Futuro governo não preocupa diretor do FMI








Futuro governo não preocupa diretor do FMI
Malan critica "medo infeccioso". O diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Horst Köhler, deixou a impressão de que se referia a Luiz Inácio Lula da Silva quando manifestou confiança de que o Fundo e o futuro presidente do Brasil manterão relações normais a partir de janeiro de 2003. Ao ser indagado, ontem, sobre que conselhos daria ao futuro presidente, respondeu: " Ele tem deixado claro, publicamente, que apóia os principais elementos do programa (do FMI) com o Brasil. (...) Então, eu estou quase convencido de que nós veremos uma transição suave". Procurou, depois, desfazer a impressão de que já considerava Lula eleito, ao dizer que "o que ouvi de todos os candidatos, incluindo o senhor Lula, é que ele quer explorar esse crescimento potencial e manter a dívida em situação sustentável".

A dívida pública e Lula foram também temas de um seminário sobre a economia de três países da América do Sul - Brasil, Peru e Colômbia. O ministro da Fazenda, Pedro Malan, repetiu críticas ao mercado, atribuindo-lhe "uma ganância infecciosa, um medo infeccioso" e qualificou-o de ignorante por desconhecer "os fatos".


O déficit externo, o menor em oito anos
A conta de transações correntes do balanço de pagamentos apresentou um superávit de US$ 316 milhões em agosto, o melhor resultado dos últimos oito anos. Com isso, o déficit acumulado no ano, que era de US$ 8,83 bilhões de janeiro até julho, baixou para US$ 8,51 bilhões (US$ 15,19 bilhões nos últimos 12 meses). Esse resultado animou o Banco Central (BC) a rever a sua projeção de déficit em conta corrente este ano, que era de US$ 17 bilhões, e agora é de US$ 14 bilhões, como informou ontem o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes. O déficit foi coberto com folga pela entrada de investimentos estrangeiros diretos, que foi de US$ 13,64 nos primeiros oito meses deste ano.

Além do superávit comercial (US$ 5,38 bilhões até agosto), o déficit de serviços também se reduziu consideravelmente, ficando em US$ 15,27 bilhões, 44,4% abaixo do mesmo período do ano passado (US$ 27,49 bilhões). Lopes previu também um novo superávit em conta corrente de cerca de US$ 1 bilhão em setembro. Se essa expectativa se concretizar, será o melhor resultado desde maio de 1990.


Cevekol volta ao controle dos Rosemberg
A empresária Mônica Rosemberg conseguiu recuperar o controle da Cevekol S.A. Indústria e Comércio de Produtos Químicos, depois de quase 12 anos de decretação da falência da companhia. Na sentença, o juiz da 27 Vara Cível de São Paulo, Paulo Baccarat Filho, considerou que foram preenchidos todos os requisitos legais, com o cumprimento do acordo com os credores, que permitiu a composição das dívidas da empresa.

A Cevekol foi um dos maiores grupos petroquímicos do País, fundado por Ralph Rosemberg, pai de Mônica, na década de 70. O advogado da Cevekol, Alfredo Bumachar, informou que as dívidas foram pagas e que a massa falida apresentava um superávit de R$ 22 milhões, entre ações, imóveis e depósitos.


CVM estuda nova norma para firmas de auditoria
A Comissão de Valores Mobiliários tomou uma decisão semelhante à da Securities and Exchange Commission (SEC) há dois anos. Impedida por liminar de proibir que empresas de auditoria prestem serviços de consultoria para o mesmo cliente, a CVM decidiu que o potencial conflito de interesses seja levado ao conhecimento dos investidores. A norma, ainda em estudo, pode ser aprovada na semana que vem.


Brasil vende planador à Força Aérea dos EUA
A empresa gaúcha Aeromot Aeronaves e Motores entrega, em outubro, o segundo lote dos 14 motoplanadores Ximango vendidos à Força Aérea dos Estados Unidos (USAF) para treinamento básico de cadetes do ar.

O valor da encomenda, incluindo peças e assistência, é de US$ 2,5 milhões. Desde que foi lançado, em 1996, foram vendidas 134 unidades a 12 países.

Nos Estados Unidos, o Ximango foi designado T-14 (o "T" identifica avião de treinamento). Foi a primeira aeronave brasileira a receber designação na USAF


Seguro contra a má gestão
Legislação mais rígida aumenta demanda mundial por proteção financeira. As seguradoras estão recebendo um crescente número de solicitações para cotação de seguro de Directors and Officers (D&O), que cobre as perdas causadas aos acionistas pela má gestão administrativa dos executivos da empresa, bem como custos de serviços de advogados. As empresas se queixam do alto custo do seguro.

O gerente de risco da BCP, Maurício Conde Tresca, comenta que o custo e a falta de capacidade do mercado local dificultaram a contratação do seguro de D&O.

