Hospital Geral de São Mateus é referência no atendimento a pessoas queimadas
Com participação ativa da comunidade, hospital mantém fórum pró-saúde e corpo de voluntários
Com participação ativa da comunidade, hospital mantém fórum pró-saúde e corpo de voluntários O Hospital Geral de São Mateus “Doutor Manoel Bifulco” é referência no atendimento a vítimas de queimaduras nas regiões da Zona Leste da Capital e do Grande ABC. Ele recebe todos os pacientes graves de hospitais e Unidades Básicas de Saúde da redondeza. A Unidade de Queimados do hospital, que existe desde 1994, foi reformada em 1999. Com isso, além de mudar de lugar, passou a contar com 18 leitos, ampliação da sala cirúrgica, sala especial para atendimento psicológico e unidades de fisioterapia e terapia ocupacional. Essa é apenas uma das mudanças pelas quais o hospital passou desde que foi inaugurado, há dez anos. De acordo com a diretora técnica, Tazue Hara Branquinho, as transformações que realmente fizeram diferença aconteceram nos últimos seis anos, durante a atual administração. “O Governo do Estado atendeu todas as nossas solicitações e também nos incentivou a trazer a sociedade para dentro do hospital e a fazer uma gestão participativa”, destaca Tazue. Agentes mirins de saúde difundem prevenção a queimaduras Referência no atendimento a vítimas de queimaduras, o hospital oferece ainda acompanhamento psicológico aos pacientes. A partir desse serviço, foi possível detectar a dificuldade dessas pessoas de se reintegrarem à sociedade, principalmente quando se trata de crianças em idade escolar. “Nessa área vemos casos chocantes. As pessoas ficam, muitas vezes, desfiguradas e têm dificuldade em retomar suas atividades”, conta Tazue. “Resolvemos, então, montar um programa para facilitar a volta dessas crianças para a escola”. Integrantes da equipe de Queimados entram em contato com a escola e com os pais explicando o que será feito. As crianças, vítimas de queimaduras, recebem uma espécie de treinamento, tornando-se ‘agentes mirins de saúde’. “Elas são orientadas a contar para os amiguinhos, em uma espécie de aula, o que aconteceu. Desde o acidente até o tratamento que receberam no hospital, as cirurgias e os curativos”, explica a diretora. “Essas crianças levam também a mensagem, com suas próprias palavras, de como prevenir acidentes como os que sofreram”. Em quatro meses de atividade, a mensagem de prevenção foi levada a 18 das 40 escolas da região. “Já pudemos perceber que houve diminuição de casos de crianças vítimas de queimaduras. Acho que vendo e ouvindo uma criança, as outras entendem melhor a que perigos estão expostas”, acredita Tazue. Reformas e equipamentos conquistados durante o Governo Covas Além das mudanças na Unidade de Queimados, de 1995 para cá, o hospital, que conta com 209 leitos, passou por reformas no Pronto Socorro e construiu uma nova Unidade de Terapia Intensiva (UTI). A antiga funcionava em dez enfermarias comuns adaptadas, o que dificultava a assistência contínua que os doentes dessa área precisavam. 'Com a reforma nessa área, os pacientes passaram a ser melhor assistidos”, conta Tazue. A ampliação da área de espera do Pronto Socorro proporcionou mais conforto aos usuários. Em alguns meses, o hospital, que recebe aproximadamente 17 mil pessoas por mês no Pronto Socorro, chegou a atender cerca de 25 mil pessoas. “Era um reflexo do sistema de saúde, onde a atenção primária não funcionava bem”, esclarece a diretora. O hospital recebeu ainda um equipamento de ultra-sonografia e uma ambulância para a UTI. O sistema de ar da UTI também foi trocado por outro mais moderno e mais seguro. “Acredito que poucos hospitais públicos tenham uma UTI climatizada (com ar tratado) como a nossa”, orgulha-se a diretora. Participação ativa da comunidade A participação ativa da comunidade é outro diferencial do hospital, que tem atualmente mais de cinqüenta voluntários e mantém um canal