Governo do Estado cria a São Paulo Companhia de Dança
Serão investidos nas ações de dança, inicialmente, R$ 49,6 milhões
Em evento realizado em janeiro, na sede da Secretaria Estadual da Cultura, o governador José Serra e o secretário de Estado da Cultura, João Sayad, anunciaram uma série de ações na área de dança para 2008. As iniciativas incluem a criação da São Paulo Companhia de Dança, que terá um corpo de bailarinos selecionados em todo o país; a construção do Teatro de Dança, a ser construído na Luz, no local onde ficava a antiga rodoviária de São Paulo; e o aumento das verbas de fomento para o setor por meio do PAC (Programa de Ação Cultural).
Serão investidos nas ações de dança, inicialmente, R$ 49,6 milhões: R$ 34 milhões com a desapropriação da área da antiga rodoviária e construções anexas, no bairro da Luz; R$ 13 milhões para a manutenção da companhia em seu primeiro ano; R$ 1,4 milhão de verbas do PAC para grupos de dança privados (52% a mais do destinado em 2007); R$ 600 mil na manutenção da programação do Teatro Itália –TD; R$ 300 mil para Festivais de dança no Estado e R$ 300 mil para projetos relacionados à danças folclóricas.
“Nossa preocupação é promover a dança de qualidade, que necessita do apoio do Estado e exige o comprometimento de todos os setores envolvidos. Queremos preservar os extremos, do clássico ao contemporâneo, da dança de rua às tradições folclóricas”, afirma João Sayad.
Da mesma forma que a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp) tornou-se uma referência em matéria de música clássica no cenário nacional, a São Paulo Companhia de Dança pretende influir decisivamente no panorama da dança no Brasil, buscando firmar um padrão e contribuir para o desenvolvimento de experiências similares.
“Não queríamos atender esse setor tão importante de forma pulverizada ou liberando recursos apenas por editais. Optamos por uma ação mais abrangente envolvendo também a criação da São Paulo Companhia de Dança e a construção de um teatro projetado especialmente para atender às necessidades dos bailarinos e ser sua sede permanente”, explica Luiz Nogueira, da Unidade de Formação Cultural, que coordena essas ações.
Companhia de dança
Ao fundar uma companhia de dança, a Secretaria da Cultura pretende fomentar a criação, difusão e sustentação dessa arte, unindo tradição e inovação, atenta à diversidade cultural presente no Estado. A São Paulo Companhia de Dança tem como diretora artística Iracity Cardoso e Inês Bogéa como diretora artística adjunta.
“Criar uma companhia, do porte da São Paulo Companhia de Dança, não significa juntar bailarinos talentosos. É algo muito mais complexo. É um trabalho diário, de ensaios, de dedicação, de formação da personalidade da Companhia”, afirma Iracity Cardoso, com a experiência de quem atuou em grupos brasileiros e estrangeiros e dirigiu companhias internacionais, como o Balé de Genebra, na Suíça, e o Balé da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa. “Há jovens talentosos no Brasil que chegam a uma formação de excelência e não têm como prosseguir suas atividades no país, sendo obrigados a buscar oportunidades no exterior”, afirma. Iracity vê a criação da São Paulo Companhia de Dança como um importante passo para a dança no país. Os contratos de bailarinos e equipe técnica serão regidos pela legislação trabalhista.
Para a diretora-adjunta, Inês Bogéa, a Companhia tem como objetivo ampliar a atuação da dança e abrir o diálogo e o debate com outras áreas culturais. “A dança gera atualmente pouca reflexão de intelectuais que não são da área. A idéia é que a Companhia estimule o debate”, afirma. A atuação da Companhia não se limitará apenas à criação de espetáculos. Vai procurar, também, articular os aspectos pedagógicos e artísticos, com a ampliação do diálogo com a comunidade.
A companhia realizará montagens de excelência artística, tanto pela relevância das obras, quanto pela qualidade técnica dos 40 bailarinos que comporão seu corpo artístico, contratados em audições no país e no exterior (veja calendário das audições abaixo). O repertório será abrangente, incluindo obras dos séculos XIX, XX e XXI. As montagens poderão abordar as grandes peças do repertório clássico e moderno, mas abrirão espaço para a criação contemporânea, de coreógrafos nacionais e internacionais. Tradição e renovação se completam num diálogo constante entre o passado e o presente. Com sólida formação em dança clássica, os bailarinos da Companhia também terão domínio das técnicas modernas e contemporâneas, habilitados a participar de montagens inéditas, abertos às novas idéias, atentos ao mundo ao redor.
Um dos objetivos da Companhia é tornar esse repertório acessível ao grande público, por meio de espetáculos, programas educativos e de formação de platéia. O trabalho de criação está intimamente relacionado ao de formação e difusão, com a abertura do trabalho criativo do grupo para escolas e para a população em geral, desde a preparação corporal, passando pelo desenvolvimento e acompanhamento técnicos, até a experimentação e a reflexão do ato artístico.
Para marcar o início de suas atividades, a Companhia fará duas estréias em 2008: um espetáculo artístico e um projeto de caráter artístico-pedagógico. Além das apresentações na capital, a Companhia deverá circular em turnê por algumas cidades do interior do Estado e, futuramente, viajará para outros Estados e para exterior.
Teatro de Dança e verbas do PAC
O Teatro de Dança, que começará a ser construído este ano, será a sede permanente da Companhia de Dança. Ocupará uma área de 16.501 metros quadrados (onde fica o Shopping Luz, que abrigava a antiga rodoviária da cidade), desapropriada no final de 2007 pelo governador José Serra ao custo de R$ 34 milhões.
O teatro será construído e equipado especialmente para abrigar espetáculos de dança. O espaço contará com duas salas de espetáculos, além de um auditório e conjunto de salas/estúdios – a sede da São Paulo Companhia de Dança – que também será usado por grupos particulares paulistas, que participarão de programas de residências artísticas.
As companhias farão residência em períodos pré-determinados, trabalhando com elenco, artistas e técnicos próprios, com apoio na forma de cessão de espaço para ensaios, ajuda de técnicos e local para estréia de produções. A soma dessas ações articuladas caracteriza o novo espaço como uma “casa para toda a dança”.
O Programa de Ação Cultural (PAC) também elevará em 2008 os recursos destinados à área da dança, por meio de editais com verbas próprias da Secretaria da Cultura ou provenientes de renúncia fiscal. Os valores chegarão a R$ 1,4 milhão, contra R$ 900 mil em 2007. Serão apoiadas propostas de pesquisa, companhias de médio porte, produções independentes, circulação de grandes, médios e pequenos grupos, núcleos e coletivos e companhias consagradas, a partir da experiência de duas edições do programa (2006-2007) e de reflexão sobre o panorama de editais municipais (Fomento à dança/Secretaria Municipal de Cultura) e federais (Prêmios Klauss Vianna).
Calendário de audições (pré-seleção)
Região Cidade Data
Norte Belém 13 de fevereiro
Nordeste &nb sp; Recife 15 de fevereiro
Centro-Oeste Brasília 17 de fevereiro
Sul Porto Alegre 19 de fevereiro
América do Sul Buenos Aires 21 de fevereiro
Sudeste São Paulo 23 de fevereiro
América do Norte e Europa A definir
Para se inscrever entre no site www.assaoc.org.br
De Dóris Fleury, da Secretaria Estadual da Cultura
(C.C.)
02/11/2008
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