"O custo desse seguro depende do mercado internacional, que assume a maior parte desse risco", explica Renato Rodrigues, gerente de D&O da Chubb Seguros. "E o mercado está passando por uma séria crise. O preço já vinha subindo antes do caso Enron e piorou com os novos escândalos contábeis. E a expectativa é de que esse cenário continuará até o final do ano, pelo menos", acrescenta César Saad, diretor da Unibanco AIG Seguros.

Um relatório da corretora de seguros Willis Group, a maior corretora de D&O do mundo, detectou que os valores das apólices de seguros contra responsabilidade civil de executivos chegaram a subir de 50% a 75% para empresas sem histórico de pedidos de cobertura e de 200% a 400% para empresas com problemas financeiros. Um estudo da Tillinghaust Towers Perrin apurou que a elevação dos preços atingiu todos os segmentos de empresas dos Estados Unidos, as quais, além de pagar caro, sofrem restrições de cobertura.

As maiores seguradoras do mundo que operam com D&O, risco que movimenta prêmios anuais estimados em US$ 5 bilhões, são AIG, Lloyd?s e Chubb Corp. Segundo o estudo da Towers Perrin, a AIG detém 22% do mercado no número de apólices e 35% em volume de prêmios, apenas nos EUA.


Colunistas

Lapso de diretor do FMI sugere previsão de vitória de Lula
Maria Helena Tachinardi

Ato falho do diretor-gerente indica que Fundo considera possível a eleição do candidato. Na avaliação do Fundo Monetário Internacional (FMI), o candidato do PT às eleições de outubro, Luiz Inacio Lula da Silva, pode estar eleito.

Ontem, em entrevista à imprensa, o diretor-gerente da instituição, Horst Köhler, indagado sobre que conselhos daria ao novo presidente, sugeriu a possibilidade de uma vitória de Lula.

Köhler traiu-se na resposta: "Como vocês sabem, ele tem deixado claro, publicamente, que apóia os principais elementos do programa (do FMI) com o Brasil. Isto, eu penso, é uma notícia boa, porque demonstrará continuidade em áreas cruciais da política econômica, de sólidas políticas econômicas. Então, eu estou quase convencido de que nós veremos uma transição suave, uma transição administrativa no Brasil que prova que o Brasil está continuando num bom caminho de políticas de longo prazo, e, por outro lado, é certo e oportuno apoiar o Brasil nesta situação".

A frase poderia ser aplicada a qualquer candidato, mas, na platéia, ficou claro que era de Lula que Köhler estava falando.

Em outra resposta relacionada com o peso da dívida, procurou desfazer a impressão deixada anteriormente de que Lula seria o próximo presidente: "Não acho que o pacote (de US$ 30 bilhões, resultante de recente acordo entre o Brasil e o FMI) fracassou. O que acontece agora não é surpresa. Sempre esteve claro que haverá volatilidade. Isto tem muito a ver com campanha eleitoral. Então, não há surpresa. Eu ainda sinto que o pacote funcionará. O peso da dívida é claramente alto, mas se você olha para o potencial do Brasil em termos de c rescimento e produtividade, penso que a situação é sustentável. O que eu ouvi dos candidatos, de todos os candidatos, incluindo o senhor Lula, é que ele quer explorar esse crescimento potencial, que é o melhor veículo, avenida para seguir adiante e manter a dívida em situação sustentável".

Mohamed El-Erian, diretor-gerente do fundo de investimentos PIMCO, com US$ 7 bilhões em mercados emergentes, disse que é mais otimista sobre o Brasil que seus colegas de mercado. "Eles cometeram erros sobre a Argentina porque foram otimistas demais", observou. No caso do Brasil, estão cometendo os mesmos erros, só que de outro lado, "colocando no mercado números que causam pânico". Para El-Erian, a dívida brasileira é sustentável. Se Lula vencer as eleições, disse o diretor do PIMCO, ele precisaria dizer logo que tende a manter as políticas atuais. Existem dois meios de sinalizar isso: por meio de anúncios e de ações.
O ministro da Economia do Peru, Javier Silva Ruete, disse que seu país deverá crescer neste ano 3,7%, taxa superior à prevista pelo FMI (3,5%). Em 2003, a expansão seria de 4% e em 2004, de 5%. O presidente do BC da Colômbia, Miguel Urrutia, mencionou que o principal problema de seu país é o pagamento que deve fazer aos organismos internacionais, como o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e o Banco Mundial.

Mas sinalizou que esse quadro já melhorou de uma semana para cá. O presidente colombiano, Álvaro Uribe, esteve com autoridades norte-americanas e de organismos multilaterais nesta semana, em Washington. Para um analista de mercado que participou do seminário, o que impressiona no caso da Colômbia, é que o novo presidente tem muito poder político, a ponto de conseguir aprovar no Congresso tudo o que tem proposto. No Brasil, ao contrário, comentou, tem sido difícil o consenso no Congresso.


