Hospital de Itapecerica da Serra é voltado à atenção materno-infantil
Esse é um dos onze hospitais que tiveram suas obras retomadas e entregues pelo Governo Mário Covas
Esse é um dos onze hospitais que tiveram suas obras retomadas e entregues pelo Governo Mário Covas O bebê Vinícius de Oliveira Fonseca nasceu com apenas sete meses de gestação e precisaria ficar numa incubadora de hospital – aparelho que se destina a manter a criança prematura em ambiente de temperatura, oxigenação e umidade apropriados – até ganhar peso. Nesses casos, geralmente, a mãe volta para casa e fica aguardando a recuperação da criança. No Hospital Geral de Itapecerica, na Grande São Paulo, a mãe de Vinícius, Ivonete Oliveira, fica 24 horas com seu bebê desde que ele deixou a Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Além disso, Ivonete foi estimulada a amamentar seu filho desde cedo. Quando ele ainda não conseguia mamar no peito da mãe, tomava o leite materno em copinhos ou colheradas. Mamadeira e chupeta são objetos proibidos nesse hospital. O Hospital de Itapecerica da Serra vem se especializando no atendimento materno-infantil. Os resultados de programas implantados na unidade, como Mãe-Canguru, Mãe-Acompanhante, Aleitamento Precoce, Banco de Leite Humano, entre outros, já começaram a aparecer. Este ano, o hospital recebeu o prêmio Galba Araújo, pela região Sudeste. Trata-se de uma premiação em dinheiro que o Ministério da Saúde oferece anualmente a cinco hospitais que são selecionados por seus trabalhos de humanização na maternidade. O Galba Araújo é dado a um representante de cada região do País: Sul, Sudeste, Centro-Oeste, Norte e Nordeste. Portanto, a unidade de Itapecerica da Serra concorreu com os melhores hospitais do Rio de Janeiro, de Minas Gerais e do Espírito Santo. “Definimos a vocação da unidade de acordo com a reivindicação da região. Itapecerica era uma das maiores exportadoras de parturientes”, lembra o diretor superintendente da unidade, Walter Cintra Ferreira Júnior. Hospital era um dos ‘esqueletos’ que tiveram suas obras abandonadas por gestões anteriores Inaugurado em março de 1999, esse era um dos 14 esqueletos de hospital que tiveram suas obras abandonadas por governos anteriores e que foram retomados pelo governador Mário Covas. Como aconteceu nas onze unidades já entregues, a administração do hospital foi passada para uma Organização Social de Saúde, entidade filantrópica com comprovada experiência e compromisso com a população (para mais informações, pesquise no site do Governo de São Paulo na internet www.saopaulo.sp.gov.br, matéria publicada no dia 4 de dezembro de 2000 sobre parcerias nos novos hospitais). Em Itapecerica da Serra, o gerenciamento é feito pelo Serviço Social da Indústria da Construção e do Mobiliário do Estado de São Paulo (Seconci). Transferir a administração para entidades filantrópicas foi a saída encontrada pelo Governo paulista para a questão da contratação dos funcionários que trabalhariam nos novos hospitais. Para colocar em funcionamento todas as 14 unidades que tiveram as obras retomadas, seria necessário que o Governo estadual contratasse cerca de 15 mil pessoas e, de acordo com a Lei Camata, o Estado não pode gastar mais de 60% de sua arrecadação com a folha de pagamento de seus funcionários. Além disso, a Organização Social de Saúde não precisa realizar concurso público toda vez que precisa contratar ou substituir funcionários. Todos os hospitais inaugurados por Covas recebem repasse de verba do SUS (Sistema Único de Saúde) e complementação de verba estadual. “Você tem um hospital que é público sem ser administrado pelo Estado. Nós garantimos o acesso gratuito da população e um gerenciamento de qualidade”, destaca o secretário estadual da Saúde, José da Silva Guedes. Hospital é referência no programa Mãe-Canguru Para Guedes, o Hospital de Itapecerica da