Ideli Salvatti nega que tenha usado sua influência política para favorecer entidade em Santa Catarina
"Não tenho compromisso com o ilícito", foi como reagiu a líder do PT no Senado, Ideli Salvatti (SC), tão logo tomou conhecimento de reportagem publicada pela revista Veja desta semana, a qual acusa a senadora de usar influência política junto ao Palácio do Planalto para repassar, entre maio de 2003 e março de 2007, R$ 5,2 milhões à Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar da Região Sul (Fetraf-SC) a título de promover cursos de treinamentoprofissional.
Segundo a reportagem, a Polícia Federal levanta suspeitas de que parte desse dinheiro foi usada para bancar campanhas políticas de aliados petistas da senadora em Santa Catarina, e que, para justificar os gastos, dirigentes da federação teriam falsificado planilhas e criado "alunos-fantasma". O que chama a atenção, de acordo com a revista,é que os principais envolvidos na suposta fraude, "são correligionários, amigos ou assessores da senadora".
Em nota à imprensa divulgada no último domingo (30), com duas páginas, Ideli Salvatti garante que a sua atuação parlamentar por Santa Catarina é marcada pela defesa da agricultura familiar, responsável por 70% da produção de alimentos no país e por 40% das exportações dos produtos agrícolas. "Assim, minha relação política é com todo o setor agrícola no estado e no país e não apenas com a Fetraf-SC", diz.
Na nota, Ideli afirma que nunca apresentou emendas ao Orçamento em favor da Fetrac-SC, "mas, sim, emendas para fortalecer a organização dos agricultores familiares para ampliarem a sua capacidade produtiva". Ela pede ainda que seja punidos aqueles que tenham cometido qualquer tipo de desvio de recursos públicos, originários de 18 convênios entre aquela federação e os ministérios do Desenvolvimento Agrário, do Trabalho e Emprego e da Agricultura,Pecuária e Abastecimento, além da Secretaria Especial de Agricultura e Pesca, que também tem status de ministério.
Ideli também estranhou que o assunto, apesar de ter sido divulgado há vários meses pela imprensa catarinense, retorne ao noticiário, "sem que qualquer vinculação fosse feita entre a investigação e minha atuação". Mas admitiu que, dada a sua influência no setor, é natural a ligação dela com lideranças da agricultura familiar. Citou como exemplo que, com o intuito de viabilizar projetos no setor, manteve relações com diversas entidades que organizam os agricultores e com diversas prefeituras que têm na agricultura familiar sua base econômica.
"Também é natural o relacionamento dos meus assessores com todas as lideranças da agricultura familiar. Por isso mesmo, algumas delas têm atuado com meu apoio e me apoiado na ação parlamentar no estado, inclusive no meu gabinete. Mas, definitivamente, isso não implica que eles tenham qualquer participação em supostas ilegalidades perpetradas para o desvio de recursos públicos", completa a senadora, ainda na nota à imprensa.
As denúncias contra a líder do PT coincidem com a instalação da comissão parlamentar de inquérito (CPI) das ONGs, prevista para esta quarta-feira.01/10/2007
Agência Senado
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