Heloísa Helena considera "aberração" gasto inferior a 5% de todos os investimentos federais em saúde, educação e segurança



A senadora Heloísa Helena (PSOL-AL) criticou na última sexta-feira (2), em Plenário, a falta de atenção para com as políticas públicas que considera essenciais sobretudo para a população mais pobre do país, que são as voltadas para as áreas de educação, saúde e segurança pública. Com base em relatório sobre as contas do governo em 2005, recém-divulgado pelo Tribunal de Contas da União (TCU), a senadora classificou de "aberração" o fato de menos de 5% de todos os investimentos federais terem sido empregados nas três áreas no período.

Heloísa Helena, ainda, denunciou que, do total dos recursos destinados a atendimento hospitalar, mais de 90% foram absorvidos por estabelecimentos privados conveniados ao Sistema Único de Saúde (SUS). Observou que esses serviços são exatamente os mais caros, referentes ao tratamento de doenças degenerativas ou graves que evoluíram pela falta de investimentos em ações preventivas nas redes de atendimento básico do sistema público.

- O governo deixou de investir no atendimento às populações mais pobres, na porta de entrada do sistema. Por não ser tratado de uma hipertensão leve, o paciente, quando vai ser atendido, já apresenta um quadro de acidente vascular-cerebral -justificou.

A falta de investimentos em serviços essenciais em saúde, educação e segurança, como avaliou a senadora, reflete a opção tanto neste governo como na gestão anterior, do presidente Fernando Henrique Cardoso, no sentido de privatizar o Estado brasileiro. Segundo Heloísa Helena, essa privatização às vezes é feita de forma mascarada, como ocorreria por meio das parcerias público-privadas (PPPs).

Heloísa Helena lembrou a luta do PT - quando o partido ainda estava na oposição e ela ainda era filiada ao partido -com o objetivo de barrar as privatizações no governo anterior. O compromisso seguinte, conforme a senadora, era o de promover a revisão dos processos concluídos. Porém, como salientou, o governo Lula, "inebriado pela covardia política", mostrou-se incapaz de abrir qualquer processo investigatório para apurar os crimes que, segundo ela, foram cometidos nas alienações das estatais.

- Ele entregou ao governo Fernando Henrique Cardoso um atestado de probidade que este não poderia ter - afirmou.

Ainda ao comentar a falta de prioridade de gastos nas áreas essenciais, a senadora alagoana cobrou do Parlamento mais rigor no cumprimento de sua prerrogativa de fiscalizar as ações do Executivo e os gastos orçamentários. Também renovou o apelo para que seja efetivamente instalada a comissão de inquérito destinada a averiguar o caso revelado pela Operação Sanguessuga - as denúncias de superfaturamento na compra de ambulâncias com recursos de emendas ao Orçamento apresentadas pelos parlamentares, com envolvimento de parlamentares, prefeitos e servidores públicos.

Ao concluir o pronunciamento, a senadora manifestou sua solidariedade aos deputados João Alfredo (PSOL-CE) e João Fontes (PDT-SE). Os dois estão entre os nove deputados que teriam sido alvos de ameaças encaminhadas a eles por meio de envelopes, de origem ainda não identificada, com conteúdo suspeito e sob investigação.

02/06/2006

Agência Senado


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