História e economia da África do Sul



Contexto Histórico

Período pré-colonial

A partir de estudos arqueológicos, há indicações de que a região da África do Sul é povoada por seres humanos modernos há mais de 100 mil anos. Os primeiros habitantes foram os bosquímanos, seguidos de agrupamentos tribais de negros (khoi, xhosas, zulus), que foram dispersos, a partir do século XI, pela invasão dos bantos.

Período colonial

Os navegadores portugueses chegaram ao Sul do Continente Africano pelo Cabo da Boa Esperança, rota do comércio do Oriente, por volta de 1500. Mais tarde, o local foi transformado em entreposto comercial. Já no século XVII, a África do Sul passou a ser ocupada por colonizadores holandeses, alemães e franceses. São os chamados bôeres ou africânderes, que povoam a região e criam até uma língua própria, o africânder.

Em 1652, o holandês Jan van Riebeeck fundou uma colônia na região que, posteriormente, foi ocupada por franceses, escravos malaios e malgaxes recém-libertos e cristianizados, que a expandiram. Houve uma forte miscigenação, que mais tarde acarretaria em problemas de natureza social. Os descendentes dessa minoria branca começaram a criar leis que, mais tarde, garantiram seu poder sobre a população negra.

Curiosidade

O Cabo da Boa Esperança, dobrado pela primeira vez pelo navegador português Bartolomeu Dias, na viagem de 1487-1488, foi inicialmente batizado de Cabo das Tormentas, por causa da grande dificuldade de ultrapassá-lo. Como o termo “tormenta” desencorajava os navegadores a seguirem rumos às Índias, foi rebatizado por D. João II, rei de Portugal, por Cabo da Boa Esperança por representar a esperança de uma rota alternativa e lucrativa com o oriente.

Bartolomeu Dias também acompanhou Pedro Álvares Cabral na descoberta do Brasil e morreu em uma viagem às Índias, na altura do Cabo da Boa Esperança.

Conflitos de colonização

De 1781 a 1784, a região da África do Sul esteve sob domínio da França, mas foram os ingleses, a partir de 1785, que ocupam o território mais meridional da África. Em 1806, os ingleses tomam a Cidade do Cabo, enfrentando negros e bôeres. Os choques levam os bôeres a emigrar maciçamente para o nordeste, na chamada Grande Jornada, em 1836, onde fundam duas repúblicas independentes, Transvaal (atual Pretória) e Estado Livre de Orange (atual Estado Livre). Lá, abrem guerra contra os zulus e os expulsam da região. Os britânicos expandem seus domínios, especialmente atraídos pelas jazidas de diamantes e os enfrentam na sangrenta Guerra dos Bôeres.

Curiosidade 

A Guerra dos Bôeres

A corrida do ouro começou em 1886, as fazendas foram declaradas propriedade pública e uma nova cidade, Johanesburgo, foi criada na região.

Nessa época, o norte tinha assumido o controle da África do Sul, e várias guerras marcaram a luta pelo poder. Em 1979, os zulus derrubaram as forças britânicas em Isandiwana. Os britânicos, para reagir, derrotaram os Zulus em Ulundi, que hoje é chamada de KwaZulu-Natal.

Quando o Transvaal teve sua república proclamada, estourou a guerra Anglo-Boer, de 1880 a 1881. A segunda guerra Anglo-Boer, que resultou na derrota dos Boers, ocorreu entre 1899 e 1902.

Período Republicano

Em 31 de maio de 1910 nasce a União Sul-Africana, federação das antigas colônias do Cabo e de Natal e dos ex-Estados independentes de Orange e Transvaal. Através de um referendo, a União Sul-Africana transformou-se em república, quando passou a denominar-se República da África do Sul.

Por quase um século, imperou na África do Sul o regime do apartheid. Até o final do século XX, esta questão segregacional foi posta em xeque pela maioria negra. Leis que datavam de 1913 garantiam a posse de 87% do território sul-africano à minoria branca. Na resistência contra o apartheid, destacaram-se líderes como o bispo Desmond Tutu e o ativista Nelson Mandela, que inclusive esteve preso durante vários anos. Em 1994, o arcebispo Desmond Tutu liderou o processo de “Verdade e Reconciliação” e o Congresso Nacional Africano (CNA), obteve 62,6% dos votos, em uma vitória histórica, marcada por quilômetros de filas de pessoas que queriam votar na primeira eleição direta da história. Mandela é eleito o primeiro presidente negro da República da África do Sul, pondo fim ao apartheid.

