HC ensina pacientes a identificar e prevenir diabetes
OMS adverte ser comum o paciente atendimento quando está doente há muito tempo
A estatística assusta: no mundo todo, a cada 30 segundos registra-se uma amputação de membro inferior de diabético. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), muitas pessoas só procuram o médico quando a moléstia já existe em seu organismo em média há sete anos. No Brasil registram-se 12 milhões de casos de diabetes, sendo que de 5 a 10% desse total (entre 600 mil e 1,2 milhão) atingem crianças.
A prevenção é a chave para reverter esses dados alarmantes. Essa é a proposta da campanha de conscientização de diabetes, realizada em cinco espaços do Prédio dos Ambulatórios do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). A atividade ocorreu no Dia Mundial do Diabético.
O evento é uma realização da disciplina de Endocrinologia da FMUSP em parceria com a diretoria do HC.
A idealizadora da atividade, endocrinologista Márcia Nery, chefe do grupo de Diabetes do HC, diz que a diabetes é uma doença crônica e por isso é essencial entendê-la. “Ao obter controle da doença evita-se, ou, no mínimo, retarda-se o surgimento de complicações crônicas. E com certeza o resultado é a melhora da qualidade de vida do indivíduo”.
À mesa – Nos postos de atendimento, espalhados pelo Prédio dos Ambulatórios, médicos residentes e alunos da faculdade de Medicina, atuantes da Liga de Diabetes, atendiam os interessados. Primeiro questionavam uma série de itens, entre eles: características físicas, hábitos alimentares e freqüência de atividades físicas. Em seguida, os profissionais inseriam essas informações no computador com o programa Risco de Diabetes do HC da FMUSP. Tabulavam as informações e avaliavam o grau de risco (baixo, muito baixo, médio, alto e muito alto) do paciente adquirir a doença.
Odair Mina, 59 anos, morador em Várzea Paulista, na região de Jundiaí, viu na televisão o anúncio da campanha. Assim que respondeu o questionário, foi informado que tem risco médio de diabetes. Por escrito, recebeu essa avaliação e dicas para melhorar sua qualidade de vida e prevenir-se da doença.
Ele aproveitou e participou do restaurante virtual self-service. Nesse local, uma mesa oferecia uma série de opções de pratos como legumes, frutas, carnes, sanduíche, sobremesa e guloseimas, mas tudo de mentirinha. Cada cartela representava um alimento.
Num prato fictício, produzido de papel, o paciente escolhia suas comidas prediletas. “A nutricionista me orientou a evitar frituras. Comia coisas que não devia e colocava limão na salada. Ela disse para evitar esse hábito”, conta Odair.
Mais frutas – Depois que o paciente escolhe sua refeição, a equipe de nutricionistas informa se sua combinação de alimentos é correta ou errada. As profissionais questionam se a pessoa tem algum problema de saúde como diabetes, hipertensão ou colesterol alto e orientam a alimentação mais apropriada.
Desde que começou o atendimento, a nutricionista Priscila Campos, diz que já esclareceu usuários com problemas de diabetes, colesterol alto e sadios: “Muitos não sabem ou sabem mas não aplicam o que é necessário para garantir melhor qualidade de vida”.
Após a consulta com endocrinologista no HC, Marilene Melo, 54 anos, de Santana, zona norte, foi informada que equipe de nutricionista dá dicas de como se alimentar melhor. Escolhido o seu prato virtual, ela recebeu diversas dicas. “Me disseram para reduzir quantidade de pão, no café da manhã. De preferência, substituir por frutas. Pediram também para comer menos à noite e me informaram que essas atitudes vão me ajudar a reduzir a pressão alta”.
A endocrinologista Cândida Parisi, uma das coordenadoras da campanha, diz que o foco da ação preventiva é o diabético tipo 2, pois representa 90% dos casos da doença. A diabete tipo 1 atinge com mais freqüência as crianças.
Tom azul – A insulina é o hormônio responsável pelo metabolismo da glicose na célula e um dos principais fornecedores de energia ao organismo. No caso de diabetes tipo 1, ocorre a destruição das células que produzem a insulina por auto-imunidade, ou seja, o próprio organismo ataca e destrói as células. Já no tipo 2, a produção de insulina é insuficiente, o que resulta no nível elevado de glicose no sangue.
O endocrinologista Simão Lottenberg, também coordenador da iniciativa, diz que entre os principais sintomas da doença destacam-se: excesso de peso, sedentarismo, urinar além do comum, ingerir muita água, fraqueza, vista embaçada, cansaço exagerado.
“Mas a pessoa pode ser diabética e não apresentar nenhuma queixa durante muitos anos, por isso a importância dessa ação educativa”, informa a endocrinologista Cândida Parisi.
A diabetes pode provocar alteração dos vasos sangüíneos da retina, e é a principal causa de cegueira no mundo, alertaram os dois médicos. Outras complicações: insuficiência renal, perda da sensibilidade nos pés e pernas (que podem resultar em feridas e amputações), alterações dolorosas nos nervos, no sistema digestivo, no sistema urinário, problemas vasculares (infarto) e impotência sexual.
“Os diabéticos tipo 2 morrem quatro vezes mais de enfarto que a população em geral”, frisa a médica. Se a doença for identificada precocemente é possível tratar os níveis de glicose e prevenir ou retardar os sintomas. Ela recomenda que ao sinal de alguma anormalidade, o ideal é procurar endocrinologista. Para diminuir o risco de diabetes, realize exercícios físicos regularmente e reduza a ingestão de gorduras e de calorias. Se estiver com sobrepeso, emagreça.
O Dia Mundial do Diabético, 14 de novembro, foi celebrado com atividades educativas em diversas instituições. O azul é a cor símbolo da luta mundial de combate à diabetes, uma iniciativa da International Diabetes Federation.
Às 19 horas daquela data, monumentos de vários países foram iluminados de azul. Entre eles, a Torre Eifel, em Paris, o Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, e os prédios do Masp e da FMUSP, em São Paulo.
Viviane Gomes
Da Agência Imprensa Oficial
11/22/2007
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