Imprensa Oficial e Museu Lasar Segall lançam livro/catálogo da "Navio de Emigrantes"



Lançamento acontecerá nesta sábado, 23

A tela Navio de Emigrantes (1939/41) é considerada a maior criação de Lasar Segall. Junto com desenhos, gravuras, esculturas, fotografias e documentos, a pintura resulta do olhar do artista ao cruzar o Atlântico em 1912 para fixar residência no Brasil. Até fevereiro de 2009, todo este conjunto poderá ser visto no Museu Lasar Segall e, no sábado (23), ganhará um livro/catálogo editado pela Imprensa Oficial do Estado de São Paulo. Com imagens da obra, fotos do artista, os bastidores da criação, esboços e textos, o livro Navio de Emigrantes será lançado a partir das 17 horas na sede do museu (Rua Berta, 111, Vila Mariana, São Paulo, (11) 5574-7322).

A edição do livro/catálogo foi coordenada por Vera d´Horta, uma das organizadoras da mostra, com textos de Jorge Coli, Paulo Sergio Duarte e Moacyr Scliar. Registra as várias dimensões simbólicas da obra do artista, a iconografia da nave dos despossuídos e os processos migratórios na história, tão bem representados por Segall, que  antecipou um tema presente na literatura, na arquitetura, nas artes plásticas, na música, no cinema, e que se estende até os dias de hoje.

Na análise de Jorge Schwartz, diretor do Museu Lasar Segall, as máscaras e o silêncio que emanam dos rostos do “Navio de Emigrantes” revelam a tragédia de uma travessia, do Velho para o Novo Mundo: “Uma multidão de anti-heróis que ocupa, na quilha do navio, grande parte da superfície da tela.” Schwartz também destaca a atualidade da obra: “Esse interesse pela imigração é reforçado por corresponder a algumas das questões centrais das teorias críticas contemporâneas, em que fenômenos como cruzamentos de fronteiras, trocas e mediações culturais, a localização da cultura e de seus agentes, processos de seleção e exclusão, são enfatizados em um mundo que alimenta um impasse entre a mobilidade de massas humanas e o conceito de nação que perdura”.

O escritor Moacyr Scliar, em seu texto, ressalta que a necessidade fez com que judeus e outros povos fossem obrigados a emigrar, uma decisão difícil porque só no começo do século XX cerca de 60 milhões de pessoas deixaram a Europa. E esse processo era muito sofrido, conforme seu registro: “Os navios de emigrantes nada tinham em comum com os transatlânticos de luxo usados pelos turistas. Eram cargueiros, onde os emigrantes eram amontoados em porões sem espaço, sem condições de higiene, sem  alimentação decente.  Os emigrantes sabiam, antes de Fernando Pessoa, que navegar é preciso, principalmente quando se navega em direção ao sonho”.

Para Jorge Coli, os emigrantes de Segall são vistos do alto e de longe, como se o pintor houvesse instalado seu cavalete no imaginário cesto de alguma gávea. “A luz que banha o Navio de Emigrantes é clássica, no sentido em que se mostra universal e homogênea. Cada um dos pequenos personagens tem a sua mesma dose comum de claridade um pouco morna. O pintor não diverte o olhar com cores, com reflexos sutis. Escolhe alguns poucos tons surdos, dominados pelo marrom e pelo cinza”.

Navio de Emigrantes

Organização: Vera d´Horta

Imprensa Oficial do Estado de São Paulo/Museu Lasar Segall

Preço: R$ 60,00

(M.C.)



08/21/2008


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