Governo pede atenção aos trópicos em programa global



A busca por paradigmas de sustentabilidade para os trópicos é a principal sugestão do secretário de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) para o programa Future Earth. Sessão no Fórum Mundial de Ciência (FMC), nesta terça-feira (26), buscou identificar desafios e oportunidades ligadas à iniciativa.

“Poderia até ser trabalhada [diretamente] uma região só, mas com o intuito de se chegar a um novo modelo de desenvolvimento para os trópicos”, disse Nobre. A importância de considerar mudanças globais e desenvolvimento de forma interligada também foi enfatizada por Thomas Rosswall, do Research Program on Climate Change, Agriculture and Food Security (CGiar).

O Future Earth (“Terra no futuro”, em tradução livre) busca produzir conhecimento crítico para as sociedades enfrentarem os desafios das mudanças ambientais globais e identificar oportunidades para a transição rumo a um modelo sustentável. Foi criado com base nas declarações das conferências Planet Under Pressure (“planeta sob pressão”) e Rio+20, de 2012, e tem um horizonte de dez anos.

Carlos Nobre lembrou que as emissões de gases de efeito estufa, que agravam o aquecimento global, têm caído nessas regiões – no caso brasileiro, apontou, em função da contenção do desmatamento por meio de restrições legais e de uso de tecnologias de sensoriamento –, mas que a longo prazo isso não basta para construir caminhos sustentáveis para o uso dos recursos naturais.

Em sua apresentação, Nobre incluiu gráfico mostrando que, enquanto a área ocupada pela agropecuária na Amazônia segue se ampliando, o aumento na produtividade é muito pequeno, ao passo que ele é acentuado em outros lugares do Brasil e do mundo.

Pontes

A discussão no FMC teve como um de seus eixos a necessidade de mais conexão entre as áreas do conhecimento e maior colaboração entre as ciências naturais e sociais – questão que vem sendo reiterada no evento. Nobre avaliou que essa “ponte” é fundamental para o movimento rumo ao futuro, mas avaliou que a distância entre a ciência e as políticas públicas é maior ainda e vem sendo diminuída num ritmo muito mais lento.

“No que diz respeito a mudanças climáticas, houve um enorme avanço no conhecimento desde 1992. Já nas políticas com foco no assunto, o que se vê é estagnação”, exemplificou o dirigente, que é climatologista (estudioso do clima).

O secretário enfatizou a necessidade de desenvolver uma visão comum em torno dos desafios globais e implementar ações conjuntamente. Ele citou articulações brasileiras nessa área e na de prevenção diante dos desastres naturais como dois casos bem-sucedidos que merecem atenção, por envolver representantes de diferentes áreas do governo e cientistas, entre outros setores.

“No primeiro caso, houve muito conflito, mas o esforço conjunto levou a resultados expressivos, com eixos como combate ao desmatamento, agricultura de baixo carbono e eficiência energética”, ressaltou. “O país não só baixou suas emissões como assumiu compromissos voluntários nesse sentido.”

“No segundo caso, formou-se um comitê que já se reuniu seis vezes desde 2012. Essa instância funciona como sala de situação, mas também procura soluções inovadoras em diversos aspectos, como resiliência para a população, produção agrícola e abastecimento de água.” O representante do MCTI contou ter escolhido os dois exemplos por incluírem envolvimento direto da presidenta da República. No assunto, avaliou que Coreia do Sul e Taiwan também oferecem lições.

As apresentações dos outros participantes se centraram na transdisciplinaridade e na soma de conhecimentos de diferentes perfis. Passaram por questões como as oportunidades criadas por avanços tecnológicos; a revisão da atual lógica universitária; um envolvimento mais efetivo dos cientistas sociais e a inclusão das populações tradicionais no debate; e as possíveis contribuições de pequenas e grandes propriedades rurais.

Fonte:
Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação



27/11/2013 11:37


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