar bem e de maneira coordenada em várias frentes é ponto fundamental na administração do agronegócio, o que mais tem se expandido nos últimos anos.
Simultaneamente, embora a desconsertante explosão do dólar e do risco-Brasil, o superávit primário acompanha a balança comercial, vai bem e está em R$ 37,358 bilhões, 4,49% do PIB, 4,476 bilhões em agosto, para meta de R$ 41 bilhões até setembro. Apesar de tudo, há motivos para crer mesmo em nervosismo, pitada de especulação, aversão ao risco e problemas econômicos e financeiros nos EUA, na Europa e no Japão. Está todo o mundo dominado pelo medo.
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09/25/2002
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