Heráclito pede ação livre da PF no caso do dossiê dos cartões corporativos
O senador Heráclito Fortes (DEM-PI) alertou, nesta segunda-feira (7), para o risco de manipulação da Polícia Federal numa eventual investigação do dossiê sobre cartões corporativos. O parlamentar estranhou que, de início, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tenha impedido uma ação espontânea da PF e, agora, o ministro da Justiça, Tarso Genro, anuncie que o órgão, subordinado a ele, vai apurar o vazamento de informações ocorrido na Casa Civil da Presidência da República.
- A Polícia Federal tem de ser livre para agir. Se cometer excessos, punam-se os excessos, mas não se podem cercear as suas ações. Que se apure de maneira ampla, geral e irrestrita, e não apenas topicamente, como está hoje publicado aqui em matérias de jornais - recomendou. A imprensa noticiou nesta segunda-feira que, segundo o ministro da Justiça, a PF investigaria o vazamento das informações e não a montagem do suposto dossiê.
Heráclito avaliou como um erro Tarso Genro ter manifestado, repetidas vezes, que a PF só deveria apurar se houvesse pedido de alguma autoridade. O senador chegou a propor, em seu discurso, que o presidente do Senado, Garibaldi Alves Filho, solicitasse à Polícia Federal apurar o caso - até porque o governo colocou sob suspeita o senador Alvaro Dias (PSDB-PR).
- Não podemos permitir que as acusações, feitas maldosamente por alguns aloprados ao senador Alvaro Dias, invertendo o sentido dos fatos, Dias deixem de ser apuradas - cobrou.
Na opinião do parlamentar, se a Polícia Federal tivesse agido com rapidez, as medidas cabíveis teriam sido tomadas e, possivelmente, provocado desgastes em algumas pessoas, mas o país e a ministra chefe da Casa Civil não estariam vivendo um impasse.
O senador pelo DEM observou que os escândalos se sucedem e o governo não permite que eles sejam apurados. Citou como exemplo a descoberta de gastos irregulares por parte de fundações que têm convênios com universidades públicas, como a compra de mobiliário de luxo para o apartamento funcional do reitor da Universidade de Brasília (UnB), Timothy Mulholland, pela Fundação de Empreendimentos Técnicos e Científicos (Finatec).
- A lixeira e o abridor de vinho são simbólicos. Os criminosos são os convênios feitos em desvio de função, o que traz prejuízo para a educação no Brasil. Foi bom que, através do uso do dinheiro da lixeira, através do dinheiro mal gasto pelo reitor, pôde-se chegar a fatos que vêm escandalizando o País - considerou.
Heráclito abordou ainda o caso da organização não-governamental Centro Piauiense de Ação Cultural (Cepac), investigada por serviços exclusivos prestados ao PT. Todos os integrantes dos programas de treinamento oferecidos pela ONG seriam do próprio partido.
- Usa-se o dinheiro público de maneira pouco clara para financiar a máquina partidária, tirando-se da mão do povo a oportunidade de que esses recursos venham em seu benefício - protestou.
07/04/2008
Agência Senado
Artigos Relacionados
CPI dos Cartões Corporativos votará convocação de mais envolvidos no caso do dossiê
Agripino diz que dinheiro do dossiê pode ter vindo de cartões corporativos
CI convoca Dilma para falar sobre dossiê de gastos com cartões corporativos
CPI dos Cartões Corporativos discute convocação de Alvaro Dias para explicar vazamento de dossiê à imprensa
Heráclito critica relatório da CPI Mista dos Cartões Corporativos
Wellington Salgado rebate acusações de Heráclito Fortes à CPI dos Cartões Corporativos