Curiosidade

Apartheid significa “separação” na língua africâner. Foi um dos regimes mais discriminatórios e cruéis, que vigorou na África do Sul de 1948 até 1990. A antiga Constituição sul-africana incluía artigos onde era clara a discriminação racial entre os cidadãos, mesmo os negros sendo maioria na população. O documento instituía que os negros não podiam ser proprietários de terras, não tinham direito de participação na política e eram obrigados a viver em zonas residenciais separadas das dos brancos. Os casamentos e relações sexuais entre pessoas de raças diferentes eram ilegais.

Para lutar contra esse regime, os negros acionaram o Congresso Nacional Africano (CNA), uma organização negra clandestina, que tinha como líder Nelson Mandela. O CNA optou pela luta armada contra o governo branco, o que fez com que Nelson Mandela fosse preso em 1963 e condenado à prisão perpétua. A partir daí, o apartheid tornou-se ainda mais forte e violento, chegando ao ponto de definir territórios tribais chamados bantustões, onde os negros eram distribuídos em grupos étnicos e ficavam confinados nessas regiões.

A partir de 1975, lentamente começaram os avanços para acabar com o apartheid. A comunidade internacional e a Organização das Nações Unidas (ONU) faziam pressão pelo fim da segregação racial. Em 1990, foi decretado oficialmente o fim do apartheid e vários líderes políticos foram libertados, entre eles Nelson Mandela, depois de 27 anos de prisão.
A partir daí, o Congresso Nacional Africano foi legalizado, De Klerk e Mandela receberam o Prêmio Nobel da Paz (1993), uma nova Constituição não racial passou a vigorar, os negros adquiriram direito ao voto e, em 1994, foram realizadas as primeiras eleições multirraciais na África do Sul. Nelson Mandela tornou-se presidente com o desafio de transformar o país numa nação mais humana e com melhores condições de vida para a maioria da população.

Economia

A África do Sul é o país mais rico da África, com cerca de 18% do PIB total africano e 45% da produção de minérios. Sua atividade industrial é a mais importante do continente. Ao longo da costa viajam quase todos os navios que transportam petróleo para o Ocidente.

Até a 1ª Guerra Mundial, a economia sul-africana baseou-se na mineração (diamantes e ouro) e na agricultura. A partir da 2ª Guerra Mundial, a indústria entrou em um processo acelerado de desenvolvimento e hoje constitui um dos setores básicos da economia.

Em 2008, o setor de serviços representou 65,3% do PIB, a indústria, 31,3% (incluindo mineração) e a agricultura, 3,4%. A África do Sul é a maior produtora mundial de ouro, platina, cromo, vanádio e manganês. É, também, grande produtora de diamante, carvão, níquel, urânio e gás natural. No ano 2000, a platina ultrapassou o ouro como a maior fonte de renda do país. A taxa de desemprego, de 21,7% em 2008, é uma das maiores do mundo. Até o ano 2000 metade da população vivia abaixo da linha de pobreza.

Dados Gerais

Nome oficial: República da África do Sul |Republiek van Suid-Afrika (Afrikaans)
Presidente: Jacob Zuma
Superfície: 1.221.037 km²
Localização: Sul do Continente Africano
Capital: Pretoria (Poder Executivo), Cidade do Cabo (Poder Legislativo) e Bloemfontein (Poder Judiciário)
Principais cidades: Cidade do Cabo, Pretória, Johanesburgo, Durban, Port Elizabeth, Bloemfontein
Idioma: A África do Sul possui 11 idiomas oficiais. O Inglês é o idioma de administração. Os outros são isiXhosa, afrikaans, isiNdebele, northern Sotho (sepedi), southern sotho (sesotho), isiSwati, xiTsonga, seTswana, tshiVenda e isiZulu.
Moeda: Rand Sul-Africano (R) e o símbolo internacional é ZAR. R1.00 = 100 cents.
População total em 2009: 50.109.820 habitantes
Total do PIB – 2007: US$ 283.008 milhões
PIB per capita em 2008: US$ 276,7 bilhões
População residente em área urbana em 2009: 61,22%
População residente em área rural em 2009: 38,78%
Densidade demográfica em 2009: 41hab/km²
Taxa média anual do crescimento da população em 2009: 0,982%
Taxa bruta de natalidade em 2007: 23 por mil
Taxa bruta de mortalidade em 2007: 17 por mil
Índice de desenvolvimento humano em 2007: 0,683
Esperança de vida ao nascer em 2006: 50,1 anos
Fuso horário: UTC +2
Código de internet: .za
Código telefônico: 27



06/06/2010 01:58


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