Heloísa Helena cobra do governo ações concretas contra a violência



A senadora Heloísa Helena (PT-AL) cobrou do governo, nesta terça-feira (22), a adoção de medidas concretas de combate à violência. Ao comentar a elaboração de um pacote antiviolência pelo Executivo, a senadora defendeu a superação do abismo entre o que é divulgado e o que é efetivamente realizado. Segundo ela, não se pode aceitar que seja necessário "o sangue de alguém para que o governo anuncie alguma coisa".

- Não é isso o que a sociedade quer. Não é isso o que o PT quer. Não queremos o anúncio de medidas, de pacotes apenas quando é um dos nossos que está assassinado. Porque os assassinados, a violência que acontece neste país acontece todos os dias. São muitas famílias, são muitas pessoas que choram a saudade e a dor de um dos seus entes queridos. Então, muito mais do que o anúncio de pacote para responder à opinião pública diante de casos que ocupam a mídia nacional, o que nós queremos são ações concretas do governo federal e da sua base de sustentação que está espalhada na grande maioria das administrações deste país. Que se supere o abismo entre o que é anunciado no papel, como já foi há dois anos, como é a cada momento em que um crime bárbaro toma o noticiário nacional, quando há divulgação e pronunciamentos em relação a medidas a serem tomadas.

A senadora disse também que o PT quer discutir mudanças estruturais profundas na sociedade para impedir que as pessoas acabem deixando a condição potencial de cidadão pacato e acabem tornando-se marginais. Heloísa Helena destacou a importância de uma discussão sobre a questão do aparelho de segurança pública, com ênfase em itens como a unificação das polícias, a melhoria das condições de trabalho dos policiais, os mecanismos de controle interno para evitar que o aparato da polícia seja parte do crime organizado e a garantia de condições para que as "pessoas de bem" que integram uma corporação não sejam seduzidas pela criminalidade.

- A alta complexidade do debate não pode ser uma desculpa usada pelas forças políticas que há décadas se sucedem nas administrações municipais e estaduais e na administração federal - acrescentou.

Impunidade

Heloísa Helena defendeu o aprofundamento das investigações sobre o assassinato dos dois prefeitos do PT, Antonio da Costa Santos, o Toninho, de Campinas, e Celso Daniel, de Santo André, para que tais crimes não fiquem impunes, porque "o que fortalece a violência é a impunidade". Em relação à morte de Toninho, disse que as linhas de investigação não chegaram a nada. O fato de não terem sido identificados os responsáveis pelo crime, em sua opinião, assusta muito a população.

- O prefeito de uma das maiores cidades de São Paulo, uma das maiores universidades do país, é assassinado e não acontece absolutamente nada. O prefeito de Santo André é assassinado, várias pessoas são vítimas de seqüestros do crime organizado... Imagine como se posiciona a população de forma geral, que já tem que assistir muitas vezes no seu bairro a situações extremamente dramáticas, absurdas, abomináveis de violência.

Heloísa Helena observou, entretanto, que o PT não quer um tratamento diferenciado:

- Sabemos que milhões de pessoas neste país são vítimas no seu cotidiano, pela maldita violência, pela estrutura do crime organizado, do narcotráfico, sabemos que muitos filhos da pobreza são assassinados nas periferias das cidades ou muitas vezes acabam se transformando em marginais, sendo jogados na marginalidade como último refúgio -acrescentou a senadora, para quem é inadmissível, num país que lutou tanto para prezar a democracia representativa, que militantes do PT recebam ameaças ou sofram atentados.

Segundo Heloísa Helena, é preciso que a apuração dos fatos seja aprofundada para que se localize o grupo que tem enviado ameaças aos petistas e para a descoberta dos assassinos dos dois prefeitos. A senadora contou que, desde novembro último, ela e o senador José Eduardo Dutra (PT-SE) vêm recebendo e-mails ameaçadores e que o próprio serviço de segurança do Senado tem detectado tais mensagens. As ameaças, acrescentou, são também feitas por meio de ligações telefônicas ao serviço 0800 Fala, Cidadão. Em dezembro, relatou, o presidente e o vice-presidente da Casa, senadores Ramez Tebet e Edison Lobão, respectivamente, decidiram encaminhar a questão à Polícia Federal, que fez um rastreamento e concluiu que as mensagens eram originadas em São Paulo.

Heloísa Helena não quis fazer uma vinculação entre os assassinatos e atentados a prefeitos de seu partido, afirmando que quem tem estrutura, tecnologia, sistema e serviço de inteligência para chegar a essa conclusão são " o aparato da segurança pública e a Polícia Federal".



22/01/2002

Agência Senado


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