Governo e Oposição divergem sobre divulgação de responsável por dossiê



A origem do dossiê sobre gastos sigilosos com cartões corporativos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e de sua esposa, Ruth Cardoso, gerou grande discussão em Plenário nesta quarta-feira (2). Ao responder a pedido de esclarecimento do 1º vice-presidente do Senado, Tião Viana, sobre notícia, veiculada pelo blog do jornalista Ricardo Noblat, que o responsabiliza por repassar o dossiê para a imprensa, o senador Alvaro Dias (PSDB-PR) disse que não caberia a ele apontar quem elaborou o documento, mas, sim, cobrar do governo providências em relação a mais esse escândalo.

A líder do bloco de apoio ao governo no Senado, Ideli Salvatti (PT-SC), considerou que Alvaro Dias deveria dizer quem está circulando com os dados.

- Não adianta o PSDB apresentar requerimento para acompanhar comissão de sindicância (do Palácio do Planalto), porque está na mão do PSDB dizer quem lhe mostrou o documento - afirmou.

Alvaro Dias rechaçou a proposta da líder:

- Se eu soubesse quem vazou as informações, eu diria, eu denunciaria. Ocorre que não sei. Sei quem é o responsável maior, que é quem comanda a Casa Civil. [A ministra] Dilma (Rousseff, da Casa Civil da Presidência da República) declarou em São Paulo que estava providenciando um levantamento sobre os gastos do governo passado. Ela é responsável, não pelo vazamento, mas por administrar o setor - rebateu o parlamentar.

Na seqüência, o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio Neto (AM), anunciou que seu partido ingressará na Procuradoria Geral da República com outra denúncia de crime de responsabilidade contra a ministra. A motivação desta vez seria a falta de resposta a requerimento de informações por ele apresentado, e aprovado pelo Senado em 2005, sobre os gastos com cartões corporativos.

- Ela [Dilma Rousseff] não respondeu a pedido de informações feito em 2005. Tinha as informações, e não as forneceu. Incorreu em crime de responsabilidade e o partido pedirá o enquadramento dela nessa categoria - explicou, da tribuna do Senado.

O líder do PSDB também pediu que os dados sobre gastos com cartões corporativos levantados pelo Tribunal de Contas da União sejam repassados aos senadores. Para ele, será "uma inversão de valores" se os documentos que estão com o assessor ficarem "longe dos olhos dos assessorados", lembrando que o TCU é um órgão de apoio ao Congresso Nacional.

Também para o líder do DEM no Senado, José Agripino (RN), é irrelevante saber quem repassou o dossiê a Alvaro Dias. O que importa, afirmou, é o fato de alguém do Executivo ter elaborado o documento.

- É uma cortina de fumaça, atitude diversionista que tira o foco do que realmente interessa: os gastos irregulares com cartões corporativos neste governo, utilizados para comprar mesa de bilhar, fazer compras em free shop e outras cositas más - disse.

O senador Heráclito Fortes (DEM-PI) qualificou a acusação contra Alvaro Dias como "uma tentativa desesperada de inversão de um fato grave". Heráclito enfatizou que o parlamentar pelo Paraná "cumpriu com o seu dever ao receber as informações sobre o dossiê e usou sua prerrogativa legal de senador ao preservar a fonte". Em seguida, acusou o governo de atacar as outras instituições "para defender-se de acusações de corrupção, desmandos e crimes administrativos, "conforme já fizera com um ministro do Tribunal Superior Eleitoral [Marco Aurélio Mello] e com outros parlamentares".

O senador Wellington Salgado (PMDB-MG) também pediu a Alvaro Dias que divulgasse o nome de quem lhe entregou o dossiê. Ele contestou a versão de que a pessoa que divulgou o dossiê, usando levantamentos do Planalto, seja da base do governo. Na sua opinião, seria de uma ala que não quer ver a ascensão da ministra.

Já o senador Renato Casagrande (PSB-ES) ressaltou que, se a elaboração do dossiê é um crime, o seu vazamento também é.



02/04/2008

Agência Senado


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