HC de Ribeirão fará transplante de pâncreas e rim



Os primeiros pacientes atendidos deverão ser diabéticos dependentes de insulina e com falência renal

O Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto (HCRP) foi credenciado pelo Ministério da Saúde para a realização de transplantes de pâncreas. A perspectiva é de iniciar as atividades em 2009, com transplantes duplos de rim e pâncreas. "Os primeiros pacientes atendidos deverão ser  diabéticos dependentes de insulina e com falência renal", anuncia o médico-cirurgião José Sebastião dos Santos, professor do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP. 

Divulgado em maio, o credenciamento do HCRP é resultado de um processo iniciado há aproximadamente dois anos, pelas equipes das especialidades de cirurgia digestiva, urologia, nefrologia e endocrinologia. Segundo o professor, as futuras adequações exigidas pelo Ministério e o desempenho do serviço permitirão também a realização de mais duas modalidades de transplantes de pâncreas.

"Após desenvolver a primeira fase do transplante de pâncreas junto com rim, poderemos obter a autorização para realizar o transplante de pâncreas em quem já recebeu o rim e, finalmente, solicitar o credenciamento para o transplante de pâncreas isolado", explica Santos. "É importante enfatizar que esse tratamento é mais uma alternativa para pacientes diabéticos dependentes de insulina".

De acordo com o médico, a utilização inadequada de insulina ou o seu efeito insuficiente provoca lesões sistêmicas e irreversíveis no paciente, depois de um período estimado em dez ou 15 anos. "O rim sofre lesões e pára de funcionar", ressalta. "Dessa forma, os pacientes com insuficiência renal e diabetes podem se beneficiar do transplante duplo (rim e pâncreas) e então, nos casos bem sucedidos, ficarem livres da diálise e da insulina"

Intervenções

As três modalidades de transplante de pâncreas serão implementadas com o apoio da Unidade de Transplante Renal do HCRP de maneira gradativa. Segundo o professor, a experiência acumulada do serviço de  transplante renal será fundamental para a viabilização do transplante  conjugado de rim e pâncreas.

"A nossa expectativa é que estabelecida esta fase e os resultados, aí possamos realizar o transplante de pâncreas pós-rim". Nesta segunda modalidade, serão atendidos os pacientes diabéticos transplantados de rim, que são dependentes das aplicações de insulina.

Na terceira fase, o objetivo é introduzir o transplante de pâncreas isolado para o diabético jovem dependente de insulina. "Este transplante, quando bem sucedido, evita as complicações que podem ocorrer no paciente  diabético crônico, tipo insuficiência renal, retinopatia, lesões vasculares e nervosas", afirma Santos. 

Antes de dar início à realização dos primeiros transplantes duplos de rim e pâncreas, a equipe responsável pelas intervenções fará a identificação dos pacientes diabéticos, dependentes de insulina e que aguardam na fila de espera do transplante renal no HCRP. "Estes dados ainda precisam ser obtidos para que sejam relacionados os possíveis candidatos para o transplante duplo", aponta o professor. 

Espera

Dados do Ministério da Saúde apontam que, em junho de 2007, havia no Estado de São Paulo uma lista de espera de 8.998 pacientes para o transplante de rim e 336 para o transplante duplo de rim e pâncreas. Antes do credenciamento do HCRP, o Estado tinha seis serviços credenciados na Capital e um em Campinas para a realização deste tipo de transplante.

"No HCRP deverão ser atendidos os pacientes que já têm acompanhamento clínico nos serviços de endocrinologia e nefrologia", informa Santos. "De início, as intervenções serão realizadas com órgãos de doador cadáver, mas não está descartada a possibilidade da doação inter vivos, pois há autorização desde que inclua o pâncreas e o rim".

Da Agência USP



07/27/2008


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