Governo não se preocupa com a qualificação de RH em braile, diz presidente do Conade



O governo federal precisa investir na qualificação de profissionais especializados em braile - o sistema de leitura pelo tato destinado aos deficientes visuais - para garantir a educação dos cegos e a produção de livros para esse público. Esta foi uma das demandas apresentadas nesta segunda-feira (11), durante audiência pública promovida pela Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa do Senado (CDH). Na sexta-feira passada, 8 de abril, foi comemorado o Dia Nacional do Braille.

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Segundo Moisés Bauer Luiz, presidente do Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Portadora de Deficiência (Conade), o Ministério da Educação "vem investindo em estrutura material, construindo centros de apoio pedagógico e salas multifuncionais para deficientes visuais, mas não vem se preocupando com a respectiva qualificação de recursos humanos, ou seja, com o conhecimento, que é fundamental para que haja publicações em braile de qualidade". O Conade faz parte da Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República.

- A produção de livros em braile está cada vez mais escassa e cada vez mais sem controle de qualidade - afirmou Moisés.

As críticas do presidente do Conade foram reiteradas por Telma Nantes de Matos, vice-presidente da Organização Nacional de Cegos do Brasil (ONCB). Ela disse que de nada adianta a existência de equipamentos e tecnologias sofisticados se não houver profissionais capazes de utilizá-los ou adaptá-los para os deficientes visuais. Um exemplo, segundo Telma, é que muitas crianças cegas que frequentam escolas são atendidas por profissionais que não conhecem o braile.

- Há um descaso do poder público. Está ocorrendo um fenômeno de 'desbraillização' - declarou ela.

Nesse contexto, Charles Jatobá - que, assim como Moisés Bauer e Telma Nantes, é deficiente visual - defendeu a aprovação do PLS 67/11, projeto de lei de autoria do senador Paulo Paim (PT-RS) que regulamenta as profissões de transcritor e revisor de textos em braile.

Novas tecnologias

Moisés Bauer ressaltou que as novas tecnologias são importantes, mas têm caráter complementar na educação dos deficientes visuais - ou seja, não podem prescindir da utilização do braile. Ele citou o caso de livros pedagógicos com imagens ou gráficos em braile, "que precisam ser tocados para serem percebidos pelos cegos, algo que não é possível com um livro digital ou um sistema baseado apenas em áudio". Com o aprendizado da escrita acontece o mesmo, frisou Moisés, já que o tato é fundamental nesse processo.

Ao concordar com a importância do braile, Paulo Paim, que é presidente da Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa do Senado (CDH), destacou que esse sistema, ao permitir a leitura e a escrita, "é fundamental para a inclusão e para a cidadania dos deficientes visuais".



11/04/2011

Agência Senado


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