GOVERNO É AUTORIZADO A COLOCAR MAIS TÍTULOS NO EXTERIOR



Em regime de urgência, o Senado aprovou resolução autorizando o governo a elevar de US$10 bilhões para US$20 bilhões o valor da emissão e colocação de títulos do Tesouro Nacional no exterior, a fim de substituir a dívida mobiliária interna por dívida externa. Em defesa do projeto, o senador José Fogaça (PMDB-RS) explicou que, estrategicamente no melhor momento, essa resolução permitirá ao governo obter financiamento externo a juros baixos para financiar a dívida interna, cujo serviço é altíssimo."Trata-se de mecanismo inteligente, que beneficia o Brasil", comentou o senador, destacando as vantagens que isso trará no abatimento da dívida interna nacional. O senador Lauro Campos (PT-DF), contudo, insurgiu-se contra o projeto, ironizando que "estamos no reino da bem-aventurança eterna". O senador observou que, apesar de destinar-se a abater dívida interna, isso consiste em endividamento externo, sendo um absurdo ampliar-se esse limite para US$20 bilhões.Na mesma linha, a senadora Marina Silva (PT-AC) criticou o projeto, alegando que o lançamento desses papéis, no médio e no curto prazo, não é preocupante, mas traz prejuízos para o futuro, aumentando a dívida externa brasileira. "Num país de economia frágil como o nosso, não se pode ter o olho só no curto prazo", advertiu ela.Relator da matéria, o senador Pedro Piva (PSDB-SP) classificou a emissão desses papéis como altamente vantajosa para o Brasil, ressalvando que a resolução não significa que o Brasil vai imediatamente lançar US$20 bilhões em títulos. "Essa é apenas uma autorização preventiva, uma forma de termos mais independência e não termos de voltar ao FMI", explicou.O senador Carlos Bezerra (PMDB-MT) também esclareceu que o que o governo brasileiro pretende é substituir dívida interna por dívida externa. Em sua opinião, seria ótimo que o país transformasse toda a sua dívida interna em dívida externa, que paga juros mais baixos. Votaram contra o projeto de resolução os senadores Marina Silva, Heloísa Helena, Lauro Campos, Ademir Andrade (PSB-PA) e José Eduardo Dutra (PT-SE).

29/06/1999

Agência Senado


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