Serra está dando uma demonstração de como é possível oferecer cuidado mais humano, “principalmente no momento do parto e início da amamentação da criança”. Diversos programas foram desenvolvidos e implantados para garantir o bom atendimento materno-infantil. Entre eles, o Mãe-Canguru é o que faz mais sucesso. “O Mãe-Canguru está transformando o hospital em referência nacional nessa metodologia pela excelência do atendimento”, orgulha-se Walter Ferreira Júnior. O programa surgiu na Colômbia, em 1979, para suprir a insuficiência de incubadoras para crianças que nasciam com baixo peso. “Sem saber, eles desenvolveram uma técnica muito eficiente. A mãe consegue manter a temperatura da criança sempre estável, além disso, transmite carinho ao bebê, o que auxilia sua recuperação”, explica a coordenadora do programa, Honorina de Almeida. Na incubadora a manipulação da criança e o ambiente são inóspitos. A criança precisa conviver com muitos ruídos e falta de aconchego, explica a coordenadora. Ivonete Oliveira mantém seu filho Vinícius preso ao corpo, 24 horas por dia, numa espécie de bolsa feita com faixas e tecido. Ela explica que ser mãe-canguru é como carregar o bebê na barriga durante a gravidez. “Só que agora eu vejo o rostinho dele”, emociona-se. “Acho que ele também se sente bem. Quando tiro do canguru, ele fica todo agitado, parece que sabe que saiu de perto da mãe”. E sabe mesmo. “A criança conhece a voz dos pais desde quando está no útero. Com o canguru, ela ouve o barulho do coração da mãe que é familiar. Se sente bem-vinda e percebe que está sendo amada”, explica Ferreira Júnior. “Acho que nem em hospital pago tem isso”, observou Rosilene Maurício, mãe-canguru dos gêmeos Kalvin e Karen, que ficou surpresa quando soube que ela e seu marido poderiam ficar com os bebês até que ganhassem peso. A comprovada eficiência do método levou o Ministério da Saúde a incentivar a implantação do programa Mãe-Canguru nos hospitais do País. Outros programas voltados à atenção materno-infantil Na área do aleitamento materno, o hospital mantém o programa de estímulo da amamentação precoce do bebê. “A nossa meta é que todas as mães, mesmo as que precisaram submeter-se à cesariana, amamentem a criança já em sua primeira meia hora de vida”, conta o diretor clínico do hospital, Didier Roberto Ribas. O hospital implantou ainda o programa de relactação, para mães que perderam o leite porque o filho ficou muito tempo na UTI, e mantém um banco de leite humano, com capacidade de pasteurização de 7,5 litros de leite materno por ciclo de duas horas. “O uso do leite materno é fundamental para o desenvolvimento da criança”, afirma Ribas. “Em nosso banco de leite, algumas mães fazem doação e aquelas que têm filhos na UTI, ou cujos bebês ainda não têm força para mamar, são ordenhadas para fornecer leite às suas crianças”. As mães, principalmente as de bebês que precisam ficar internados, recebem orientação com técnicas de amamentação. “Tive dois filhos em pronto socorro, mas lá eles não ensinaram a amamentar. E como eu achava que tinha pouco leite, acabei dando mamadeira para as crianças”, conta Rosilene. “Agora eu sei que quando o bebê suga, estimula o aparecimento do leite”. A meta do Hospital de Itapecerica da Serra, agora, é conseguir a certificação da Unicef e da Organização Mundial de Saúde como Hospital Amigo da Criança, que é reconhecido internacionalmente. Esse certificado é dado aos hospitais que conseguem seguir rigorosos passos estabelecidos pelo órgão mundial e avaliados pelo Ministério da Saúde no programa de incentivo e promoção do aleitamento materno. “Nesse hospital não existe mamadeira e é proibida a entrada de chupeta. É proibido inclusive que a mãe traga de casa”, destaca o diretor clínico, Didier Ribas. Os bebês que não conseguem mamar em suas mães01/05/2001
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