Inácio Arruda propõe Ano Nacional Patativa do Assaré



Tramita na Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE) projeto (PLS 302/08) do senador Inácio Arruda (PCdoB-CE) que institui 2009 como Ano Nacional Patativa do Assaré, com a finalidade de comemorar o centenário do nascimento do violeiro e cantador cearense. O poeta nasceu a 5 de março de 1909 na Serra de Santana município de Assaré, onde foi batizado com o nome de Antonio Gonçalves da Silva. Morreu aos 93 anos, em 2002, conhecido em todo o Brasil como "Patativa do Assaré".

"A instituição de um "Ano Nacional" dedicado a figuras públicas notáveis tem sido uma das maneiras de se prestar o devido reconhecimento a brasileiros de destaque, a exemplo do que aconteceu com Santos Dumont, em 2006, e Machado de Assis, em 2008", lembrou Inácio Arruda ao justificar sua proposta.

O senador também apresentou requerimento propondo sessão especial do Senado para comemorar o centenário do poeta cearense. Inácio Arruda também foi autor da proposta de comemoração dos cem anos de vida de Oscar Niemeyer, em 2007, com sessão especial a qual contou com participação e discurso do arquiteto transmitido por videoconferência.

O parlamentar pelo Ceará afirmou que embora Antonio Gonçalves da Silva tenha sido repentista, improvisador, compositor, e autor de livros de cordel, a denominação "poeta" define Patativa do Assaré, nome com o qual ficou conhecido e assinou suas obras. Além das gravações com a própria voz, Patativa do Assaré teve seus versos interpretados por Luiz Gonzaga e Raimundo Fagner, conforme lembrou o senador.

Entre as obras musicais mais conhecidas de Patativa do Assaré, Inácio Arruda registra A triste partida, gravada em 1964 por Luiz Gonzaga, que constitui "um verdadeiro tratado sociológico, econômico e psicológico da saga do migrante, com uma conclusão profética e ousada para a época: é triste o nortista/ tão forte e tão bravo/ viver como escravo/ no Norte e no Sul".

Antônio Gonçalves da Silva, contou o senador, teve uma escolaridade formal mínima - seis meses -, o que não o impediu de se tornar leitor dos maiores clássicos da literatura em língua portuguesa. Camões, Gonçalves Dias, Casimiro de Abreu, Castro Alves, Juvenal Galeno estiveram entre suas fontes de inspiração.

"Aos treze anos, já compunha versos para divertir familiares e vizinhos; aos dezesseis, tornou-se violeiro e cantador em festas e celebrações religiosas; aos 21 anos, migrou para Belém do Pará, onde se destacou e ganhou a alcunha - Patativa do Assaré - que o acompanharia para o resto de seus dias e se prolongaria para muito além, por meio de sua obra", lembra ainda o senador.

Inácio Arruda disse que a projeção maior de Patativa do Assaré só ocorreu em 1956, com a publicação de Inspiração Nordestina. Outras coletâneas foram editadas, respectivamente, em 1966, Cantos do Patativa, e 1970, Patativa do Assaré. Mas foi com Cante lá que eu canto cá (1978) que se deu o maior reconhecimento de sua genialidade, segundo destaca o senador.

Inácio Arruda diz ainda que outra canção conhecida é Vaca Estrela e Boi Fubá, gravada por Raimundo Fagner, em 1980, a qual, num tom melancólico, celebra as raízes nordestinas de um migrante. Nas três últimas décadas de sua vida, Patativa do Assaré participou de inúmeros congressos universitários, declamou para platéias em feiras e em teatros do País e recebeu homenagens, como a Medalha José de Alencar, em 1995, disse o senador.

"Ao dedicar um ano a Patativa do Assaré, o Brasil estará celebrando a mais autêntica forma de manifestação da arte popular brasileira", segundo Inácio Arruda. Ele diz ainda que o Senado deverá realizar, em parceria com a Casa do Ceará, uma exposição de objetos pessoais de Patativa do Assaré e também realizar várias apresentações musicais.



10/02/2009

Agência Senado


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