aberto com a sociedade, por intermédio do Fórum Pró-Saúde. Também realiza periodicamente pesquisas de opinião com os usuários e os funcionários. Esta semana, a unidade está promovendo uma série de eventos para festejar seus dez anos de funcionamento. Os voluntários, tanto internos quanto externos, recebem treinamento durante três meses no próprio hospital. “Nós orientamos os colaboradores a oferecerem apoio aos pacientes sem interferir no trabalho dos médicos e enfermeiros”, afirmou Tazue. Para a diretora, um dos benefícios dessa participação foi a mudança que promoveu no ambiente. “São pessoas que não ganham nada, mas distribuem sorrisos. Isso contagia a todos os funcionários. É só andar pelos corredores para perceber”, orgulha-se Tazue. A dona de casa Gildaia Felipe Maia Rocha é uma das voluntárias mais ativas da unidade. Ela participa tanto do grupo interno – que oferece apoio aos pacientes –, quanto externo, onde visita as mães que deram à luz no hospital até que comecem a receber acompanhamento médico nas Unidades Básicas de Saúde. “Tentamos fazer o paciente internado se sentir melhor onde está. Ouvimos o que ele tem a dizer, brincamos com as crianças e lemos para os idosos”, conta Gildaia. “Já nas visitas às mães, procuramos orientá-las sobre amamentação, vacinação do bebê, higiene e até sobre seus direitos. Somos sempre muito bem recebidas”. A comunidade também trabalha com a direção do hospital. Uma comissão formada por entidades religiosas e lideranças locais, o Fórum Pró-Saúde, reúne-se mensalmente, desde 1997, com a administração do hospital. O grupo tem acesso a informações, como orçamento anual, gastos e movimentação de recursos humanos. Esses encontros também servem de canal para sugestões e queixas. De acordo Tazue, esse trabalho conjunto já resultou em melhorias para a unidade. “O equipamento de ultra-sonografia e a ambulância da UTI que temos hoje foram algumas das reivindicações da comunidade”, lembra a diretora. As pesquisas de opinião dos usuários, feitas a cada dois meses em horários de bastante movimento, são aplicadas por integrantes do Fórum e voluntários, para evitar constrangimentos em casos de reclamação. A partir dos resultados das pesquisas são montados os treinamentos que são dados aos funcionários e feitas algumas modificações no hospital. “Uma de nossas pesquisas detectou falta de orientação dos vigilantes. Levamos o caso adiante e a empresa que os contrata ofereceu treinamento. A pesquisa seguinte já não apresentou o mesmo problema”, contou a assistente técnica de saúde, Marilsa Rosa Gonçalves. “Essas pesquisas também foram responsáveis pela colocação de bebedouros e bancos em locais de grande concentração de usuários. Tudo isso proporciona mais conforto aos que nos procuram e qualidade ao nosso atendimento”. A diretora do hospital ressalta que sugestões, queixas e reclamações são sempre bem vindas e que os usuários não precisam esperar as pesquisas. “Estamos sempre dispostos a ouvir. Temos um livro de registro de reclamações que é lido diariamente e quem quiser, pode procurar a administração e registrar sua sugestão a qualquer momento”, afirmou. “Em todos os casos de reclamação, procuramos o usuário para informá-lo das medidas adotadas naquele caso”. Já as pesquisas com funcionários tem o objetivo de apontar as necessidades no ambiente de trabalho. “Freqüentemente esbarramos na questão da auto-estima”, afirmou Tazue. Para minimizar esse problema, a diretora oferece aulas de Lian Gong – um exercício de origem oriental. “Para ficar bem, as pessoas precisam mexer o corpo, dar mais atenção a elas mesmas”, disse. A diretora também montou dois treinamentos para que os funcionários pudessem melhorar a auto-estima e, com isso, desempenhar melhor suas atividades. “Quando o funcionário aprende a gostar dele mesmo, fica mais fácil gostar do paciente”, acredita03/16/2001
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