Editorial

POLÍTICA COERENTE DE EXPORTAÇÃO

A política de diversificação de mercados de exportação ainda pode dar resultados muito mais significativos, mas o que foi conseguido até agora não é, de forma alguma, insignificante, denotando uma nova orientação da política brasileira de comércio exterior.

As vendas do Brasil para a Índia registram neste ano a maior taxa de crescimento de nosso intercâmbio global, tendo alcançado US$ 334 milhões de janeiro a agosto, 82,5% mais que nos mesmos meses do ano passado (US$ 183 milhões). Para os Emirados Árabes Unidos (EAU) as vendas foram de US$ 358 bilhões no período considerado, uma elevação de 49,17% no confronto com 2001 (US$ 240 milhões). Outro mercado que vem sendo bem trabalhado é o da Rússia, país para o qual o Brasil já exportou US$ 746 milhões este ano, o que representa um aumento de 16,56% em comparação com 2001.

Comenta-se que o Brasil tem sido beneficiado por oportunidades surgidas no mercado de "commodities" agrícolas, o que não chega a ser uma crítica. Preços e condições podem ser favoráveis ao produtos originários do Brasil, mas as oportunidades não surgem por acaso. Além de o País precisar estar em condições de aproveitá-la, isto é, ter bons excedentes agrícolas exportáveis, as empresas exportadoras precisam estar atentas às oportunidades para não perdê-las.

Constata-se também que o Brasil vem conseguindo firmar-se em novos mercados com a venda de produtos que não eram anteriormente exportados ou que ocupavam um lugar muito modesto na pauta. Um bom exemplo é a carne de suíno "in natura", para a qual a Rússia é o principal mercado do Brasil. As exportações do produto nos primeiros oito meses de 2002 alcançaram US$ 286,8 milhões, 31,57% mais que no período janeiro-julho de 2001 (US$ 218 milhões).

O Brasil tem se mostrado igualmente muito mais ágil no mercado de produtos petrolíferos. A Petrobras já é, há muito tempo, exportadora de derivados de petróleo, atendendo principalmente os mercados de seus vizinhos latino-americanos. Com a retração das vendas de gasolina (menos 9% em relação a 2001), a Petrobras ativou a venda de óleos brutos de petróleo, que alcançaram US$ 996,1 milhões este ano, um salto de 89,5%, sempre em comparação com janeiro-agosto do ano anterior.

É apenas natural que o Brasil, produzindo basicamente petróleos pesados, procure incrementar suas vendas para países que produzem petróleos leves. Convém observar que as vendas de óleos brutos de petróleo não respondem apenas por parte substancial de nossas vendas para a Índia. Também os Emirados, que são membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), vêm importando do Brasil quantidades consideráveis.

Também não pode ser tomado como crítica o fato de o Brasil vir se destacando como exportador no setor de petróleo, e não de outros produtos. As vendas de petróleo para a Índia podem facilitar os entendimentos já em curso para a venda àquele país de álcool anidro para adição à gasolina.
A expansão de novos mercados e o aumento das vendas para países como o México e os Estados Unidos não chegam ainda a compensar as perdas que o Brasil vem registrando este ano no comércio com o Mercosul, particularmente com a Argentina. Mas significam um bom sinal para o futuro. Seria temerário dizer com precisão quando as exportações brasileiras para a Argentina voltarão ao nível normal, isto é, a uma corrente de comércio que some US$ 12 bilhões por ano. Mas tudo parece indicar que o comércio brasileiro com o país vizinho já tenha superado a pior fase e possa crescer nos últimos meses deste ano, deslanchando em 2003.

Nesse sentido, a visita que o presidente da Argentina, Eduardo Duhalde, fez ao Brasil nesta semana é um marco histórico. O Convênio de Créditos Recíprocos (CCR) foi ratificado pelos dois países, permitindo que o comércio bilateral flua em condições seguras, como disse o presidente Fernando Henrique Cardoso, e foi reativado o acordo automotivo.

Além disso, os governos argentino e brasileiro concordaram, como parceiros, em retirar queixas de um contra o outro na Organização Mundial de Comércio (OMC). A Argentina vai revogar tarifas antidumping em relação ao frango brasileiro, que era motivo de reclamação na OMC do Brasil. De outra parte, o governo argentino desistiu de pedir investigação sobre produtos têxteis, na expectativa de que os empresários dos dois lados da fronteira se entendam.

Mesmo os críticos devem reconhecer que, embora tardiamente, o Brasil está tomando medidas coerentes na promoção das exportações.


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09/27/2002


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