GTT localiza restos mortais que podem ser de guerrilheiro do Araguaia



Antropólogos forenses do Grupo de Trabalho Tocantins (GTT) localizaram nesta quinta-feira (21), no Cemitério de Xambioá, restos mortais que podem ser de integrante da guerrilha do Araguaia. A comprovação da informação, no entanto, dependerá de exames laboratoriais a serem feitos em Brasília. 

A descoberta da ossada foi feita na área de Cimento, um dos sítios que vêm sendo pesquisados pelo GTT. Estava numa profundidade de 1m25cm, à direita da entrada principal do cemitério da cidade. O aparecimento dos restos mortais animou os integrantes do Grupo de Trabalho a persistir nas buscas e aprofundar a exploração em outros sítios, dentro e fora do cemitério. 

Os restos mortais encontrados nesta quinta-feira no Cemitério de Xambioá ainda permanecem no local. Ainda não há previsão da data em que eles serão enviados ao Instituto Médico Legal (IML) de Brasília, local onde serão periciados para fins de identificação. 

O Ministério da Defesa está intensificando a divulgação do telefone gratuito 0800 605 50 00, que funciona de segunda a sexta-feira, das 9h00 às 18h00, para receber ligações de qualquer pessoa, de qualquer lugar do Brasil, que tenha alguma informação que possa auxiliar nas buscas. Se o informante preferir o anonimato, seu desejo será respeitado. 

O GTT foi criado em 2009 por meio de portaria do ministro da Defesa, Nelson Jobim, com a finalidade de realizar pesquisas documentais, ouvir testemunhas, realizar reconhecimentos, delimitar os sítios a serem explorados e escavar possíveis áreas em que estejam enterrados guerrilheiros ou militares mortos na Guerrilha do Araguaia, ocorrida há cerca de 40 anos no sul do Pará e no noroeste de Tocantins (na época, região pertencente a Goiás). 

Esta é a sexta expedição realizada em 2010 pelo GTT, que está se aproximando dos trabalhos finais da fase de exploração em campo. A exploração consiste em realizar escavações em busca de ossadas dos participantes da guerrilha em áreas apontadas pelo trabalho dos colaboradores, em geral com base em depoimentos colhidos na região. 

Antes do início das escavações, os integrantes do GTT detectam a existência de alvos no subsolo que podem ou não ser restos mortais de guerrilheiros.  Para obter essas informações, os técnicos usam o GPR, radar destinado a detectar alterações nas várias camadas do solo. 

Além dos restos mortais, os técnicos também acharam na área de Cimento um pedaço de corda de 32 centímetros. Esse pedaço de corda foi recolhido pelos integrantes do GTT com o objetivo de avaliar se trata-se ou não de um objeto compatível com a época da guerrilha.   

Outra área de exploração no Cemitério de Xambioá é denominada Axixá, referência a uma árvore, já não mais existente no local. Neste ponto houve a indicação de um colaborador, que disse ter enterrado, juntamente com seu pai, já falecido, nas proximidades do Axixá, corpos de quatro guerrilheiros. 

Nesta localidade específica estão sendo realizadas escavações por duas equipes de trabalho do GTT, mas até o momento não foram localizados indícios e restos mortais compatíveis com os dos guerrilheiros.    

Nas proximidades de Xambioá, onde testemunhas afirmam ter existido uma base militar de apoio às operações de combate aos guerrilheiros, escavações foram realizadas para tentar localizar corpos de guerrilheiros. Até agora nada foi encontrado.

Nesta sexta-feira (22), novas escavações serão feitas nessa área. Em princípio, a equipe que integra a sexta expedição - formada por antropólogos, geólogos legistas e peritos da Polícia Federal – deve permanecer na cidade até a próxima segunda ou terça-feira (25), quando partirão rumo a Marabá (PA), cidade onde deverão preparar o relatório referente aos trabalhos. Existe a possibilidade de que a equipe retorne ao Tocantins no início de novembro, mas isso dependerá do regime de chuvas na região que pode atrapalhar as atividades do grupo. 

No próximo sábado (23), é aguardada em Xambioá a presença da juíza Solange Salgado, que deverá acompanhar, no local, as atividades do GTT. A magistrada, da 1ª. Vara da Justiça Federal de Brasília, foi quem determinou as buscas, acolhendo solicitação de familiares de pessoas mortas na Guerrilha, que queriam localizar os restos mortais de seus parentes. 

A visita da magistrada será importante para que ela tome conhecimento das atividades realizadas até o momento pelo GTT e, com base nisso, indique os novos caminhos que o Grupo de Trabalho Tocantins poderá adotar para o futuro.

 

Fonte:
Ministério da Defesa



22/10/2010 14:59


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